terça-feira, 22 de dezembro de 2015

BANIF: PORQUE NÃO A NACIONALIZAÇÃO OU A FALÊNCIA?

1 – Nos últimos dias, *a salvação* do banco BANIF está na ordem do dia da comunicação social portuguesa.

O actual primeiro-ministro, António Costa, em declarações  solenes de pose, na noite de segunda-feira, afirmou mesmo, no final de uma reunião entre os seus ministros e, eventualmente, banqueiros (não sabemos com que se encontrou, pois não explicou): salvar a actividade do BANIF exigiu o avanço de mais de 2,25 mil milhões de euros, dos quais 1,76 mil milhões chegam directamente pelo Estado, o que vai elevar para 2,4 milhões de euros a factura passada aos contribuintes (DN 20 Dez).

Mas qual a pressa em *salvar* o BANIF?.

O *interesse público*, preconizado pelo actual governo?.

Balelas.

A questão é, pois, a *salvação* do capital financeiro. Não só português, mas acima de tudo europeu.

E não venham com argumentos do «mal menor» e das restrições provindas de Bruxelas.

Lá, como cá, o que se deve por em causa é o domínio do lumpen grande capital financeiro especulador. 

2 – O que este processo de «salvação» bancária veio mostrar à saciedade, ao longo destes últimos anos, é que o domínio do poder político está nas mãos de um sector específico da grande burguesia: a financeira.

E o actual governo se realmente estivesse interessado em colocar em marcha uma verdadeira política de esquerda, não submissa ao capitalismo de Bruxelas, colocaria apenas uma de duas hipóteses: ou nacionalizava o BANIF e, em seguida, o Novo Banco, ou deixava que o primeiro ficasse entregue ao seu destino, sem recapitalização, o que levaria aquele capitalismo a inverter toda a sua arrogância perante o Estado.

E colocaria os tiranetes de Bruxelas no seu devido lugar.

Certo. Mas quem emprestaria depois o dinheiro? Questionariam os habituais propagandistas do poder capitalista.

O actual governo, se quisesse comportar-se como anti-capitalista, com os próprios partidos ditos de «esquerda» que o suportam, tinham a seu favor a força dada pelo capital político que ganharam: teriam de actuar, pois, em posição de força e, se assim fizessem, obrigariam a burguesia financeira, para sobreviver no mínimo, a reforçar os bancos públicos, e deste modo, a reforçar o controlo estatal de todo o sistema bancário.

Como não vão fazer isso, terão de se submeter aos ditames do poder dominante. 

O défice publico vai aumentar, os impostos e taxas sobre os trabalhadores vão crescer.

E se tal ocorrer o sonho de um «governo de esquerda» transformar-se num pesadelo semelhante ao da Grécia actual.




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