domingo, 13 de setembro de 2015

AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES NA EUROPA DEVEM SERVIR PARA FORJAR UMA NOVA CONSCIÊNCIA COMUM DE RUPTURA POLÍTICA


1 – O poder estatal, actualmente, no Mundo - seja qual for a potência ou o vulgar país ou Nação capitalista, desde os Estados Unidos a China, passando pela União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Coreias, Cuba, Brasil, Argentina, México, África do Sul, e acabando no rol de médios e pequenos territórios, desde África à América do Sul, incluindo Próximo, Médio e Extremo Orientes -  tornou-se o centro de toda a devassidão, podridão, corrupção e crimes económicos, políticos e militares.

Seja através de eleições, seja sob a forma de regimes ditatoriais, de capitalismo liberal ou de Estado, toda a estrutura societária terrena está envolvida pelo poder do Capital.

Quer seja nos Estados Unidos da América, quer na Rússia, China, Índia ou outro Estado, de maiores ou menores, dimensões, em parceria político-militar ou não, ou como potências de economia altamente desenvolvida, essa estrutura societária, ainda que, dividida por Nações em concorrência, agem como poderes estatais imperialistas.

São poderes estatais que, na sua forma de governação, exploram as suas classes trabalhadoras em nome do capitalismo. 

 
O capitalismo financeiro só traz corrupção e devassidão

E, essa exploração atingiu a forma de escravatura moderna ultramontana, quando o domínio de toda a sociedade mundial, na sua extensão, foi logrado pelo lúmpen capital financeiro.

Embora se verifique uma concorrência interestatal, que pode levar a formas de violência inseridas em prováveis guerras de grande envergadura, regista-se, todavia, que a subjugação desse sector da grande burguesia ultrapassa as fronteiras, controlando a banca internacional, as bolsas, as matérias-primas, a alimentação, a alta tecnologia e a indústria de ponta, agricultura.

Um traço comum, na actualidade, a todos os Estados, com o ascenso, sem qualquer repartição na restante burguesia, desse sector, é a *asfixia* total que exerce sobre eles, levando-os à míngua financeira, de modo sempre crescente.

O estado actual de qualquer sociedade nacional é a dependência das governações públicas ao esbulho dessa lúmpen grande burguesia.

Vivemos, seja qual for a divergência entre potências, na fase mais aguda do imperialismo.

Não há possibilidade dentro deste domínio do poder de Estado de estabelecer um equilíbrio dos orçamentos.

Esta avassaladora conjugação do imperialismo, que trucida a vida dos assalariados, contudo, não se traduz numa resposta dos mesmos, rompendo, revolucionariamente, com essa situação.

Mas, essa resposta, a revolução, com um novo poder, é, justamente, a única via capaz de ser mudar o Mundo, tal como a História nos tem demonstrado.

2 – Esta fase de período eleitoral e/ou referendário em grande parte da Europa, incluindo Portugal, deve ser aproveitada para reflectir sobre a situação económico/política.

Porque não surgiu na segunda metade do século XX uma revolução socialista de envergadura, período que conduziu, justamente, a uma super exploração capitalista?

O retrocesso causado, no seio das classes trabalhadores pelas derrotas das Revoluções russa de 1917 e chinesa de 1949, conduziu a um adormecimento e amorfismo nos ímpetos revolucionários.

Paulatinamente, ao longo da segunda metade do século XX e na primeira década do XXI, desapareceu dos programas dos partidos e forças políticas que se diziam socialistas ou comunistas a explanação da necessidade de uma revolução fora do espartilho dos regimes estabelecidos.

Precisamente, nesse espaço de tempo, o poder capitalista liberal teve um desenvolvimento económico substancial, nos planos industriais, agrícolas, e mesmo no incremento de novas tecnologias, que, em grande medida, suplantaram o poder de capitalismo de Estado, prevalecente na antiga URSS, China, Cuba, entre outros, levando-os a sua desagregação ou empurrando-os para soluções ditatoriais, com a implantação em crescendo da *economia de mercado*.

O levantamento de Praga de 1969 mostrou a fraqueza do capitalismo de Estado

Verificou-se, pois, na realidade, uma calma dentro dos principais países capitalistas, mais avançados, que permitiu ao capitalismo, como um todo, prosperar, nesse tempo, sem sobressaltos de maior.

Esta calma no interior dos grandes Estados capitalistas foi utilizado por eles para fazerem explodir guerras no seu exterior, cujo objectivo principal foi o controlo de matérias-primas e os imundos fabulosos negócios de armas.

Na fase final do século passado, e, na primeira década do actual, fermentou a ideia em sectores mais avançados das classes trabalhadoras, que desaparecera a possibilidade de surgir uma revolução face ao peso esmagador de um pretenso domínio absoluto inamovível dessa grande burguesia financeira desclassificada.

3 – Todavia, a implantação arrogante e ostensiva do lúmpen capitalismo financeiro, com as suas descaradas corrupções e criminosos roubos do tesouro público em todo o mundo, escandalosa e despudoradamente, surgida à luz do dia, primeiro, com a crise de 2001 e, em seguida de 2007/08, tem criado condições para fazer irromper uma nova chama de mudança.

Presentemente, está mais visível que o empobrecimento generalizado das classes trabalhadoras em todo o mundo está associado ao enriquecimento rapace e sem vergonha dessa grande burguesia, que utiliza, sem qualquer pudor, o aparelho de Estado e os governos, formados por seus lacaios.

Os massacres imperialistas – Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Turquia, Arábia Saudita - na antiga Jugoslávia, no Iraque, no Afeganistão, no norte de África e no Médio-Oriente, estão a dar condições a uma nova movimentação dirigida para afastar esse sector classista inútil e prejudicial à evolução da sociedade mais justa.

The Yugoslav Army Headquarters building hasn't been rebuilt after being damaged by cruises missiles in April 1999 during NATO's bombing of Serbia over Kosovo. Belgrade (AFP Photo)
O bombardeamento *humanitário* de Belgrado

4 – Regista-se nos últimos anos o nascimento de um movimento, titubeante, oscilatório entre o entusiasmo e o cepticismo, em toda a Europa que procura romper com o actual estado de coisas dentro do sistema capitalista vigente.

Na realidade, é preciso acompanhar esse movimento, com métodos de esclarecimento, de utilização das liberdades burguesas, incluindo o trabalhos políticos nos Parlamentos instituídos.

Mas ele ficará limitado à partida, se não assentar numa visão clara e sem rodeios de que é necessário um programa de ruptura revolucionária com a situação existente.

Ou seja, é necessário separar, claramente, os programas revolucionários dos programas sociais-democratas.

Tal como a História nos tem demonstrado, ao longo destes dois séculos de luta constante contra o poder capitalista, este só tremeu quando os revolucionamentos se deram sobre a orientação precisa de uma teoria de ruptura, que seja reconhecida em grande parte das sociedades mais avançadas e alvo de grandes convulsões internas.

E, tal facto somente sucedeu quando os partidos e forças políticas abandonaram os programas de alianças inter-classistas, metidos nos seus *feudos* territoriais, e se reuniram para avançarem na luta sob uma perspectiva única de um programa socialista de carácter global.

Ora, este caminho que é lento, deve no entanto ser encaminhado, rapidamente, para esta via.

Na Europa, esse caminho pode ser utilizado pelas eleições e outros actos de agitação política que estão surgindo – e à mercê – de um número crescente de massas exploradas.

Apesar da crise social que percorre a União Europeu, o centro de actividade política mais avançado no Mundo continua a ser esse mesmo espaço.

É aqui que estão em desenvolvimento as fases embrionárias de uma mudança que se avizinha; é aqui que começam a existir movimentações dos explorados em larga escala; é aqui finalmente que desabrocham sintomas de que poderão haver, em tempos próximos, convulsões revolucionárias de grande envergadura.

Finalmente, é aqui que essas massas exploradas estão a exigir uma resposta comum programática para pôr termo à crise social que mina o velho regime europeu.

É, justamente, na Europa que existe a experiência histórica concreta que a alternativa ao Estado imperialista está na revolução (Comuna, Revolução soviética, Revolução Spartaquista-Alemanha, Revolução húngara). 
  




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