sábado, 13 de junho de 2015

A FIFA; A CORRUPÇÃO E A GEOPOLÍTICA

1 – Aplaude-se sempre quando uma estrutura, um país, um juiz ou um jornal coloca a nu um esquema monumental e internacional de corrupção.

O que foi denunciado, agora, na FIFA, partindo dos EUA, pode merecer o aplauso generalizado das grandes instituições jornalísticas internacionais.

É real e verdadeiro.

Mas, tal facto é só um aspecto da questão.
Um jornalista tem de remexer no entulho. 

Tem de questionar razões...

Mas, ninguém questionou até agora, onde se centra, realmente, o *vespeiro* da corrupção da FIFA.


Iremos argumentar e ditar dados.

É a maneira mais justa de verificar a razão da denúncia dos EUA, e, essencialmente, porque esse país se excluiu do processo, melhor dizendo tenta fazer obscurecer os verdadeiros propósitos.

2 - Dois dias antes de começar um Congresso da FIFA (Federação Internacional de Futebol) – 29 de Maio - num imenso espectáculo mediático, a actual Procuradora-Geral da Justiça dos Estados Unidos da América, Loretta Lynch, que apenas tomou posse do cargo a 27 de Abril findo, lançou uma acusação, em larga escala, sobre a existência de corrupção nas estruturas dirigentes e associadas daquela instituição do futebol.

(Curiosamente, a senhora Lynch, que pertenceu a um dos maiores escritórios de advogados de negócios norte-americanos, que defende, essencialmente, o capital financeiro, a Cahill Gordon & Reindel, não acusou judicialmente nenhum dos grandes bancos e companhias de seguros que estão envolvidos nos processos fraudulentos e criminosos que os dirigentes da FIFA utilizaram, abertamente e com seu perfeito conhecimento.



Também, por curiosidade e coincidência, o único dirigente da FIFA norte-americano (estou a falar de dirigente de topo!!!), enquadrado pela Procuradora-Geral de Justiça, Loretta Lynch, como acusado é o *informador* milionário do FBI Chuck Blazer. Significativo, não é?).

Ora, o FBI, extravasando a sua jurisdição nacional, mandou prender 14 responsáveis e assessores da FIFA, todos eles não cidadãos norte-americanos, excepto o magnate senhor Blazer, que estava infiltrado na estrutura policial dos EUA, pelo menos, oficialmente (FBI dixit)desde 2011.

Na realidade, já era o homem forte nos EUA da FIFA, pois desde Abril de 1990 até Dezembro de 2001, foi o  secretário-geral da CONCACAF, uma estrutura poderosa que controlava o futebol profissional na América do Norte, Centro e Caraíbas, sabendo, já nesta altura, a justiça norte-americana que Blazer era um agiota que vivia da corrupção na FIFA.

Foi, aliás, então acusado de fraude.

(Convém recordar que, em 1994, os EUA organizaram o Campeonato de Mundo de Futebol, situação que foi considerada como *obscura*, e, eventualmente fraudulenta, já que os Estados Unidos nem um campeonato nacional interno conseguiam organizar, nem enquadramento futebolistico profissional transparente existia, em extensão, no país.

Por curiosidade, a Procuradora-Geral e o FBI não mencionaram este campeonato, nem como surgiu o assentimento à candidatura).

3 – Temos então a senhora Loretta Lynch, no cargo de Procuradora há meia dúzia de dias, natural e perfeitamente (não é ironia, é verdade, os crânios americanos são assim!!!) a par do que se passava no interior da FIFA, há dezenas  de anos, centrado nos negócios fraudulentos e criminosos dos grandes bancos norte-americanos, que acrescentavam mais-valias à custa da corrupção em torno da grande malandragem que *escondia* os subornos, com o conhecimento do FBI, no interior dos Estados Unidos da América.

Façam a análise e contraponham os factos e deixem de lado a estória de carochinha...do FBI campeão anti-corrupção.

Procuradora e FBI culparam, de uma assentada, 14 responsáveis e assessores ligados ao *marketing* desportivo da FIFA.

A justiça norte-americana conhecia esta teia criminosa, há vários anos, mas esqueceu-se de revelar os nomes e prender os administradores das principais instituições bancárias dos EUA, como o JP Morgan, Chase Manhattan e Citigroup, que, selectamente, receberam os depósitos dos subornos e os utilizaram na sua política económica.


Lançaram Lynch e o FBI que os subornos se *circunscreviam* nos bancos norte-americanos a 150 milhões de dólares.

Curiosidade: um dos visados – e só ele - prontificou-se a devolver a módica quantia de 151 milhões de dólares. Porquê?.

Não bate a bota com a perdigota.

No relatório de acusação, fala-se, segundo a imprensa norte-americana, em 26 bancos envolvidos...

Ora, são muitos bancos para uns míseros 150 milhões!!!

3 – O circo mediático da Administração Obama, via Lynch e FBI, na ante-véspera do Congresso da FIFA, virou-se, politicamente, para onde?

Em política, o que surge em determinada altura tem objectivos precisos que a servem.

Assim sucedeu com a denúncia da corrupção no topo da FIFA.

Para os actos fraudulentos e criminosos das suas *impolutas* instituições de crédito ?.

Não: viraram-se, como já fizeram com a crise financeira de 2007/2008, para o que pensavam ser o ele fraco na luta contra os efeitos da mesma, a UE, que estava de mãos e pés atados, porque, por um lado, tinha o seu sistema bancário controlado pelas multinacionais do sector, sediadas nos EUA;

por outro, a UE não tinha capacidade militar e diplomática unificada para fazer frente à artimanha do lobby judaico de Wall Street, que está na prática a destroçar, progressivamente a UE.

Agora, surge este caso de corrupção na FIFA, que é real, num emaranhado multinacional, que atinge proporções assustadoras, mas atingem apenas corruptos intermediários.  

Os beneficiários principais são os bancos norte-americanos –então, *cospem para o lado* e concentram-se fora dos EUA;

Claro que, em parte na Suíça, mas igualmente na América do Sul e na Europa.

Ora, este Congresso da FIFA, além das suas eleições, tinha um ponto central e *delicado* para a geoestratégia norte-americana, a confirmação da efectivação do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018, que está programado para a Rússia.

E, na minha opinião, a denúncia visa essencialmente a questão geopolítica;

por um lado, evitar que o Campeonato tenha lugar na Rússia,minando a perspectiva de uma possibilidade de maior participação política da Rússia de Putin na arena internacional;


por outro congregar os seus aliados europeus – e especialmente estes – em torno das pretensões de hegemonia norte-americana, que necessitava de fazer valer a sua política anti-russa na cimeira dos G-7, que teve lugar dias depois na Alemanha, com todo o serventualismo dos partidos capitalistas actualmente no poder (Populares e Socialistas).

Na realidade, depois das sanções anti-russas, ditadas de Washington, os países da UE estão a ser os mais prejudicados da retaliação de Moscovo, e, fissuras começavam a surgir na chamada coligação EUA/NATO, e, a administração Obama actuou, humilhando a Alemanha e a própria França, amarrando-os ao redil do capital financeiro de Wall Street.

Claro, que nem tudo correu bem, porque nesse período, o Papa católico, interessado nos negócios com a Rússia,recebeu com gala e circunstância o Chefe de Estado da Grande Rússia.

Com esta pressão constante, os EUA procuram comprometer, directamente, os Estados europeus numa guerra contra a Rússia, (ficando eles de fora), através do acirramento nas contradições étnicas e linguísticas da Ucrânia, que voltam a recrudescer em força, depois dos EUA rearmarem fortemente Kiew.

4 – Claro que as denúncias do FBI, acobertadas pela senhora Lynch, igualmente tem um objectivo, embora secundário, de mexer com a relação de forças no interior da FIFA – mudança esta que se relaciona essencialmente com os valores monetários e financeiros que movimenta a estrutura futebolística.

(Alguns dados reveladores: o Mundial de Futebol de 2014 – Brasil – deu de receita à FIFA mais de 4,7 mil milhões de euros. Para onde foi uma parte significativa deste dinheiro?)

Temos de nos focar na chamada candidatura alternativa ao suíço Joseph Blatter.

(Blatter veio a subir na FIFA pela mão do agente da ditadura brasileira João Havelange, que tinha a cobertura dos EUA, para o desenvolvimento dos seus negócios, que se iniciou por volta de 1975.

Com o afastamento de Havelange, Blatter vai ter um papel destacado nas negociações da Taça do Mundo da FIFA e na reestruturação do formato comercial do evento até o ano de 2006).

Claro que os dirigentes e assessores de Blatter, incluindo os membros proeminentes da UEFA, como Michel Platini, que eram necessários para que os processos de corrupção se efectuassem dentro do *núcleo duro*, despejavam os dinheiros nos bancos norte-americanos, mas os principais centros de negócios e poder estavam localizados na Europa.

O Congresso da FIFA de 2015 parecia pender para reforçar a estrutura de Blatter, perante uma candidatura, aparentemente, surgida do nada, de um príncipe jordano de Ali bin Hussein, irmão (aliás meio-irmão) do actual rei da Jordânia Abdullá II.

O curioso é que o *capo-mor* da UEFA o apoiava – o velhaco Platini estava a apostar num cavalo errado ou a orientação era outra?.

Qual é o verdadeiro curricullum deste príncipe Ali?

Esteve na Academia Militar inglesa de Sandhurst, saindo oficial em 1994.




Como responsável dos serviços secretos em vista à NATO

Foi fazer estudos nos EUA e no regresso entrou nas forças especiais jordanas.

Foi escolhido para chefe da segurança especial do irmão rei, que lhe permitiu formar e ser presidente do Centro Nacional de Segurança e Gestão de Crises (vulgo serviços secretos).

Ora, estes serviços secretos são dependentes, como a realeza jordana do controlo e financiamento dos Estados Unidos.

Blatter que venceu no Congresso, verificou que forças poderosas, que conheciam o seu passado – e essas forças estão nos EUA – iriam trucidá-lo.

Demitiu-se e convocou um Congresso extraordinário, sublinhando que iria tentar redimir-se e controlar as investidas que, certamente, virão do outro lado do Atlântico e dos bancos de Wall Street.

Pode ser uma piedosa missão, certamente levada ao fracasso.

Uma coisa é certo o príncipe jordano, dos serviços secretos, sustenta que se vai recandidatar.

Naturalmente, encoberto, em nome dos Estados Unidos da América.

Veremos o que vai acontecer nos próximos meses.



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