sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O FRUGALIDADE VERSUS A USURA: A DUPLA LINGUAGEM DO PAPA FRANCISCO

1 – O Papa Católico Apostólico Romano, de nome Francisco, tem feito no seu primeiro ano de reinado temporal um enorme exercício manipulador de propaganda, para fazer crer aos seguidores, em dúvida, que a sua política assenta na instituição da pobreza, e na procura da humildade.

O dinheiro e a usura estão longe da sua Cúria Romana. Acredite que quer.

A 7 de Julho de 2013, o argentino Jorge Mario Bergoglio, apelidado de 266º Papa da Igreja Católica Romana, e, nesse ano, elevado ao cargo material de Chefe de Estado do Vaticano lançou, melifluamente, a frase: "A crise que estamos a viver é a crise da pessoa, que já não conta, só o dinheiro conta."

Pura linguagem de manipulador.

Como se tal desiderato estivesse fora das 

portas da Santa Sé e das acções gananciosas 

dos seus hierarcas (cardeais, arcebispos, 

bispos, monsenhores e leigos encartados, 

alguns mafiosos, defensores do lucro do Vaticano). 

Eles, na realidade, são os anjinhos ingénuos, 

dixit Francisco.

Com as mãos cruzadas e a linguagem estudada de milhares de anos de prática de sórdida dupla face, mascarada com a alienação palavrosa da bem aventurança e do servir *o bem*.

Ele, Jorge Mario Bergoglio, que foi superior jesuíta e hierarca católico de topo na Argentina dos generais ditadores, onde engordou os negócios do catolicismo, procura, agora, qual Houdini do ilusionismo, afirmar, na sua retórica, de chefe do maior centro económico internacional, que se transformou no maior praticante do despojamento material...

Jorge Mario Bergoglio usa a maviosa artimanha da descarada retórica do bonzinho, do homem simples, para levar papalvos a acreditar que chefe do maior centro de poder económico internacional, gostaria de viver a mendigar.

Oh, la, la.

Sem corar de vergonha, nem bater com a cabeça contra a parede de tanta hipocrisia.

Dias antes de ter proferido a frase acima citada – a 5 de Junho de 2013, a linguagem papal transformava-se num mar de *amor ao próximo*:

"Aquilo que domina são as dinâmicas de uma economia e de finanças carentes de ética: assim, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo, é a cultura do descartável."

Tudo hipocrisia, cinismo, diletantismo, palavras de *vendilhão do templo*.

Eis a realidade.

2 - Comecemos pela Alemanha, que, por acaso, é o centro da União Europeia, e, nessa UE, segundo os jornais e outros órgãos de comunicação alemães, a Igreja Católica é senhora de um capital financeiro de uma dimensão enorme – investimentos, acções e bancos, além de possuir uma fortuna, considerada incalculável em espécie e imóveis.

Diz a imprensa alemã, que a usura católica atinge *muitos e muitos biliões de euros*.

A sua verdadeira extensão está a ser revelada – ainda que parcialmente - à medida que as dioceses católicas, às *mijinhas*, divulgam os seus dados financeiros.

Desde o escândalo do "bispo de luxo" da cidade de Limburg, cada vez mais episcopados da Alemanha são obrigados a prestar alguma conta pública de suas finanças.

As somas que vão sendo reveladas são respeitáveis, como mostra uma investigação realizada, recentemente, pela agência de notícias alemã DPA em 27 dioceses.

Além de dinheiro vivo, aquelas têm vários biliões de euros acumulados na forma de capital aplicado, reservas – por exemplo, para as pensões dos padres – e bens imobiliários.

Segundo a DPA, entre as dioceses mais ricas estão Colónia, Limburg, Mainz e Trier.

(Já perceberam, porque foi escolhido o alemão Ratzinger para Papa!!!).

Em Colónia, que conta com o maior número de católicos registados no país, estima-se que a arquidiocese e a conta pessoal do arcebispo possuam mais de 612 milhões de euros, e isto somente em imóveis.

O episcopado de Limburg declarou,  no seu relatório empresarial, 810 milhões de euros em activos fixos e activos financeiros, não estando incluídas outras fontes de capital.

Os dados retirados, em síntese da reportagem da DPA são, em parte, incompletos, e nem sempre passíveis de serem comparados entre si.

Ainda assim, Mainz está entre as dioceses com maior fortuna, com um capital total de 823,3 milhões de euros, seguida por Trier, com 759,6 milhões de euros apenas em investimentos declarados (falta os encobertos).

Em Augsburg, o conjunto do património líquido, activos fixos e financeiros representam mais de 620 milhões de euros.

Em Passau, na diocese, a conta  episcopal e uma caixa de pensões possuem, juntas, 570 milhões de euros.

Fulda admite somente no seu património líquido: 456 milhões de euros.

A diocese de Munique-Freising, encabeçada pelo presidente da Conferência do Bispos da Alemanha, cardeal Reinhard Marx, é também das mais afortunadas.

O estado real do seu património só será conhecido dentro de alguns anos, depois que de serem avaliados, por entidades estatais, os sete mil prédios que possui, entre outros bens.

Todas as dioceses citadas se situam na parte oeste do país.

As situadas no leste (antiga RDA) –  são consideradas relativamente pobres.

A diocese de Magdeburg, capital do Estado de Saxônia-Anhalt, por exemplo, só possui 200 mil euros.

Admitem os investigadores que a diocese católica de Colónia pode ser muito mais rica do que o próprio Vaticano, tal o seu interesse em bancos, indústrias, mercado bolsista, investimentos capitalistas.

Refere a DPA que o valor real é difícil de decifrar, porque os hierarcas evitam divulgar, publicamente, o valor real dos prédios, das acções, dos investimentos e de terrenos, aparentemente, adquiridos por doações de paroquianos, cuja transparência deixa muito a desejar.

(Como surgiu a pesquisa mais aprofundada?:  pelos dinheiros gastos em benesses pessoais a favor do bispo católico Franz Peter Tebartz van Elst, da diocese de Limburg. 

Não mais, nada menos, do que 41 milhões de euros, que ele achou bem gastos!!! 

Só uma banheira para nela se marinar, o hierarca de Limburg gastou 20 mil dólares e 482 mil dólares em armários do melhor que há.

Claro que com o escândalo, o Papa – já o actual - suspendeu-o da diocese, mas colocou-o no centro do poder no Vaticano….Está tudo dito.

 

O arcebispo Robert Zollistsch, responsável pela Conferência Episcopal da Alemanha, desautorizou o próprio Papa, rejeitando a ideia de abandonar ser transportado no seu BMW 740 D).

Poderíamos fazer uma incursão pormenorizada por outros Estados europeus da *coroa católica*, como a Espanha, pois tornar-se-ia fastidioso descrever o poder real económico da hierarquia católica no país.

Vamos, pois, referenciar, apenas, o poder do seu sistema bancário capitalista neste *Estado fidelíssimo* ao Vaticano, todo ele nas mãos das seitas católicas:

Santander, BBVA, Banco Popular, CaixaBank, que quer, aliás, controlar, totalmente o BPI português(o seu presidente actual Isidré Faine e presidente da Fundação La Caixa é membro destacado do OPUS DEI, tal como o Presidente Executivo, recentemente nomeado, o monárquico Gortázar Rotaeche.

Uma referência especial a dois potentados económicos, em maioria, nas mãos da mesma OPUS: a Telefónica e a Repsol.

Daí mais uma vez, a retórica cínica do egoísmo católico, do mesmo tipo da usura do judaísmo.

As palavras de usurário, mas afirmando-se longe dessa actividade, proferidas, a 2 de Fevereiro passado,  pelo argentino Francisco, elevadas ao céu pelos *vendedores do tempo* daquela sacristia:

 "Quando o poder, o luxo e o dinheiro se convertem em ídolos, antepõem-se à exigência de uma distribuição justa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à simplicidade e a compartilhar."


3 - O Sumo Pontífice católico Francisco é o primeiro papa nascido no continente americano, o primeiro senhor do Vaticano não europeu em mais de 1200 anos.

E também o primeiro papa jesuíta da história.

Isto é muito importante para falar sobre a riqueza no continente americano da seita da Companhia de Jesus.

Eles dominam uma parte substancial do poder bancário, das estrutura educacional e sanitária, e de sectores importantes da indústria.

A empresa Universidade de Georgetown é um antro jesuítico, que vai da educação à indústria farmacêutica, por exemplo.

Mas, o poder capitalista da Igreja Católica nos Estados Unidos é muito mais abrangente.

Universidade de Georgetown: o ensino é um pequeno negócio entre a grande indústria.

Não é por acaso que o secretário de Estado John Kerry foi escolhido para o cargo por fazer parte do lobby católico.


São numerosos os investigadores sobre a acção da usura do Vaticano nos negócios mundiais.

E, curiosamente, muitos dos homens políticos e da economia são parte do poder dos EUA, que repartem com o lobby judeu.

Nos anos 80 do século passado, Avro Manhattan, um influente membro de topo da hierarquia católica laica, e que foi cavaleiro da poderosa Ordem de Malta, igualmente Cavaleiro da Casa de Sabóia, Templário e Cavaleiro da Ordem de Mercedes, lançou um livro, com dados obtidos nos arquivos da Santa Sé, que consultou, e que intitulou *Os biliões do Vaticano*. 

Não era um vulgar panfletário. 

Foi membro da própria nobreza britânica, embora tivesse nascido em Itália.

Licenciou-se na Sorbonne e na Faculdade de Economia de Londres.

Foi um escândalo, ouviram-se muitos rangeres de dentes, tentativas de destruir pessoalmente a personagem, mas nunca houve um desmentido formal do que denunciou.


(Anteriormente, nos anos 60, já um outro escritor e jornalista, este norte-americano de nascimento Nino Lo Bello, que foi correspondente junto da Santa Sé do New York Herald Tribune, durante oito anos, desenvolveu em livro, O Empório do Vaticano, a sua experiência vivida sobre os segredos da Igreja Católica Roma. 

Ainda hoje de leitura obrigatória para quem desejar conhecer os meandros nefastos da Cúria romana).

Actualmente, os documentos são acutilantes, saídos do próprio secretismo vaticano e podem ler consultados em Gianluigi Nuzzi e Eric Frattini, entre outros.

Deles se retira que a Santa Sé – e os seus conclaves de seitas – é a possuidora terrena e usurária de, pelo menos, um terço de toda a fortuna ocidental, mas com grandes investimentos já na Rússia e na China.

É accionista de quase todos os grandes bancos internacionais.

Exemplificam que é acionista de referência, com uma percentagem elevada, do capital do Bank of America.

E que tem acções em quota substancial nos bancos dos Rothschilds, Hambros, Crédit Suisse, Chase, Citigroup, Morgan e empresas petrolíferas com a Chevron, Shell, nos sectores norte-americanos do aço, dos automóveis, e, empresas industriais, ligadas ao complexo militar industrial, como a Boeing, a Lockheed, a Douglas, ou a Curtis Wright).

Avro Manhattan, no livro citado,  no capítulo 24, sustenta mesmo que a Igreja Católica dos EUA é “uma nação dentro de uma nação”.

Para Avro, mas já antes para Lo Bello – embora este centre grande parte da sua investigação em Itália, como também depois do escândalo do Banco Ambrosiano, com as ligações directa entre a Máfia e o próprio Estado norte-americano, a Santa Sé está a exercer um controlo crescente em todos os sectores sociais dos Estados Unidos.

Horizontal e verticalmente, inclusive com lobby directo nas instituições legislativas, militares e judiciais.

Essas ramificações, vulgarmente, fazem-se por *piedosas* organizações *humanitárias*

Desde as fundações ou instituições de *caridade*, como a Mãe Católica do Ano, a Legião Católica Romana da Decência, Clube de Livro e Discos Católicos Romanos, Associação dos Empregados Postais Católicos Romanos, Associações de Rádio e TV Católicas Romanas, Associação de Imprensa católica Romana, Companhias de Seguro Católicas Romanas, Veteranos de Guerra Católicos Romanos – e uma enorme variedade de organizações *não governamentais* semelhantes.

Todas essas organizações católicas romanas são apoiadas por possessões financeiras as quais, quando tomadas num todo, devem somar milhões de milhões de dólares.

As mais relevantes – porque penetram no bojo da sociedade - de todas essas fundações católicas centram-se nos sectores educacional e saúde.

Um império de sociedade, que vai dar sempre ao dinheiro.

A sua estrutura educacional opera desde os jardins da infância até às universidades, passando por todos os sectores dos secundários aos profissionais.

A sua instituição de saúde estende-se desde as clínicas mais humildes até os hospitais mais modernizados.

O capital financeiro dessas estruturas atingem valores de biliões de biliões de dólares.

E uma parte da arrecadação desse capital vem do próprio Estado norte-americano.

Só para apreciar alguns dados e do menos conhecidos: A Igreja Católica norte-americana controla mais de 2.500 escolas secundárias, 300 colégios superiores e universidades, seminários e outros institutos escolares.

Muitos dos seus edifícios, eles próprios, já são poderosos valores em capital imobiliário.

E sempre com apoio estatal.

Existem centenas de ordens religiosas similares, dirigindo prósperos negócios, e sem pagar um único centavo de impostos, sob a alegação de serem instituições religiosas.

Algumas delas, embora apenas parcialmente religiosas, ou mesmo consideradas, formalmente, mais leigas do que religiosas, são gigantes financeiros.

Uma destas é a dos Cavaleiros de Colombo.

Segundo a imprensa, os Cavaleiros possuem haveres que excediam no final do século passado os 200 milhões de dólares.


Do seu investimentos – os dados são do final do século passado – incluíam depósitos de 55,5 milhões de dólares; vários milhões em títulos do governo canadiano; 4,8 milhões em acções dos caminhos de ferro; 18 milhões em títulos vários e contas a prazo; 12 milhões em seguros industriais e títulos do governo dos Estados Unidos. 

Já não se fala nos imóveis, tal como o Estádio Yankee de Nova Iorque.

Contudo, e isto é que interessa agora, pois não é por acaso que o novo Papa é membro da Companhia de Jesus, a ordem considerada como a mais importante implantada na América do Norte é a dos Jesuítas.

Segundo os dados que estamos a seguir, ela é de uma grande importância nos sectores da educação, ensino e financeiro.

Ela dirige 28 universidades católicas.

Algumas destas, não referimos agora a Georgetown, como a Fordham, na cidade de Nova Iorque, e a Universidade da Louisiana, recebem substanciais subsídios do governo, sendo que a ordem já, por si, está ligada, privadamente, a negócios muito vantajosos.

Ela é accionista, por exemplo, do Bank of América e também faz parte do sistema accionista das companhias de aviação e espacial do complexo industrial militar.

Para terminar, um pormenor da usura católica. 

A sua apetência pelo dinheiro dos chamados *jogos de azar*.

Segundo dados de alguns anos atrás, o sistema de bingo estava legalizado em apenas 11 Estados norte-americanos.

Pois, a Igreja Católica actua, com o sistema, em todos os Estados.

Fazendo uma média diária de 100 mil dólares que as paróquias arrecadam, no conjunto, por ano, só neste pequeno *nicho de mercado*, os hierarcas católicos empocham algo da ordem dos dois mil milhões de dólares anuais.

Isentos de impostos….

Eis a verdadeira imagem da Igreja Católica, sem máscara.

As palavras são do seu líder e foram proferidas em 16 de Maio de 2013:

 "[A crise financeira mundial tem origem] numa profunda crise antropológica com a criação de ídolos novos, o culto do dinheiro e a ditadura de uma economia sem rosto, nem objetivo verdadeiramente humano."  

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

UMA NOVA GEO-POLÍTICA GANHA FORMA NO MUNDO

1- O mundo encontra-se numa encruzilhada.

Em confronto,  estão concepções de gestão do mundo.

De um lado, em pleno século XXI, dos grandes avanços tecnológico e científicos, uma força retrógrada de reacção, agarrada à defesa dos valores capitalistas do século XIX em certos aspectos,  principalmente, nas relações sociais que se podem comparar às atitudes esclavagistas do pré-capitalismo industrial, cujo expoente cimeiro se coloca a evolução nazi do capitalismo financeiro norte-americano.

Do outro, um avanço, larvar e com muitos ziguezagues, mas gigantesco, ainda dentro do sistema capitalista, que dá indícios de evoluir, todavia sem clareza,  através de antagonismos crescentes de classe, e  que mostra trazer no bojo uma revolta em que se começa evidenciar, pois  as relações sociais de produção atingiram um estádio tal, que estão a ficar atrasadas face ao desenvolvimento que as forças produtivas já necessitam.

Estas em fase de impulsos rápidos e empolgantes que mostram, ainda que incipientemente, que querem fazer irromper uma nova sociedade.




A Europa quer romper com o velho capitalismo

Ou seja, o descontentamento que alastra, que leva a modificar mesmo certas posições políticas, através de eleições legislativas dentro do sistema vigente, tem um destinatário indiscutível: a arrogante, desastrosa, e, já cheirando a passado, a estrutura do capitalismo financeiro dominante a partir do imperialismo norte-americano de Wall Street.

E é esse enfrentamento directo entre o poder social dos povos que evoluiu – ainda que sem um sentido revolucionário, mas que contesta o poder vigarista e fraudulento do lúmpen-capitalismo norte-americano, que está a conduzir, cobardemente, a burguesia subserviente europeia a acolher-se a um pretenso regaço, já cheio de buracos, de um poder imperial militar de Washington.

2 – A destruição produtiva provocada pelo descalabro económico financeiro de 2007/8, iniciada e engendrada nos corredores de Wall Street e nas fundações e instituições ditas académicas que definem a geo-estratégia económica e politica imperial dos Estados Unidos da América está directamente ligada com a actual fase de tensão internacional, que, novamente, tem, no seu centro, a execrável permanência do lumpem capital financeiro no domínio mundial.

Os casos presentes da Ucrânia, da Grécia e do Médio-Oriente embora, diferenciados na geografia, em certos aspectos da política, têm em comum como essencial o papel nefasto do grande capital financeiro, centrado em Nova York, colateralmente na City londrina e no Vaticano.



A derrota da Ucrânia no leste é derrota americana

Na realidade, a contra-revolução do capitalismo financeiro de 2007/8 e as implicações catastróficas para as economias burguesas que procuravam uma distribuição mais cooperante dos benefícios do comércio mundial, fizeram soar *luzes de alerta* nesses esses países sobre os verdadeiros objectivos e actividades estratégico-económicas do lumpem capital financeiro norte-americano.

Esses países, apelidados, grosso modo, de emergentes, tomaram (ou estão a tomar) posições independentes ou concertadas entre si para adquirirem um papel crescente e diferenciado no poder político mundial.

E esse passo fez-se, simultaneamente, por uma evolução económica capitalista alargada que, nos próximos anos, será em crescendo e concorrência desenfreada com a economia norte-americana.

Ora, estes países, por um lado, e a União Europeia, por outro, para fazerem evolucionar a sua indústria, a sua tecnologia, e, principalmente, fazer prevalecer no mercado internacional de que poderiam desenvolver-se pela capacidade de engrandecer e aumentar o seu poder interno de bem-estar, somente vingarão se tiverem uma política independente de exportação em competição directa – e sem capitulação - com os Estados Unidos, e sem a interferência imperial do poder cambial do dólar.

É,  justamente, perante esta mudança geo-estratégica face ao poder unilateral e imperial norte-americano, que Washington – seguindo os ditames de Wall Street – e contando com os seus cúmplices quer na UE, quer no Médio-Oriente, e, inclusive na Austrália e Extremo-Oriente, se refina como poder nazi-fascista, interventor directo – e sem dar cavaco às aspirações nacionais e interesses dos povos das diversas nações - nos diferendos internos, nas intervenções armadas fora dos seus territórios, nas intrigas assassinas nos negócios e comércios mundiais, incluindo os de matérias-primas.

E, é o entrave principal à efectivação de um grande espaço comercial entre os EUA e a UE, justamente, porque aqueles pretendem controlar, sem interferência, nem concessões, os investimentos financeiros.

Estamos, contudo, no limiar de uma nova aventura da geopolítica mundial.

3 – O que se passa na Ucrânia e, com similitudes na Síria e no Irão, é demonstrativo de como a arrogância unilateral imperial norte-americana está a soçobrar.

E, acima de tudo, como o seu papel de cobra deslizante venenosa se está a transformar mais em escorpião que se *mata a si próprio*.


Estado Islâmico transporta-se em veículos ocidentais

A principal razão para esta comparação está no facto de os EUA terem destruído, desmantelarem e ostracizarem todos os regulamentos e compromissos escritos que respeitavam a não interferência directa nos assuntos internos de outros países, de desprezarem, sobranceiramente, os limites territoriais de Estados e Nações, que não concordam com a sua política e de utilizarem todos os estratagemas ditos *secretos* para desarticular o poder político interno dos países que lhe são concorrentes ou se opõem à sua pretensão de liderança mundial militarizada.

Todos sabemos que a Rússia aparam os movimentos separatistas na Ucrânia, mas o *grande urso* fá-lo, dentro de uma perspectiva nacionalista, de que o leste daquele país tem a nacionalidade russa.
Está no fundo a defender, para já, os seus interesses nacionais imediatos.

Todavia, até agora não humilhou a Europa, engrossou, internamente, apenas o seu poder, fez com que os oligarcas representantes do capital nos governos da UE agissem, debaixo da humilhação norte-americana, que atirou os países europeus para a boca do lobo, e, Washington, colocado ao largo, espera um deslize que conduz ao estraçalhamento europeu para colocar a pata inteiriça na maior e mais rica potência comercial do mundo, apesar da sua crise.

E, neste período que vai desde 2008, verifica-se a fascização continuada e persistente dos Estados Unidos.
Estes são os verdadeiros inimigos dos povos que desejam a liberdade de se governarem sem ingerências.

As crise da Ucrânia, Grécia, Médio Oriente, fizeram vir ao de cima o que representa, na prática, a política nazi do lumpem capital internacional.

O seu braço armado chama-se Estados Unidos da América.

Mas também apareceu a sua fraqueza.
Eles que se intitulavam os *polícias* dos conflitos mais latentes, estão se isolando mesmo dos seus aliados mais próximos e mais seus dependentes, porque não têm uma política externa e um exército comuns.

E, tal indício é o sinal primordial de que uma nova economia, mais diversificada, irá ganhar cidadania.

E os seus concorrentes sabem disso e estão a ganhar a sua fatia em economia, em política e em capacidade militar.
Felizmente, os sinais mais evidentes de mudanças em torno dessa geo-economia, com arremessos de pretenderem uma ruptura, estão na UE.

Mais do que nunca, a burguesia desenvolvimentista europeia sente que se não avançar terá atrás de si o fantasma ameaçador das movimentações radicais das classes laboriosas.

Estas necessitam de compreender, agora, que a transformação societária não pode ser só num país, terá de haver um programa comum de revolução em toda essa União.




sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

COM A VITÓRIA ELEITORAL DO SYRIZA, A UE VAI ENTRAR NUMA ENCRUZILHADA, QUER QUEIRA, QUER NÃO



1 - A crise financeira e económica, fomentada pelo lúmpen capitalismo financeiro de Wall Street, em conivência com a City londrina, em 2008, espalhou-se, acima de tudo, pela União Europeia, provocando uma guerra feroz contra os direitos e bem-estar das classes trabalhadoras e, em escala mais reduzida, em sectores da pequena e médias burguesias.

Foi, justamente, dessa imensa contra-revolução económica-financeira que o lúmpen-capital de Wall Street e da City londrina, em perfeita conjugação de esforços, com a cumplicidade militante de toda a social-democracia/pseudo socialista europeia, (contra-revolução esta que não teve uma resposta classista adequada), que fez subir a parada do poder burguês financeiro, bramando abertamente que, agora, o poder estava nas mãos da finança.

Esta soberba e arrogância conduziu a que esse sector marginal do capitalismo efectuasse a maior exploração social das classes trabalhadoras desde os tempos esclavagistas da implantação do capital industrial no século XIX.


E provocou a maior míngua financeira, que levou a que todos os Estados capitalistas – desde os EUA à Rússia, com especial incidência na UE – ficassem reféns desse lúmpen capitalismo de Wall Street, Vaticano e City londrina, que sacava em crescendo o dinheiro dos contribuintes, com um endividamento a seu favor, em progressão contínua, dos tesouro públicos nacionais.


Os seus efeitos devastadores fizeram-se sentir, de um modo eloquente, e, com uma clareza de bradar os céus, com uma petulância sem limites justificativa de que era necessário um  empobrecimento geral das populações, como condição de sobrevivência da sociedade em geral.

Quando se verificou que essa política de domínio sem freio do lúmpen-capital financeiro – verdadeiramente uma guerra económica *militarizada* (com os poderes de Estado a fazerem impor a intervenção directa dos Exército na chamada segurança interna, sempre com a desculpa esfarrapada da luta anti-terrorista) – era um acto de puro banditismo, mas que teve um sucesso momentâneo, começou a gerar-se a partir de 2010, uma reacção com reivindicações que apontavam para o desmantelamento do poder desse Capital financeiro.

Houve alarmismo fomentado pelos agiotas e os serventuários desse poder,  com estruturação maciça de uma propaganda manipuladora de que era necessário reforçar a segurança e lutar (hoje já com enraizamento na EU, caso gritantes da França, Inglaterra, Espanha), contra o que apelidam de anarquia  e  terrorismo, como forma e modelo de “defender” as instituições, a democracia parlamentar e a *ordem mundial* ocidental.

Mas com os banqueiros e os seus *títeres* de Estado a demonstrarem, progressivamente, serem incapazes de mascarar a situação, com pseudo-reformas, começou a ressurgir, principalmente, na Europa um sistema de contrapoder – claro, na actual situação, muito disperso, sem grandes orientações políticas, mas ganhando, progressivamente forças, para, embora sobre a palavra de ordem de luta contra a *humilhação geral* está uma insatisfação popular crescente, que, na fase presente, se está a reflectir nas urnas apenas sob o signo de mudança, mas ainda não de revolução.

Ora, a vitória eleitoral do partido grego Syriza com um programa de combate a esse domínio terrífico do capitalismo financeiro, embora contemporizador na supremacia imperial da NATO, trouxe uma frente de avanços políticos para satisfazer, no seu país, mas principalmente na Europa – e paralelamente nos próprios Estados Unidos – a reivindicação, aparentemente, burguesa – é certo – de reformular toda a estrutura de exploração capitalista.

Mas, este programa ainda com características muito social-democratas, tem no seu bojo, algo mais grave e imprevisível para o capitalismo financeiro: na realidade, ainda sem programa revolucionário alargado a toda a Europa, estão os fantasmas de erupção das classes laboriosas, que essas sim fazem levantar o +monstro destruidor+ de uma ruptura total com o capitalismo.


Essa a razão de que este despertar se possa implantar em países mais influentes, como Itália e Espanha e, por arrasto, estilhace, inclusive, a coligação conservadora-social-democrata arcaica da CDU/SPD e o chamado bipartidatismo conservador e snob do Reino Unido.

2 – Claro com esta vitória do Syriza, deu-se uma pequena reviravolta esperançosa de poder haver novas formas de poder, primeiro, na UE, depois, na América Latina, e, possivelmente, dentro de meia dúzia de anos nos próprios Estados Unidos.

Mas o que, na realidade, se está a formar, a propósito da Grécia e da sua renovação eleitoral é, acima de tudo, um novo impulso, ainda conduzido, por uma burguesia, dita desenvolvimentista, que estava completamente arredada do poder, praticamente, desde os finais do século passado, para um novo avanço económico-industrial-tecnológico.

Ora, para a UE, esse avanço tem necessidade de consolidar os movimentos territoriais transfronteiriços, mas também intensificá-los para leste com fomentos de parcerias geo-económicas com a Rússia, a Turquia, e, mesmo com os países do Médio-Oriente.

Mas para que isto tenha sucesso, será necessário uma política independente, progressista e de coesão política e militar territoriais, primeiro, dentro da própria Europa, depois, numa fase de confiança mútua com a Rússia e a Turquia.

As mudanças geo-económicas e geo-políticas que se aprestam para os próximos tempos indicam que a política externa europeia tem de se desligar da subserviência doentia dos Estados Unidos e pensar, como entidade real de potência comercial, na extensão das suas ligações a um mercado negocial mundial com outras potências que surgem, sem procurar impor vontade e conquista imperiais, mas sim capacidade evolutiva da sociedade para um novo patamar.

A retirada inglória do Afeganistão

A maior potência industrial-militar ainda existente, os EUA, com a sua política marcadamente imperialista, que sente fugir-lhe uma supremacia que parecia intocável, e, por isso investe em duas frentes.

Tal como na UE, a oligarquia burguesa dos Estados Unidos tem a perfeita noção que a sua sobrevivência só pode ser conseguida com uma intensificação das relações mercantis e negociais.

E, numa viragem geo-política e geo-estratégica de tal envergadura, com potências crescentes em várias partes do mundo, mais do que nunca – principalmente para os EUA – esforçam-se – digo com mais propriedade, esfolam-se para segurar e quiçá aumentar um maior fatia das novas relações que estão em movimento.

3 – Então, praticamente, em segredo, os oligarcas financeiros dos EUA e da UE negoceiam, pelo menos, desde 2013, o que se pode apelidar do maior acordo comercial de sempre entre potências.

Enquadra 40% do comércio mundial e cerca de metade do PIB do planeta.

A questão em si, nada teria de problemático, se houvesse benefícios mútuos para os povos e Estados, mesmo norte-americano.

Ora, o central de tudo é quem controla os movimentos de capitais – ou seja o investimento.

Pouco se sabe de concreto sobre o teor do que está em jogo, a não ser que os negociadores representam, acima de tudo, as multinacionais financeiras de Wall Street.

E, estas poderão ser as verdadeiras aves de rapina dessa relação comercial, como o foram do despoletar e recolher dividendos da crise de 2008.

Foram elas que, desde aquela data, destabilizaram a UE, e minaram as relações de cooperação inter-estatal europeia, que até determinada época funcionou, com alguma coesão e solidariedade.

A UE, em 2012, quando se iniciaram as conversações, parecia estar ciente de que, para evitar a supremacia norte-americana, teria de fazer uma parceria para leste, principalmente, com a Rússia.

Aí começou o papel de *toupeira* do capital financeiro norte-americano: minagem das relações inter-europeiais, financiando os fracos países de leste, saídos da ex-URSS, (a nova Europa), tornando-os capachos para fazer implodir a velha Europa.

(Hoje continua essa política).

E aqui entra a segunda frente – a militar – os neoconservadores políticos dos EUA, em perfeita aliança com o lobby judeu de Wall Street, utiliza a fraqueza estatal e económica da Ucrânia, e, as suas dissidências internas, para derrubar o governo eleito e afastar a UE, através dos seus homens de mão, como David Cameron, Ângela Merkell, e os governantes conservador pró-fascistas da Dinamarca, Suécia e Noruega, da Rússia.

O desastre militar do Exército ucraniano


Situação que já tinha enquadrado e engendrado em toda a zona ribeirinha do sul do Mediterrâneo, desde Marrocos até à Síria, com a chamadas *Primaveras árabes*.

4 – Voltamos, então, ao caso Syriza, e referenciemos já que a vitória eleitoral daquele partido, com algumas reivindicações semi-revolucionárias, e uma mescla de preceitos sociais-democratas, como o de fazer regredir o avanço capitalista dentro do sistema por ele engendrado, está ligada ao total desmembramento que o colapso financeiro mundial de 2007/2008 causou na desarticulação da indústria e do comércio europeu, estagnando epidemicamente as relações económicas.

Ora, esta situação, que decorre de uma reacção dos povos à chamada política de austeridade, é, na realidade, a repulsa generalizada das classes trabalhadoras e sectores crescentes da pequena burguesia ao domínio exclusivo do lumpem-capital financeiro, representado na UE, principalmente pelos oligarcas da Alemanha, Inglaterra e França.

Ora, esta repulsa, se avançar, eleitoral ou por movimentações populares ofensivas, em vários países da Europa (repito em vários países, com um sistema programático idêntico e em sintonia – e isto é condição sina quo non  para se conseguir destroçar a falsa unanimidade dos representantes desse capital nos países comunitários, teremos, certamente, uma viragem radical na situação política chamada ocidental, que terá repercussões evidentes na própria constituição da NATO.

Nesta situação, podem os leitores crer que serão dissipadas, de repente, todas as falsas *falas grossas* dos serviçais capitalistas alemães, ingleses e espanhóis e dos asseclas burocráticos ligados ao capital de Wall Street, como Mário Draghi, colocados no Banco Central Europeu, e, deixarão de haver escrúpulos de os fazer abandonar o poder e os levar à justiça pelos crimes que cometeram.