terça-feira, 3 de setembro de 2013

SÍRIA: A GEO-ECONOMIA CENTRA-SE NA CONCORRÊNCIA ENTRE UE E EUA

1 -  A União Europeia,  considerada *uma aliada do coração* dos Estados Unidos, nas suas manobras de geo-política mundial, é o “um dos principais alvos de espionagem norte-americana”, segundo documentos, até agora secretos, divulgados, na semana passada, pela revista alemã +Der Spiegel+.

E o que a espionagem norte-americana  *vasculha* na sua acção contra os seus parceiros da União Europeia?

Vejamos o que dizem os documentos oficiais:  “comércio externo e estabilidade económica como objectivos prioritários de vigilância”.

Ou seja, em termos práticos, a 

economia, o seu desenvolvimento.

Para os EUA, a União Europeia continua a ser a grande potência económica emergente, com uma moeda forte, apesar do ataque concertado e feroz, desencadeado, desde 2008, contra o euro, fomentando as intrigas de desagregação da Europa, como apoio cúmplice dos dirigentes europeus enfeudados ao lúmpen capital financeiro norte-americano, liderado pelo lobby judeu de Wall Street,  em associação estreita com o Vaticano.

/Convém referir e reforçar que à frente das instituições financeiras e políticas da União Europeia, e, de cada país em particular, estão bonzos comprados por esse Capital, colaborando com ele em estrita sintonia.

No topo está Mario Draghi, actual Presidente do Banco Central Europeu.

Foi  vice-presidente e director executivo da Goldman Sachs e membro da comissão de gestão daquele banco multinacional (2002-2005). Logo após foi indigitado para ser o governador do Banco de Itália, de 2006 a 2001.

Mas, paralelamente, trabalha para o Vaticano, na administração da rede de empresas da Ente Nazionale Idrocarburi (ENI), o IRI (Instituto para a Reconstrução Industrial), Banca Nazionale del Lavoro (BNL) e o banco Sanpaolo IMI).

De 1984 a 1990, foi Director Executivo do Banco Mundial, cuja gestão dominante pertence aos EUA.

O cavalo de Tróia mais destacado da política norte-americana na Europa é, todavia, a Inglaterra. A City londrina é apenas e somente uma sucursal servil dos interesses directos de Wall Street dentro da UE. 

Eles são a víbora visível das tentativas constantes de dividir a unidade económica e monetária europeia/.

2 – Apesar de toda a pressão, que continua a surgir da parte da alta finança norte-americana, cercada pela perspectiva de uma falência para alguns dos principais bancos de investimento do país, o certo é que a União Europeia continua com o euro em alta e com os desejos de crescimento por parte de países do território chamado Europa, mas também alguns que pertencem à chamada Eurásia, como a Ucrânia e a Turquia.

A gestão económica da União Europeia, em grande parte, já interligou, fortemente, a maioria dos países que a constituem, e, isso força, pela própria natureza dessa integração, as relações produtivas a manter e evolucionar a economia.

Claro que o impulso, verdadeiramente democrático e de igualdade distributiva, somente será conseguido com uma mudança radical de poder económico e político no seu interior.

Caso contrário, haverá sempre o risco de retrocesso político.

3 -  A recente crise síria está a mostrar a importância das divergências, que começam a tornar-se, cada vez mais públicas, entre esses “grandes aliados”.

E como dessa crise, os EUA tentam minar, novamente, a unidade europeia.

E os “postos avançados” dessa tentativa está na Inglaterra e agora na França pró-judaica de François Hollande e Laurent Fabius (o judeu, filho dilecto do sionismo internacional no interior do poder político gaulês).

Mas a realidade, e a verdadeira realidade “pesquisa-se” debaixo das diversas camadas com que procura justificar os actos repelentes. 

E elas estão, enfim, na economia.

O interlocutor principal, para as relações económicas e monetárias, no Magrebe, Médio-Oriente e América do sul, é buscado pela maioria dos Estados e países, que formam essas regiões, é, justamente, a UE.

Há cerca de 20 anos, os engravatados apologistas do capital financeiro, centrado em Wall Street, representado, politicamente, pelos legisladores e administração norte-americanas, davam loas à politica de saque e destruição dos Estados Unidos, com os seus capangas e sequazes da NATO, que o sucesso da evolução mundial estava na capacidade de Washington impor a sua “pax” mundial.

O militarismo norte-americano entranhou-se na própria concepção do Estado.

O próprio Presidente dos Estados Unidos da América já se apresenta, como comandante-em-chefe, com capacidade única de impor as Forças Armadas como a derradeira e principal finalidade de justificar a sua política.

Ou seja, o militarismo norte-americano domina totalmente as sua relações institucionais e está a devorar por dentro toda o enquadramento económico do país.

Os gastos militares, que o próprio Obama sustentou, há dois anos, que se deveriam restringir, porque as guerras do Iraque e do Afeganistão, destroçaram o próprio desenvolvimento financeiro, na realidade estão a aumentar em espiral.

Os EUA estão a caminho da catástrofe.

Mas, a voragem castrense imperial está, constantemente, a vir ao de cima, para esconder a realidade da produção económica interna dos Estados Unidos.

3 – O que é importante, nesta crise, é que os aliados de outrora, estão a reter e repensar o que se passou no mundo, desde o 11 de Setembro de 2001, e a verificar que as reivindicações nacionais e regionais trazem no bojo uma ameaça mais contundente para a sua situação económica e política, como capitalistas que se ajoelhavam, sem pudor, perante os ditames terroristas e assassinos de Washington.

Na realidade, o auto-golpe efectuado pelos sectores militares do poder político-económico dos Estados Unidos que planearam e executaram o chamado “11 de Setembro”, após a primeira fase emocional criada de apoio popular ao execrável crime cometido, verificou-se que os efeitos práticos económicos se viraram contra a encenação.

Já ameaçados de uma crise financeira e económica, os EUA – o núcleo duro da sua administração, centrada no nazi-fascismo dos chamados neo-conservadores – verificaram que o país se estatelavam a passos largos numa crise da sua economia, cujos efeitos visíveis apareceram em 2008, enquanto a União Europeia – e a sua moeda – adquiriam um estatuto crescente de fundo de reserva mundial.

Foi, precisamente, nesse período, após 2001, que muitos países muçulmanos, como a Líbia e o Iraque começaram a manifestar, abertamente, a sua posição de se afastar dos petro-dólares, como moeda única na troca da sua produção de crude.

E foi, por esta altura, que se começou a impulsionar o MERCOSUL, como mercado comum, em parceria com a União Europeia.

Surgiu, então, um forte movimento especulativo – cujo climax se deu em 2008 – procurando atingir, fortemente, a unidade da Europa e a sua moeda, e isto porque as altas instâncias da EU estavam “cercadas” pelo capital financeiro judeu de Wall Street.

E, não queriam afastar-se dele, pois os seus capangas nas governações (bancos centrais e governos) estavam totalmente eufeudados a Washington.

Colocados perante uma convulsão de consequências que ainda não se tem a dimensão real, procuraram fomentar medidas de “defesa”, que estão a passar pelo apoio descarado aos bancos falidos europeus, roubando os salários e pensões dos trabalhadores de toda a União Europeia.

Os capitalistas europeus, que pensavam já dominar, avassaladoramente, o poder político, e como com tal incremento não trouxeram a prosperidade, em particular, o crescimento da produção económica interna, despertaram, isso sim, de uma letargia as velhas aspirações revolucionárias das classes laboriosas da Europa.

Esses capitalistas mostram, agora, a percepção que tem de tentar seguir “uma via própria” que retome a produção e se afaste da política cega de austeridade.

O que pressupõe que o sector financeiro tem de mostrar serviço, ou seja tentar provar que consegue evolucionar a economia, fomentar as exportações e ter uma quota-parte significativa do mercado mundial.

Tal orientação terá de passar, quer queiram, quer não, por um afastamento da vassalagem a Washington.

Ora, a UE necessita, para conduzir uma nova política económica capitalista, dita independente, os principais centros produtores de matérias-primas lhe estejam a acessíveis e a preços competitivos.

Mas esta movimentação será feita já em competição com reivindicações das classes trabalhadoras.

Toda esta geo-política exige uma concorrência acirrada, e, os EUA sabem muito bem que estão a ficar isolados e cercados por Estados e grupos de Estados que lhes querem retirar o poder económico, - os BRICS já iniciaram o processo de criar um banco internacional de reservas monetárias fora do dólar – e, por tabela, enfraquecer o poder castrense.

A Europa é o alvo económico de um possível ataque norte-americano à Síria.

Só que os tempos são outros.

Quer isto dizer que a unidade europeia tem de ser adquirida, obtida, não só contra os inimigos vassalos internos, mas também contra os seus “falsos” aliados estrangeiros.




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