quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

EUA: AS MUDANÇAS DE DINHEIRO MODIFICAM AS ALIANÇAS






1 - Um dos mais badalados generais dos Estados Unidos, de seu nome David Petraeus, que, após a passagem à reserva, em 2011, assumira o cargo de director da CIA (o Departamento dos Serviços Secretos norte-americanos), demitiu-se, inesperadamente, argumentando que tivera um caso amorosos com uma senhora tenente-coronel do Exército dos Estados na reserva, Paula Broadwell, mas ligada, ela própria, aos mesmos serviços secretos.



Os comentaristas de serviço e os  jornalistas de algibeira internacionais e nacionais ampliaram, quais vozes do dono, a versão oficial transmitida para a imprensa, como se um simples caso de "alcova" pudesse deitar abaixo um dos mais proeminentes político-militares dos EUA, que, foi comandante-em chefe das Forças norte-americanas no Iraque e Afeganistão, donde saiu com a auréola de vitorioso entre a elite dirigente do seu país, o que não corresponde minimamente à verdade, mas retirou lições que expôs pondo em causa a política de alianças do seu país no Médio-Oriente. EM CAUSA, justamente a subserviência da administração norte-americana face ao belicismo israelita.



Por tabela, e, curiosamente, ao mesmo tempo, os "problemas amorosos" vêem a atingir um outro destacado general, John Allen, que sucedeu no cargo de chefe militar no Afeganistão ao seu camarada Petraues, e estava indigitado para ocupar a função de comandante-chefe da NATO na Europa(claro com a indicação de Washington!). Na trama deste novo general surge uma nova mulher, de nome Jill Kelley, conhecida, também, de Petraues, mas que teria mantido uma correspondência de "carácter amoroso" com o outro seu camarada de armas.

Os jornais pretendem apresentá-la, apenas, como uma vulgar "socialite" da Florida, mas, na realidade, tem contactos estreitos com o Departamento de Estado e o Comando Conjunto de Operações Especiais (JSCOC), encarregado, justamente, das Operações Especiais, em Tampa, como responsável (não-renumerada, dizem os jornais) de relações públicas.

Paula Broadwell, com ligações entre o Departamento de Estado e o Pentágono, esteve como cadete de West Point, (hoje é tenente-coronel na reserva), a estagiar, durante meses em Israel, onde chegou a viver num kibutz.

O curioso é o facto de quem levantou a "lebre" foi um congressista profundamente ligado ao "lobby" israelita, Eric Cantor de seu nome, republicano, indefectível da candidatura presidencial de Mitt Romney, que teria recebido umas "dicas" de um mero agente subalterno do FBI (I Serviço de Segurança Interna dos Estados Unidos), como se um tal funcionário tivesse capacidade autónoma para "vasculhar" as comunicações do Director da CIA e do Comandante-Chefe das Forças multinacionais destacadas no Afeganistão! 



2- Tanto Petraues, como Allen, mas mais o primeiro, são generais de opereta, e o primeiro criou, à sua volta, um circo mediático, apresentando-se à imprensa, impecavelmente vestido à militar, com luzidias condecorações, mas poucas vitórias castrenses no seu "curricullum", fazendo lembrar, um pouco, o general Westmoreland no Vietname, e, posteriormente, o general Alexander Haig, na sua premeditada ascensão a uma alta carreira militar, mas balofa, para alcançar o cobiçado cargo de Secretário de Estado.

Ou seja, a versão caseira do falecido general Spínola. 

Mas, Petraues e Allen queriam colocar em causa a política imperial dos Estados Unidos no Médio-Oriente, e, acima de tudo, no mundo muçulmano? 

Claro que não: eles foram estrategas nos desaires sucessos castrense no Iraque e no Afeganistão, mas perceberam que a geo-política e os investimentos e circulação de capitais se diversificaram no Mundo e, em particular, no mundo muçulmano, onde os capitalistas islâmicos estão a adquirir um papel crescente na actual economia mundial. (só os Emirados Árabes Unidos teriam investido na UE e nos EUA nos últimos anos, mais de três biliões de dólares). 

Eles, os generais, são apologistas da intervenção directa e mesmo musculada no Médio-Oriente, mas sob novas alianças e a cumplicidade directa dos próprios regimes árabes e muçulmanos, incluindo os do Norte de África. 

E, Israel é, nos dias de hoje, uma fonte de problemas e não a solução que interessa, no futuro, ao Império. 

Para uma parte significativa da classe dirigente norte-americana, ciosa da sua hegemonia não partilhada, Israel  está a ser um sorvedouro de dinheiro e um "esqueleto no armário" que não serve as perspectivas estratégicas a novas saídas para o capitalismo decadente norte-americano. 

E entre um sector importante da estrutura dirigente militar norte-americana, Israel está a imiscuir-se demasiado nos "assuntos internos" do país. 

Que é, precisamente, o que aconteceu agora: o lobby judeu norte-americano, que obedece ao seu fanatismo religioso cego, que está concentrado numa frágil e mítica Terra Prometida, não está a perceber que está a ficar "cercado" dentro dos próprios Estados Unidos, e, então actua, à descarada, para inflectir a sua política interna. 

O visível desta cegueira está na actuação política de homens "pagos", como Cantor, Bernarke, Rahn Emanuel, entre centenas de outros, com os fundos do lobby judaico de Wall Street. 

Mas, por outro lado, judeus, que olham, essencialmente, para os movimentos dos negócios e lucros, através dos seus representantes, como Henry Kissinger (ex-secretário de Estado de Nixon) e Zbigniew Brzezinski (Conselheiro de Segurança Nacional de Carter) estão a avisar que se Israel seguir a actual orientação se desmembrará dentro de muitos poucos anos. 

3- Desde a última guerra entre Israel e o Líbano em 2006, cujos participantes principais foram, de um lado, as Forças de Defesa do Estado israelita, e do outro, os guerrilheiros do Hizbollah, e parte do Exército libanês,  guerra essa que durou 34 dias, verificou-se, no entanto, que o estado de organização e prontidão da estrutura castrense do primeiro, que iniciou, abertamente, as hostilidades, com uma barragem descomunal de artilharia pesada, ataques aéreos e bombardeamentos de unidades navais. sobre 40 localidades libanesas.

E tal verificação sucedeu quando as tropas de Israel avançaram Líbano dentro e tiveram contra-tempos que lhe advieram do facto da parte contrária comportar armamento sofisticado, que paralisaram e obstruíram uma aparente ocupação terrestre que parecia ser uma operação de abrir e fechar um olho para os israelitas.

A operação trouxe, por um lado, uma visão que horrorizou o mundo: destruição generalizada de infra-estruturas por todo o país dos Cedros, 900 mil deslocados e sem abrigo  libaneses, 1.200 mortos, também libaneses, entre civis, e, por outro, isto em Israel, pela primeira vez, um deslocamento forçado de 500 mil habitantes e um número elevado de mortos, principalmente soldados, como resposta do Hizbollah, que utilizou artilharia de longo alcance (misseis e katiucha), mas, essencialmente, armamento sofisticado contra tanques.

E uma realidade menos visível, mas muito real: o emprego da força armada por parte de Israel e o prolongamento dos combates custaram ao erário público um preço demasiado elevado em dinheiro.

E as Forças Armadas israelitas tiveram de recuar, sem conseguir nada de palpável. Sentiram o cheiro da derrota.  

(Naturalmente, esta questão foi muito ponderada no recente recuo da entrada em Gaza, com um Hamas que retaliou, fortemente, em todo o Israel. Como seria possível actuar em duas frentes, (a externa e a interna), atolado, certamente, numa terrível guerra em guerrilha em território palestiniano, e, provavelmente, com a beligerância activa o Hizbollah libanês?).

Desde essa altura, as relações de parceria e aliança sem qualquer contestação entre os EUA e Israel nunca mais foram as mesmas. 

Claro, que para a fotografia tudo corria às mil maravilhas, mas os relatórios "confidenciais" e "secretos" das agências de espionagem norte-americana e de estrategas castrenses sugeriam que Israel se estava a tornar um empecilho para as ambições imperiais dos Estados Unidos naquela região.

E este facto foi reforçado com a crise financeira que abalou o sistema norte-americano em 2007.

Tendo como base o início da chamada Intifada palestiniana, ano 2000, os gastos castrenses de Israel cresceram exponencialmente, sempre financiados pelo governo (reforço) norte-americano que canalizou, anualmente, uma média de nove mil milhões de dólares, teoricamente, destinados a fins civis, mas verificou-se que 50 por cento foram "desviados" para o chamado "reforço da segurança" e para o armamento.

(No Orçamento de Estado de Israel, 20 % são atribuídos ao Orçamento militar. Claro que o governo israelita fica dependente da "ajuda" norte-americana, que é de pagamento "suave", mas mesmo assim gastou, só em 2011, perto de quatro mil milhões de dólares em armas sofisticadas, desde F-16 norte-americanos, F-4E Phanton, f-15-Eagle, mas também helicópteros 57 Cobra Attack, Ay-Apache, bem como carros de combate. Claro que os norte-americanos, ao "serem generosos", estão a testar armamento e a receber uma parte substancial de retorno).

Tal como os EUA, Israel tem como objectivo quase único da sua sustentação como Estado a manutenção da sua estrutura militar, e isso está a "canibalizá-lo".

Aliado à sua cada vez mais política isolacionista entre os seus aliados ocidentais (principalmente europeus), a evolução dos seus inimigos próximos, hizbollah, palestinianos, sírios, iranianos, outros como os sunitas, estão a começar a dominar a vida política de Estados que lhe eram favoráveis, como o Egipto e Tunísia.

Israel está, pois, numa encruzilhada, até porque a actual administração norte-americana e os seus principais estrategas político e militares estão mais interessados em manter uma política de parceria (ainda que seja fugaz e dúplice) com a nova camada sunita que emerge em todo o mundo muçulmano.

Isto porque essa nova elite sunita está também no centro de uma movimentação de capital extraordinária.

(Foi o investimento de 7,5 mil milhões de dólares dos Emirados àrabes Unidos, em 2008, que salvaram, em parte, da falência o gigante falido dos EUA, chamado Citigroup).

Ora, os EUA não estão em posição de "hostilização" de capitais que começam a ombrear, na economia interna, com os judeus de Wall Street, desde os árabes até aos chineses, passando pelos indianos.

Não estarão, até os EUA, em conversações secretas com o Irão, que tem sido já o parceiro "cúmplice" para a pacificação do Iraque, e está a fazê-lo também no Afeganistão, sendo o elo intermediário com o clan do Presidente, Hamid Karzai?

É que a exploração das jazidas de petróleo e gás do Cáspio, além da Rússia, depende, também, e muito, das relações com o Irão.

Mas, acima de tudo, o militarismo norte-americano está a contribuir para o afundamento das finanças do país. 

E essa realidade está a vir ao de cima: as Forças Armadas e a política imperial de Washington custam um balúrdio de dinheiro e esse rumo, que até poderia ser benéfico, pois criação de armas pode trazer progresso científico e industrial, ou seja económico, tem o reverso da medalha, porque o essencial do dinheiro não está a provir, no país, da produção económica nacional. 

O mapa seguinte dá algumas indicações




Os Estados Unidos da América foram o centro, em 2007, de uma crise financeira, produto da especulação desenfreada e criminosa, que teve repercussões mundiais. Eles tentaram "exportar" essa crise para os seus próprios aliados, como a União Europeia, e, numa primeira fase conseguiram-no.

Mas, fizeram, com falcatruas evidentes, puseram em circulação forçada quantidades enormes de dinheiro, que não correspondia a uma evolução económica produtiva interna.

Agora têm de prestar contas. E falam em "colapso fiscal".

Todas as manigâncias vieram a fazer vir ao de cima que a divida nacional (a transferência da dívida privada para aquele é escandalosa) já ultrapassou os 16 biliões de dólares (Há um ano, estavam nos 14 biliões!!!).

Aproxima-se o fim do ano e a convergência entre os cortes em gastos, que a maioria do poder parlamentar quer ver ser feito nos contribuintes dependentes e um vencimento de impostos que deve ser mais baixo, levou os economistas de pacotilha a inventar a tal mnemónica de "colapso fiscal".

Ou seja, a economia norte-americana irá retroceder.

Uma agência tão judia capitalista, como a Bloomberg, não tem dúvidas que a economia dos EUA irá entrar em recessão prolongada em 2013. 

A secretaria-geral do Congresso norte-americano referia, em Agosto passado, e estou a citar a Bloomberg, que o aumento de impostos e os cortes previstos para 2013 iria fazer com que a economia, que está estagnada, entrasse em fase decadente, com uma descida de 0,5 por cento e um desemprego que atingir os 9 % da população. Ou seja recessão.

4 - A supremacia imperial da política norte-americana, nas últimas quatro décadas, com a arrogância feroz de espezinhar direitos de povos, impor as suas medidas económicas asfixiantes a Estados nacionais, como se de vassalos se tratassem, o desprezo, como aquele país levou um estado de quase guerra total contra todo o mundo. 

Desde a Indochina (Vietname, Laos, Cambodja); Coreia do Norte, Indonésia,  América Latina, com intervenções directas ou camufladas - através das das grandes burguesias internas - no Chile, Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Nicarágua, El Salvador, Venezuela, Colômbia, África (Angola, Congo, Nigéria, Ruanda, Uganda, Quénia, Líbia, Tunísia, Argélia, África do Sul, Moçambique, Sahrá, Niger, Tchade), até ao Médio-Oriente (Irão, Iraque, Afeganistão, Paquistão e à própria Índia).

(Na implantação desta política arrogante mundial, os EUA têm cerca de mil bases e centros operacionais nas diferentes partes do Mundo. Ostensiva e ocupante nalguns - Iraque, Afeganistão, Cuba, Líbia, Iémen, Corno de África, forçada no seguimento da II Guerra noutros, Itália, Grécia, Turquia, consentida noutras, como Qatar, Arábia Saudita, Barein, noutros).

Para não falar na submissão europeia, desde Portugal até à Polónia, passando por Itália e, essencialmente, Balcãs, fez despertar novos conjunções de esforços entre países e grupos de países (Mercosul), ASEAN, que aproveitaram os progressos tecnológicos e as suas próprias riquezas e evolução própria, para evolucionar numa nova relações de forças geo-estratégicas, um pouco por todo o mundo. 

Ora, este estado de coisas, não poderia durar face à evolução que se produziu no Mundo. 

O espectro da liberdade e da independência percorre, actualmente, o Mundo e certamente, nos próximos anos, a geo-política será outra. E principalmente o desejo de uma outra política internacional está a ser forjada, sob o espectro de uma ruptura de grandes dimensões.

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