quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A NOVA GRANDE GUERRA ESTÁ EM FORMAÇÃO




1 - Um velho de barbas há mais de 160 anos referiu-se, de forma brilhante, ao que mudou com o golpe de Estado de Luis Bonaparte, no século XIX e toda a evolução mundial que lhe seguiu e produziu uma frase que ficou célebre, indo rebuscá-la a Hegel. Sublinhou que aquele filósofo alemão "fez notar algures, que todos os grandes acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa".

Não pretendo rivalizar, sequer em em pensamento, com o alcance da análise daquele velho senhor, mas, na minha perspectiva, dois acontecimentos separados por quase 100 anos, fazem-me inverter a dialéctica do sucedido. 

Os prenúncios e subsequente Primeirra Grande Guerra tornam-se, actualmente, uma farsa, embora com as consequências catastróficas que produziram na altura, face à tragédia colossal que se está a engendrar paulatinamente na arena internacional, com epicentro secundário no Próximo e Médio Oriente, mas com o objectivo de se virar para a Europa. Aqui foi enquadrado um novo alargado sistema político e económico, com a maior capacidade produtiva mundial até há meia dúzia de meses atrás.

A Guerra da Crimeia de 1905 foi uma paródia, montada nas estepes do sul da Rússia czarista, mas os protagonistas estavam a alindar as ferramentas do expansionismo imperialista para a transportar para onde se concentrava então o maior centro produtivo e industrial do Mundo, que era a Europa.

Tal como hoje.

Nos anos que antecederam essa I Grande Guerra, começou a dar-se um salto espectacular, sem precedentes, no aperfeiçoamento do sistema armamentista, que vieram a formar a aviação e a colocar nos mares a guerra submarina. 

A guerra, em si, desenvolveu a níveis até aí nunca vistos o arsenal de artilharia, e, em grande medida deu impsulso ao desenvolvimento sem limites da guerra quimíca e bacterológica.

Tudo isto estava enquadrado numa perspectiva económica de repartição prática de impôr no terreno europeu, mas essencialmente, nas colónias e antigas colónias, os domínios imperialistas das potências já estabelecidas ou em vias de emergência, tal como sucedia com os Estados Unidos da América, que surgem no final dessa guerra, a cobrar os despojos de quem "não molhou os pés" suficientemente. 

Nos dias de hoje, com a diversificação dos centros de potências económicas em ascensão, com a rarefacção, cada vez maior, da imposição de produtos de exportação, sem contrapartidas, das potências estabelecidas, consideradas dominantes como os EUA, da criação de novas focos de potências em ascensão isoladas,  como a China, a Rússia, a Índia, o Paquistão e até o Irão ou integradas em mercados com largos poderes produtivos, caso da Europa, ou de riquezas, com o  Mercosul, com o Brasil, surgem indícios de guerras em mais larga escala e de maior poder destrutivo.

O progresso técnico cientifico no sistema militar está a atingir situações nunca antes conseguidas, caminha-se para a uma evolução de uma guerra, em largos espaços territoriais, com o emprego de armas de destruição maciça nunca antes testadas.

A concorrência castrense e de investigação sobre o armamento e a sua utilização, descarada e ameaçadora de maneira crescente, como campo de treino, como sucede ou sucedeu no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora na Síria, está a empurrar esses países para uma desgastante perda de dinheiro na manutenção dos aparatos militares em detrimento das produções nacionais (industriais, agro-industriais, tecnológicas, etc). 

Os Estados, tidos como potências, estão a tornar um fim si da sua própria estratégia nacional, quase único, a  organização da estrutura e do complexo industrial castrense. 

Ora, esta paranóia militarista está a destroçar toda a capacidade de recompor o poder económico em busca do bem-estar material das populações.



É uma contradição que a prazo irá produzir efeitos na própria consciência dos povos. Certamente, esta voragem servirá para que as classes trabalhadoras se preparem para enfrentar o belicismo, que pretende conquistar os "mercados" pela guerra.

Quer queiramos, quer não esta via, irá aprofundar a crise financeira e contribuir para a bancarrota dos Estados e de quem participa nessa voragem de guerra. 

2 - Esta é uma lista dos quinze países com os maiores orçamentos em defesa para o ano de 2008. A informação é a mais actualizada retirada do Stockholm International Peace Reserarch Institute, que é usado para calcular os gastos em defesa pelo Ministério da Defesa britânico e muitos outros ministérios governamentais da União Européia. (retirado da Wikipédia)



PosiçãoPaísDespesas Militares($ b.)Percentagem Mundial (%)
 Mundo1464.0100
1Estados Unidos Estados Unidos da América607.041.5
2República Popular da China China84.95.8
3França França65.74.5
4Reino Unido Reino Unido65.34.5
5Rússia Rússia58.64.0
6Alemanha Alemanha46.83.2
7Japão Japão46.33.2
8Itália Itália40.62.8
9Arábia Saudita Arábia Saudita38.22.6
10Índia Índia30.02.1
11Coreia do Sul Coréia do Sul28.92
12Turquia Turquia25.42
13Brasil Brasil25.32
14Austrália Austrália20.72
15Canadá Canadá18.61

Sem comentários:

Enviar um comentário