domingo, 29 de julho de 2012

LONGA JORNADA PARA UM NOVO MUNDO



1 - Os bispos católicos, as denúncias e a corrupção no Vaticano




a) O bispo católico português, Januário Torgal Ferreira, tornado capelão-mor das Forças Armadas, por decisão do actual regime, que reconfirmou a Concordata entre o Estado português, liderado por Oliveira Salazar, e o Papa Romano, fez, recentemente, umas declarações que foram certeiras e verdadeiras, e que eu apoio: na realidade este governo (como os anteriores) é "profundamente corrupto", sublinhou.


E eu acrescento: ladrão- roubou-me dinheiro da minha pensão, sem eu dever qualquer coisa ao Estado. A acusação é justa, é certeira, mas peca por defeito - eu, como milhares de outros portugueses, deveríamos ter capacidade e força para os meter na prisão. 


Certamente, a pão e água. Desde o Presidente da República ao Primeiro-Ministro, passando pelos principais Tribunais Judiciais, que não actuaram, de imediato, fazendo frente a este roubo. As provas estão aí. 


Ditou-as o próprio Tribunal Constitucional. Falta o resto as responsabilidades e as punições.


Engraçadas, caricatas e desclassificadas como intervenção política, foram as palavras, em resposta, do Ministro da Defesa Nacional, Aguiar Branco, que representa no governo a corrupção, ou seja, um dos maiores escritórios de advogados do Porto. 


Eis as suas palavras para que constem: "O senhor bispo deve obediência às regras da Igreja" e as declarações que proferiu causam "embaraço à Igreja" e, rasteiramente, como menino da Foz, que *rouba a hóstia, mas vai todos os dias beijar a mão ao padre*, termina: Januário Torgal Ferreira, que ele trata por Dom, deve fazer uma opção "ser comentador político ou ser bispo das Forças Armadas".


O Ministro Aguiar Branco, em lugar de defender o laicismo do Estado e criticar o papel nefasto da Igreja Católica na sociedade portuguesa, colocou-se no lugar de Sumo Sacerdote da citada Igreja Católica para argumentar que o bispo Torgal deve obediência à Igreja, ou seja, na sua perspectiva, eis o seu recado, a Igreja está inserida no organinograma do actual governo e, nesse sentido, faz parte do mesmo. Daí, a obediência.


Claro que o Ministro Aguiar, formalmente, não pode, como membro do governo, dar directivas em nome da Igreja Católica, nem se imiscuir nas suas *entranhas*, mas ele sabe que há algo nesse fumo que fez subir aos céus. Vamos já falar dele mais à frente.


b) O bispo Torgal, para ser coerente, deveria fustigar, em primeiro lugar, a opulência e a ganância da Igreja Católica Romana, sedeada no Vaticano, e em segundo, denunciar os negócios que os seus pares da hierarquia fazem e continuam a fazer com o governo de Portugal, desde o 25 de Novembro de 1975, na exploração dos idosos, dos doentes, dos mais desfavorecidos.


Na realidade, o bispo, como seu hierarca, faz parte desse imenso caudal de corrupção que é o Banco do Vaticano, que está interligado com todas as manigâncias capitalistas que percorrem o Mundo. A Igreja de Roma é hoje um dos maiores centros capitalistas especulativos do mundo, por ponde passam os negócios mais sinistros de branqueamento de capitais, dinheiros de tráficos de droga e de pessoas humanas, de traficância de armamento, de prostituição e de pedofília.


Em Portugal, a Igreja controla, praticamente, toda a assistência social a idosos e a doentes com dinheiro do próprio Estado. No actual Orçamento de Estado, cerca de 1,2 mil milhões de euros foram transferidas para as chamadas Instituições de Solidariedade Social, sob a sua gestão, cujos utentes ainda têm de pagar, da sua parte, cerca de 80 por cento da sua pensão de reforma.


A Igreja Católica controla toda a rede hospitalar das chamadas Santas Casas, que são sustentadas com dinheiros do erário público.


A Igreja Católica tem uma Universidade própria, que não paga impostos ao Estado e recebem chorudas propinas, e através deste ensino enquadra uma grande parte da elite dirigente do próprio Estado.


Os ministros da Saúde, Paulo Macedo, e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, são representantes directos da Igreja Católica no seio do Governo.


Mas, mais se poderia acrescentar: a ligação directa ou indirecta da Igreja Católica portuguesa a instituições bancárias em Portugal, mas não só a grande interesses industriais e agrários.


A denúncia certeira da Januário Torgal Ferreira, para produzir efeitos mais demolidores, deveria criticar, sem qualquer espécie de entraves, a acção da Igreja Católica de que faz parte.



2 - O FMI falhou, confessa um seu dirigente.





E mais: não só falhou, como tem sido dirigido nas últimas décadas por vigaristas.


As palavras pronunciadas com mais diplomacia por um dos seus principais dirigentes, que agora se demitiu, são elucidativas. 


O dirigente chama-se Peter Doyle é economista e foi responsável pela Suécia, Dinamarca e Israel no Departamento Europa do Fundo Monetário Internacional.


Refere o senhor, na sua carta dirigida ao Decano do Comité Executivo do FMI, com data de 18 de Junho de 2012, que desde a demissão, em 2004, do alemão Horts Koehler, da liderança daquele fundo, sucederam no cargo pessoas pouco recomendáveis para estar à frente de tal instituição. 


E assinala, depois de Koehler foi indigitado Rodrigo Rato, ministro de José Maria Aznar, que se demitiu em 2007 para se o principal responsável do Banco Bankia, que entrou em colapso por vigarices, depois sucedeu-lhe  o judeu Dominique Strauss-Khan, que se viu envolvido em casos de violação e práticas pessoais pouco consentâneas com uma tal entidade. A seguinte e actual director-geral Christine Lagarde, foi ex-ministra da Economia de França, que esteve envolvida no escândalo de corrupção do antigo ministro de Mitterrand Bernard Tapié.


Doyle vai mais longe, o FMI não serve para harmonizar as economias do Mundo, ele serve apenas em primeiro lugar os Estados Unidos, e, por tabela, pela ligação dos grandes bancos europeus ao sistema financeiro norte-americano, a própria UE. 


Aquele antigo responsável sublinha que esse controlo "contamina todo o labor profissional do mesmo, indo ao ponto de bloquear o cumprimento dos seus objectivos básicos.


Indicou que o FMI (e as grandes instituições financeiras internacionais) "tem sido sequestradas desde os anos 80 pela élite neoliberal como instrumento central da aplicação de umas demenciais políticas de ajuste que tornam prioritário o pagamento da dívida externa aos credores do norte". 


Ou seja, a política financeira está nas mãos do lumpem-capitalista especulativo e venal.


Para reflectir.




3 - Quem informa sobre a Síria?   


Quem andou na guerra sabe que é muito difícil relatar notícias da frente. 


Quem andou na guerra tem uma percepção nítida de quem são combatentes "desclassificados" e combatentes treinados.


Eu sou desconfiando por prática e natureza nas notícias "militares": fui combatente e jornalista. E a maior parte dos jornalistas nem sabe de que cor é uma bala. Muitos falam de cor e transmitem, em pânico, o que vêem, quando estão a sentir os barulhos dos canhões lá ao longe, de cabeça no chão.


Meses atrás, quando transmitiram fotografias de combatentes "insurrectos" sírios fardados à rigor e com lança granadas e rockets ultra-modernos, torci o nariz e afirmei: isto é gente treinada e preparada há muito tempo, não são manifestantes vulgares a quem lhe entregaram uma arma minutos atrás.


É natural que haja descontentamento interno da população síria contra o regime de Bashar Assad. 


Todavia, eu estive na Síria há dois anos, como estive na Jordânia pela mesma altura, e os regime são idênticos e ditatoriais. 


Só que a Jordânia e pró-ocidental e a Síria tem uma política própria que procura alianças com outras potências existentes na região. 


E, neste momento, o centro da disputa entre as potências dominantes: EUA, de um lado, com os satélites árabes e os satélites europeus, do outro, a Rússia e a China, que querem dominar a todo o custo os magníficos campos de gás e petróleo do Cáspio, onde se integra uma potência regional nascente, o Irão, colocou no "fio da navalha" a Síria. 


Mas o que se passa lá apenas é transmitido pelo o Observatório dos Direitos Humanos sedeados ---em Londres (ou será MI-6), ou seja não nos dão a verdadeira dimensão do que se passa no terreno.


Nos finais de Junho, o jornal New York Times fez uma reportagem não muito extensa, mas esclarecedora, sobre o que está a suceder realmente na região.


Relato, retirando da imprensa internacional que deu a notícia.


O Jornal New York Times acaba de reconhecer o que certos centros de informação referiam e o governo sírio já denunciara há um ano:


"Oficiais da CIA operam secretamente no sul da Turquia, ajudando a identificar quais os operacionais do outro lado da fronteira que estão a receber armas para enfrentar o governo sírio"..


As armas, segundo o NYT, incluem armas automáticas, granadas lançadas por foguetes, munições e armas anti.tanques (como já havia também, reconhecido o Daily Telegraph há uma semana).


O NYT assinala que o chamado "Exército Livre da Síria" não existe" e que na realidade ha "grupos esparsos de combatentes" que "os instrutores da CIA" estão tentando unificar em grupos mais operativos.


Mas o NYT denuncia esta intromissão descarada? Não. deita mais acha para a fogueira.


Diz o jornal que "funcionários americanos e da CIA declararam que o governo está também estudando e mais detalhadamente sobre os movimentos e localizações das tropas sírias". Ou seja faz espionagem aérea.


E referem-no abertamente:


"funcionários americanos e da CIA declararam que o governo 


está também estudando elevar a assistência aos rebeldes, como 


prover de imagens de satélites e espionagem mais próxima e 


mais detalhada sobre movimentos e localizações das tropas 


sírias" e estudam a possibilidade de "envio de agentes da CIA 


para o interior da própria Síria".


No meio da reportagem cita inclusive nomes de agentes: "Joseph Holluday, ex-oficial de espionagem do Exército dos Estados Unidos na Afeganistão e que agora é um pesquisador que monitora o Exército Livre da Síria para o Instituto de Estudos da Guerra em Washington".






Como última notícia, o caso pode tornar-se mais sério, o director dos serviços secretos da Arábia Saudita, príncipe Bandar bin Sultan,  teria sido executado, através de um atentado, aparentemente, efectuado pelos serviços secretos sírios para retaliar a morte do Ministro da Defesa de Damasco e outros generais. 


Um longa jornada parece alastrar no Médio-Oriente.






















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