terça-feira, 22 de maio de 2012

RELVAS, A PERSONAGEM FLORENTINA DO CAPITAL





1-  O Ministro Miguel Relvas está a tornar-se "célebre" em Portugal - e quiçá no Mundo - justamente, pelas verdadeiras razões da sua presença no terreno político.


E isto, porque de todos os pontos de vista, representa "a cara" mais clássica e factual do que são os representantes mais venais da desclassificada burguesia capitalista financeira.


É, caricaturalmente, o que de mais frívolo e rapace nos surge como o exemplo acabado do que são os "homens de mão" desse capital na sua representação de poder: o floreado diplomático florentino, a esperteza saloia de homem vulgar, mas que enche os bolsos em troca de algo, o antro de mixórdias criminosas que alimenta e faz fazer, ou que ele realiza, por acção própria, como actividade criminosa de bastidores, usando para tal do medo, da ameaça, se possível a prática encapuzada do crime.





Ao passarmos os olhos e a nossa consciência pela actual cloaca política e económica portuguesa, convém verificar que esta personalidade não age isolada, mas está em perfeita sintonia com o poder económico que representa, e, no caso em apreço, um dos seus patrões mais próximos, o Banco Espírito Santo.


Qual o verdadeiro passado de Relvas?: político profissional ao serviço do PSD, começando, justamente, com o cargo relevante, entre 1987 e 1989, de secretário-geral da JSD, na sucessão de Passos Coelho.


Do seu curricullum, convém lembrar, para não esquecer, está a sua filiação no GOL (Grande Oriente Lusitano), para onde teria sido recrutado "por conveniência".


Miguel Relvas apresenta-se como uma licenciatura de gabarito: Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona, mas de carreira profissional pouco consta - a não ser a de consultor, ou seja, "intermediário" político, pois nada mais consta da sua biografia. Em 2006,  entra como gestor num empresa de nome FINERTEC, com ligações oficiais a actividades comerciais no domínio da energia e petróleo.


/Para situar esta empresa, iremos citar o que o Diário de Notícias escreveu a propósito de um homem, José Braz da Silva, que pretendeu ser o Presidente do Sporting Clube de Futebol, de Lisboa.


"É um nome pouco conhecido em Portugal e os empresários que gerem negócios em Angola só muito vagamente reconhecem o seu nome. Mas José Braz da Silva, o homem que, com um projecto para vir a liderar o Sporting, tem muitos e bons contactos em Portugal e, sobretudo, em Angola.


É próximo de altos dirigentes do PSD, como Miguel Relvas, do movimento Compromisso Portugal (Alexandre Lucena e Vale, um dos promotores), de António Maurício, director de Santos Futebol Clube de Angola, da fundação do Presidente angolano. 


Juntamente com Lucena e Valle e duas outras pessoas, gere um banco off-shore em Cabo Verde, o Banco Fiduciário Internacional (BFI), registado na Cidade da Praia. Vale, Relvas e Maurício são administradores executivos do grupo FINERTEC, controlado (mas não gerido) por Braz da Silva. O BFI está na lista da entidades credenciadas pelo banco central de Cabo Verde na qual surge o problemático Banco Insular, o veículo que terá permitido ao Banco Português de Negócios "ocultar prejuizos e lucros, financiar empresas do grupo e esconder operações", como revelou há dias um ex-dirigente do BPN"/.


Ora, a FINERTEC tem ligações com a Fomentinvest, formalmente dirigida pelo ex-ministro Ângelo Correia, da qual o actual Primeiro-Ministro Passos Coelho é administrador (suspenso). 


A FOMENTINVEST comprou 20 por cento do capital à outra para se colocar na corridas às privatizações que agora decorrem.


Ângelo Correia comprou, por seu turno, 25 por cento da NUTROTON, controlado pelo empresário e dirigente do PSD Joaquim Coimbra, empresa aquela que, há muito pouco tempo, tinha a dirigi-la o ex-ministro e ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes.


Mas quem controla, realmente, a FOMENTINVEST? 


Alguns dos principais bancos portugueses, incluindo o BES, com forte participação.


2 - Chegamos ao ponto quente. 


O BES tem estado, praticamente, desde a sua privatização a negócios "obscuros", construídos e apoiados pelo aparelho de Estado, seja ele gerido pelo PS, seja pelo PSD. 


Há meia dúzia de anos, através de uma delegação daquele Banco em Miami, EUA, soube-se que permitiu ao falecido ditador chileno Augusto Pinochet branquear dinheiro que subtraiu ao erário público do Chile.

Foi uma investigação da própria administração norte-americana (uma subcomissão de inquérito do Congresso), que teve de realizar a pedido do governo chileno.



Resultado, veio a saber-se que Pinochet tinha contas em 125 estabelecimentos bancários dos EUA, e, na citada delegação do BES, em valores, para o caso do português, que ultrapassava os três milhões de euros.


Pela mesma altura, foi efectuada uma busca à delegação do BES em Madrid pelas autoridades judiciais espanholas que acusavam a entidade de estar ligada a processos de fraudes fiscais e corrupção.


Entretanto, há mais de três anos, foi referido na imprensa, e confirmado pelos investigadores judiciais, que os responsáveis do BES, BCP, FINIBANCO e BPN, seriam ouvidos pelo Ministério Público no âmbito de uma investigação sobre fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais. 


O caso, que continua em investigação, e nunca mais termina - não é por acaso - refere que a evasão fiscal diz respeito a empresas através de sociedade off-shores. O processo chama-se "Furacão".


Por outro lado, o presidente do BES (Angola), Álvaro Sobrinho, foi constituído arguido num processo que envolve o crime de branqueamento de capitais.


A investigação deste caso terá começado em 2010, e está relacionada com a transferência ilegal de vários milhões de euros do Banco Nacional de Angola, através do BES, para Angola.


Recuemos um ano. O BES interpós uma acção contra o Sistema de Indemnização aos Investidores (SII), reclamando 64,2 milhões de euros pelo accionamento ocasionado pela falência do Banco Privado Português. Ou seja , existe uma ligação entre a actividade daquele banco e o próprio BES.

A última. Soube-se que um administrador do BES de nome Morais Pires está ligado à empresa de branqueamento suíça Akoya Asset Managemente, por lavagem de dinheiro em valores que podem atingir os mil milhões de euros.


A rede era dirigida pelo suíço Michel Canals e tinha ligações ao BPN, via Cabo Verde. 


Está tudo dito, é preciso tirar conclusões.

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