terça-feira, 10 de abril de 2012

PORTUGAL: SEM ACABAR COM A AGIOTAGEM, NÃO HÁ EQUILÍBRIO ORÇAMENTAL



































A - Os trabalhadores são "montes de palha" que se enfaixam e se desenfaixam, como meros bocados de lenha que se deitam ao fogo e para o lixo, quando não servem. 


Eis a mentalidade dessa gentalha que se intitula  de bem e governante deste país, encaixados como moços de fretes de quem nos governa na realidade: a podridão e os agiotas banqueiros.


Temos então desemprego sem aviso e sem indemnização, cortes de subsídios, porque é preciso que quem está com a corda ao pescoço trabalhe quase de borla para essa gente refinada, católica e ladra, que se chama Espírito Santo, Ulrich, Amorim, Belmiro; menos gentes nos hospitais - morram mais cedo em casa - com "alavancas" de "taxas moderadoras" para que não se tenha, como pobre, a "leviandade" de se aproximar das Urgências, menos subsídios de abono de família, para conterem as papas de bébé desnecessárias na alimentação. Ironia? Realidade.


O que representa tudo isto? Tirar a alguém para dar a alguém.


Entremos no real, portanto.


1 - Cada dia que passa, verifica-se o "segredo" da sofreguidão dos banqueiros portugueses pela política de austeridade. 


Forçaram-na, ostensivamente, na parte final do governo do PS, de José Sócrates, exigindo, uns atrás dos outros, em entrevistas televisivas, lideradas por trastes "jornalísticos", estilo Judite de Sousa, e apoiaram, sem reservas, o seu homem de palha actual, Passos Coelho, para o colocar na liderança do governo de Portugal.


Eis o segredo, que agora está, à vista desarmada, perante os portugueses: "Os parasitas banqueiros estão no poder e sugam até ao tutano, as classes trabalhadoras".


O financiamento dos bancos nacionais junto do Banco Central Europeu teve um forte crescimento no mês de Março e atingiu um máximo histórico, superando os 56 mil milhões de euros. 


Qual é a taxa de juro que o BCE empresta aos vigaristas financeiros portugueses?:  1%, não estamos a tirar ao acaso um número. Basta ler o relatório do douto Banco Central.


Quais são os valores a juros que aquela sacanagem empresta ao Estado, às empresa entaladas, ao simples cidadão desprotegido?
 4, 5 e 6 por cento?.


Quanto ganham estes predadores: muitos milhões de milhões de dólares.


E os seus pedidos ao BCE - dívidas privadas - transformam-se em dívida pública. 

As informações são oficiais: De acordo com os dados de segunda-feira, divulgados pelo Banco de Portugal, o financiamento dos bancos portugueses obtido junto do Banco Central Europeu (BCE) no mês passado superou pela primeira vez os 50 mil milhões de euros e marcou um novo máximo histórico.

Só em comparação com Fevereiro deste ano, o penúltimo mês com dados disponíveis, o financiamento terá aumentado em 8.760 milhões de euros, passando dos 47.555 milhões de euros para os 56.315 milhões de euros.

Este aumento deve-se em especial ao acesso dos bancos portugueses às operações de refinanciamento com prazo alargado, sendo que foi precisamente no mês de Março que o BCE realizou um segundo leilão para fornecer empréstimos aos bancos europeus com uma maturidade a três anos, onde acabou por ceder 529,5 mil milhões de euros.

E quanto ficou estipulado pela chamada troica (ou seja o capital financeiro norte-americano e europeu) para ser "doado" aos bancos portugueses, além desse financiamento: 12 mil milhões de dólares.


Na prática, transformada em dívida pública, porque o Estado não nacionalizou os bancos que pediram; emprestou, sem interferir na gestão. 


O lucro destes bancos irá integralmente para os seus accionistas.


2 - O BCE, de Maio a Dezembro de 2010 emprestou um valor que rondou os 72 mil milhões de euros a uma série de países da zona euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, que sacaram o dinheiro a 1%, e o emprestaram ao Estado português - a outros Estados - a 6 e 7 por cento.

Quanto estão a ganhar esses bancos, à custa desse financiamento, que é tirado dos impostos dos reais contribuintes, os dependentes - no activo e na reforma? 


O seu valor concreto ainda não se conhece.

Há um ano atrás, o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, relativo a Março de 2011, referia, concretamente, que o sistema bancário português recebeu do BCE um empréstimo financeiro de 14, 407 mil milhões de euros, e, em 2009, 19,419 mil milhões de euros, e em 2010, subiu para 48,788 milhões de euros. 


O valor do juro estipulado foi de 1%, logo a banca terá de pagar 826 milhões de juros.

No boletim está inserto que esses mesmos bancos concederam empréstimos, com os dinheiros provindo do BCE, a pessoas individuais, empresas e... ao próprio Estado a taxas de juros médias entre 5,05 % e 6,87%. 


Ou seja, em 3 anos, a banca ganhou, em juros, um valor da ordem dos 4,6 mil milhões de euros. 


Com teve de pagar 826 milhões de euros de juros, ficou com um lucro desse empréstimo da ordem dos 3,8 mil milhões de dólares. Isto, portanto, só em pura usura.  

Ou seja, a banca está a ganhar à bruta, apenas com a especulação em torno de dinheiro tirado dos salários, dos impostos, enfim do bolso dos que não podem fugir de pagar: o zé povinho.

3 - Mas então como é: onde está o dinheiro que deu entrada nos bancos, se eles dizem que dão prejuízo? 

Não se deve achar estranho que bancos que, em 2010, deitavam foguetes, a afirmar que davam lucros atrás de lucros e agora dizem que estão a penúria, mas continuam a pedir mais. A exigir mais, mais austeridade?

As notícias apareceram nos jornais em 2010: bancos nacionais lucraram quatro milhões de euros por dia.

Procurem nos jornais de então e confirmem. Eles continuaram a transaccionar e distribuir grossos dividendos.

Estão nos recatos de off-shores, empregues em sistema especulativos internacionais e só retornarão quando o Estado tiveram colocada nas mãos dos banqueiros todos o que dê lucro público em Portugal: desde a saúde, à educação, passando pelas empresas de referência, como a EDP, GALP, CP e a própria Caixa Geral de Depósitos.


3 - Mas, toda esta "austeridade" não era para diminuir a dívida pública? Foi essa a tecla da manipulação das mentes.

A realidade.

A dívida publica em Janeiro de 2012, segundo os dados oficiais, rondaria os 180 mil milhões de euros.

Isto significa mais ou menos 95 por cento do nosso Produto Interno Bruto (PIB).

Desde que Sócrates começou a fazer cortes em subsídios e salários, continuados, à grande e sem descaramento, por Passos Coelho/Cavaco Silva, houve diminuição?  Não, longe disso.

Em 2011, cresceu 63, 331.170 euros; em 2010, cresceu 52.132.112 euros e 2009, 39.113. 457 euros. 

Deixemo-nos de rodriguinhos: estamos na bancarrota. 

Estes homens que nos governam deviam estar todos presos. São uns aldrabões e uns ladrões.

E porque isto acontece?

Porque as receitas são inferiores às despesas.

Então o que nos roubaram não serviu para diminuir a dívida? Não. Serviu apenas para a especulação bancária.

São os jornais do regime que o afirmam:

A prosa é do Público, do rapaz Belmiro:

"A receita do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) caiu nos dois primeiros meses do ano 1,1% face ao período homólogo. Mas não foi apenas o IVA que perdeu colecta. O IRC, imposto sobre o rendimento colectivo, acusou um decréscimo de 46%. A receita fiscal recuou, globalmente, face ao período homólogo para um total de 6259 milhões de euros". 

Pode-se argumentar com estes dados, dizendo que o fim do ano ainda vem longe. Mas o vir, longe significa menos receita.
















4 - Em economia política, não há escapatória, se se quiser ser honesto e recto na apreciação da coisa pública, na defesa do bem-estar social. 

Não há possibilidade de restabelecer o equilíbrio orçamental, ou seja o equilíbrio entre a despesa e receita estatais, sem ferir os interesses do sistema financeiro dominante, sem ferir, em grande os lucros sem conta, dos capitalistas especuladores.

Podem dar-se voltas ao bilhar grande, fazer entrevistas com Barretos, Pachecos Pereiras, Lobos Xavieres, Medina Carreiras e Marcelos, esses seres abjectos "concubinas comentadoras" mimadas do Grande Capital, mas um enquadramento político - ou seja uma mudança política radical - que produza um efeito real no restabelecimento do equilíbrio, sem cortes nos gastos públicos controlados, somente será possível com a evolução total e rápida de  uma fatia substancial, mas substancial, que faça recair os encargos sobre a vadiagem da alta burguesia. 


B - Tem de se ir aos off-shores, aos lucros escondidos, aos cortes na especulação bancária (controlo efectivo dos bancos por parte do Estado, com novo poder político) para obrigar esse dinheiro a entrar nas receitas estatais. 


Sem dó, nem piedade. Sem ter medo de ameaças.


Ora, claro, isto exige outra política, outra orientação, outro tipo de agitação militante, sem pejo de dizer que os partidos do regime são todos, mas todos capitalistas


A fractura para um novo projecto político passa por aqui.

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