sexta-feira, 16 de março de 2012

EUA: O RECEIO DA EXPLOSÃO SOCIAL



A nova arma repressiva do Ministério da Defesa dos EUA


1 - Os políticos fanáticos dos Estados Unidos da América, que fazem pregações laudatórias, de cariz religioso, sobre os direitos humanos e sobre a democracia internacional tutelada por Washington, que vociferam contra a tortura existente em outros países.

Consideram justos, todavia, os massacres e selvajarias que praticam em todo o Mundo, desde o Vietname, Laos, Cambodja até ao Iraque e Afeganistão, passando por Guatánamo e as cadeias secretas instaladas nos países satélites, estão preocupados com a subversão que começam a germinar no seu país, e, naturalmente, no seu "mundo ocidental" que pensam dominar. 


O que estão, portanto, os EUA a magicar, melhor dizendo, a organizar?


O combate interno aos "subversivos", ou seja os que estão (e vão continuar) a contestar a orientação económica e social, degradante para os seus trabalhadores, pensionistas e desempregados. 


Nesse sentido, há poucos dias, a Secretaria da Defesa, o Ministério da Defesa, na sigla portuguesa, da Administração Obama (esse falcão pró-capitalista, disfarçado de cordeiro, de bonzinho, que não consegue avançar com as suas ideias...) mostrou - e exibiu como um trunfo e troféu - um canhão electromagnético, capaz de projectar um potente raio térmico que atinge uma distância de 1 quilómetro. 


O canhão, que, na simbologia do Pentágono, se chama Active Denial System, será uma arma com forte poder de provocar dor, quando lançado contra uma pessoa. 


Ficará instalado em viaturas móveis e será colocado à disposição das forças de segurança para dispersar concentrações. 


Só na investigação em torno desta arma anti-motim, foram gastos - e os números oficiais são do Pentágono - 100 milhões de dólares.


Mas o que está a preocupar os magnates norte-americanos e os seus sequazes do Senado, da Câmara dos Representantes e do governo de Obama? 


A crescente agitação social e os índices em incremento exponencial dos pobres e sem abrigo, que proliferam por todos os Estados, alguns dos quais, bem como cidades importantes, já declararam a bancarrota. 


Praticamente, por todo os Estados Unidos, mas centrado, no início, "bunker" da actividade especulativa financeira desarvorada de Wall Street, em Nova Iorque, ou seja contestando, abertamente, o sistema político e económico, surgiram concentrações de milhares de pessoas, que receberam o nome de Ocuppy. 


Embora tivesse perdido fulgor - ou desaparecido das ruas centrais por força da actividade policial - o movimento tinha um cunho de ruptura política, claro que desordenado e sem uma reivindicação específica de outro poder, mas que apelava para um corte com todo o sistema financeiro baseado na especulação, controlada pelo poderoso lobby judaico. 


A situação real, concreta do país não é brilhante. 


A dívida pública dos EUA já ultrapassa os 15 biliões de dólares, e essa dívida aumentou, tremendamente, porque a Administração do país, em conjunção com a Reserva Federal (o Banco Central privado, dos grandes capitalistas financeiros judeus) decidiu emitir títulos de dívida a granel, que vendeu, essencialmente, a credores estrangeiros (China, Japão, Brasil, países do Golfo) para injectar dinheiro nos grandes bancos e seguradoras, que pertencem ao mesmo grupo capitalista, retirando direitos e garantias às classes trabalhadoras e à pequena burguesia ( em salários, serviços sociais, apoios estatais, etc). 


Para se ter uma ideia da sua grandiosidade, pode dizer-se que aquele valor é quase idênticos ao do Produto Interno Bruto norte-americano. 


Convém referir que a dívida duplicou entre 2000 e 2010. 


Quais são os resultados práticos para os "de baixo" na escala social? 


Um relatório, emitido em Dezembro último, pelo Congresso dos Autarcas dos EUA, que se baseou num inquérito efectuado em 29 cidades, integrantes deste conclave (para um período de 1 de Setembro de 2010 a 31 de Agosto de 2011), os dados assinalam que os pedidos de assistência alimentar aumentar 15,5 %  só em 2010 e o número de pessoas que ficaram sem casa cresceu 16 %. 


A agência noticiosa oficial norte-americana, Associated Press (AP), baseando-se em estatísticas oficiais, divulgou em Dezembro passado que metade da população norte-americana é considerada "pobre" ou de "baixo rendimento". 


Foi informado ainda que se verificou um aumento extraordinário de jovens (menos de 14 anos), como estando na condição de sem abrigo (em família ou individual). 


Entre 2007 e 2010, deu-se um aumento de casos em 38 %.


Comparando a globalidade das pessoas do país nessa idade, ressalta-se que um em cada 45 crianças estão a viver "na rua" ou em abrigos improvisados, como caravanas. 


E isto tanto em cidades como Detroit ou, por exemplo, Salt Lake City. 


No último recenseamento suplementar feito nos EUA, foram referenciados 49,1 milhões de pobres e 97,3 milhões de pessoas de "baixo rendimento".


( O baixo rendimento, em termos monetários, é apresentado numa escala de 100% a 200% inferior ao rendimento do "pobre"). 


Ora, os cortes em dinheiro e em direitos e regalias laborais e sociais, embora os meios de comunicação social não o tenham divulgado, trouxe, em 2011, uma agitação social, particularmente intensa nos Estados do Midwest, ou seja os do interior. 


Tudo começou no Wisconsin, quando os parlamentares republicanos decidiram colar em debate, para aprovação, a proibição do direito à greve na Função Pública, e a restrição à negociação colectiva naquele sector profissional. 


Milhares de pessoas saíram à rua. O objectivo dos parlamentares era evitar o protesto contra os cortes salariais, preconizados pelo governo do Estado. 


O movimento alastrou ao Ohio, pelas mesma razões. Durante vários dias, em Columbus, mais de 10 mil pessoas (dados policiais) concentraram-se junto ao Parlamento local em sinal de protesto. 


A contestação saltou depois para o Estado de Indiana, com os mesmos argumentos. No rescaldo, este fermento de "subversão" atravessou 16 Estados.  


Naturalmente, pouco sabemos destes factos.



Ataque talibã ao hotel Cabul, em pleno centro da capital afegã



2 - Mas as preocupações do sistema político e económico não são, apenas e só, essencialmente, internas. 


No princípio desta semana, a actual secretária de Estado norte-americana (MNE; em português), Hillary Clinton, que foi preterida pelo lobby financeiro judeu a favor do então obscuro senador de Chicado Barack Obama nas anteriores eleições presidenciais norte-americanas, e como "prémio" da sua submissão recebeu aquele cargo, transformando-se em "falcão" da política externa do país, reuniu-se em conferência de orientação global com os embaixadores dos Estados Unidos no Mundo. 


Na sua intervenção, reconheceu que "ao observar" as "transformações" que se estar a dar a nível internacional (políticas, económicas e geo-estratégicas) estão a produzir "o aumento de novos poderes", que enquadram um "novo traçado estratégico". 


Apesar desta constatação, que é, acima de tudo, preocupação, a Clinton pensa que os EUA os senhores mundiais, mas confessa, nas entrelinhas, que o seu país, com "farol imperial", está a ficar isolado. 


"O elemento crítico"  para o papel dos EUA no Afeganistão, avançou a secretária de Estado de Washington (claro que não podia afirmar em todo o Grande Médio-Oriente, pois teria de admitir que foi escorraçada do Iraque, e, pelo menos, por agora, baqueou a manipulação em torno da destabilização da Síria) será o êxito de conseguirem que o actual poder de Cabul consiga manter-se sozinho (pura utopia), e, para isso, - ressaltou - tem de haver "mais apoio financeiro por parte de outros países para as forças de segurança", após a saída forçada das tropas da NATO em 2014, se lá chegarem. 


Ou seja Clinton sabe que o papel da "liderança" mundial está a *dar o berro*. 


"Hoje, no Médio-Oriente, norte de África e em outras partes, os governos estão a questionar a convivência do apoio norte-americano a organizações da sociedade civil", frisou (melhor confissão não poderia sair de uma petulante que sustenta que o seu país representa "o sol da Terra". 


Os ratos dos seus aliados - e eles próprios - estão a prepara-se para abandonar o barco, mas só não o podem fazer, porque seria o descalabro total imediato do poder imperial de Washington.





 


3-E o poder imperial norte-americano está a deteriorar-se, precisamente, pelo lado da economia. 


Um dos elos mais fortes desse poder estava, até alguns anos atrás, no papel chave que a sua moeda - o dólar-desempenhava nas relações comerciais e de crédito e débito no mundo. 


Hoje, o dólar enfraqueceu o seu papel como unidade universal de referência. 


Com a ascensão do euro nos últimos 10 anos, e, a atracção que estava a exercer, como moeda de troca, nas relações mercantis e comerciais internacionais, o centro capitalista de Wall Street concentrou-se, no último ano, na desarticulação da moeda europeia e da própria zona euro, com a cumplicidade descarada da Grã-Bretanha. 


Não conseguiu os seus intentos, mas criou-lhe imensos problemas e continua a tentar levar a bom porto os seus intentos. 


Mas, a questão já não é só do euro. 


Os chamados países do BRICS vão realizar, a 29 de Março, em Nova Deli, uma cimeira para assinar um acordo cujo objectivo principal é reduzir a utilização da moeda norte-americana nos actos comerciais entre si, mas também no usufruto de concessão de crédito nas divisas nacionais.


Os analistas deste conjunto de países (Brasil, Rússia, China e África do Sul) sustentaram, quando começaram a prepara esta cimeira, que tal mudança não irá trazer riscos por aí além e o afastamento do dólar irá libertá-los, progressivamente, do controlo asfixiante da grande finança de Wall Street.


(A China que é o principal credor da dívida norte-americana tem vindo a desfazer-se rapidamente dos títulos de Tesouro norte-americanos, que, só no ano passado, o fez em cerca de 10%). 


Ora, é a própria China que está à cabeça desta operação conjunta de afastamento do dólar. 


Embora nos últimos meses, as estatísticas norte-americanas apresentem alguns dados de recuperação da economia, os especialistas receiam que essa recuperação não possa ser sustentada nos próximos anos. 


E este facto está ligado, justamente, ao pouco incremento da produção nacional, ao crescimento da dívida, ao enfraquecimento da moeda e às dificuldades crescentes da balança comercial. 


De acordo com o Departamento do Comércio dos Estados Unidos (Ministério da Economia), segundo os dados divulgados em Fevereiro deste ano, os resultados da sua balança comercial relativos a 2011 registaram um défice de 726,3 mil milhões de dólares, ou seja um crescimento de 14,46 % face ao ano anterior, cujo valor atingiu os 634,5 milhões. 


As exportações, em 2011, trouxeram, para o país, um valor de 1,49 biliões de dólares, face aos 1,27 biliões de 2010 (aumento de 15,8 %), mas as importações subiram para 2,20 biliões (15,40 % - 1,91 biliões).  


Mas a questão central económica (que, por tabela, atinge o domínio da política e da geo-estratégia) está relacionada com a evolução e mudanças no domínio das matérias-primas, em particular a energia, que está a abrir um período de tensões internacionais de grau elevado, que ultrapassa todas as crises anteriores. 


Esta questão, nos próximos anos, irá determinar as grandes variações a introduzir no comércio, indústria e finança internacionais. 


Certamente irá trazer abalos de tão maneira elevados e imprevisíveis no monopólio da finança internacional, sedeada em Wall Street ( e secundariamente na City londrina, esta já em crise larvar muito mais avançada), que irá exarcebar, numa amplitude sem precedentes, a concorrência desenfreada que já se desenha entre os EUA, A UE, a China e a Rússia. 


E numa escala menor, com os países em ascensão, como o Brasil, a Índia e a África do Sul.





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