quinta-feira, 29 de março de 2012

AS MULHERES SÃO IGUAIS AOS HOMENS NA DEFESA DO CAPITAL



1 - São as mulheres diferentes quando ascendem ao poder em regime capitalista, quer sob a forma de ditadura ou de democracia?


Não,  estão em perfeita igualdade com os homens na sua função de gerentes do Capital.


Estar uma mulher a exercer um cargo político, económico ou social de representação dos interesses do grande Capital, não traz qualquer valor acrescentado à caminhada delas pela sua libertação. Pelo contrário, tornam-se tão reaccionárias e retrógradas como os seus compinchas homens.


A igualdade das mulheres não se alcança com a ascensão ao estatuto de gerente do capitalismo, mas sim como lutadoras pela causa da libertação humana da exploração.

2 - Os exemplos são eloquentes e deveriam fazer reflectir não só as mulheres, mas também os homens sobre o seu real papel na sociedade.


Vem isto a propósito da greve geral que hoje atravessa Espanha e domina, em grande medida, os noticiários internacionais.


A Ministra Espanhola do Emprego, Fátima Bánez, afirmou, quinta-feira, que a reforma laboral no país "é imparável".


As declarações da ministra Bánez foi realiza, em conferência de imprensa, no Congresso dos Deputados, depois de começar a greve geral, convocada pelas dias principais centrais sindicais de Espanha, Comissiones Obreras e Union Geral de Trabajadores.


Recordem-se de Margaret Thatcher, que apoiou, sem quaisquer reservas, a pior politica neo-liberal do Reino Unido, esteve na primeira linha da defesa do guerra contra o Iraque e impulsionou a guerra da Malvinas contra a Argentina. 


Foi a política inglesa defensora número um pela libertação do ditador fascista Augusto Pinochet, quando esteve preso na Grã-Bretanha.





Tal como Reagan, ou Pinochet, Thatcher era uma gerente encarniçada do Capital e nunca esteve ao lado da libertação do ser humano das garras da exploração.






domingo, 25 de março de 2012

CARGA POLICIAL: O CINISMO DOS APOLOGISTAS DO REGIME





 

Carga policial no Chiado, Lisboa, na quinta-feira sobre jornalistas


1 - A 13 de Dezembro de 2008, Jorge Sampaio, então Presidente da República, foi o primeiro Chefe de Estado portugueses a visitar o quartel do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP, particularmente, vocacionado para a defesa da "chamada segurança nacional portuguesa", tecendo largados elogios aquele corpo de intervenção policial e das suas actuações *musculadas", sustentando que recebem um "treino muito forte e muito apertado" para desempenharem as funções em defesa do regime.


Acrescentou que esses polícias de choque deveriam estar "devidamente equipados" e actuantes.


Fazia-se acompanhar - para não esquecer - pelo então Ministro da Administração Interna (MAI) António Costa e José Magalhães, que exercia o cargo governamental de Secretário de Estado da Administração Interna. 


2 - Há dois dias, em *calças de ganga* de democrata, puxava de galões de grande activista de resistência à ditadura, participando num almoço que juntou alguns dos chamados "protagonistas" da crise académica de 1962, onde ele se incluía, juntamente com outros arautos do actual regime, como os ex-Ministros Medeiros Ferreira e Vera Jardim e aprovaram, de peito feito, uma moção de repúdio pelos actos de violência policial (realmente bem treinados e equipados!!!) de quinta-feira passada, e, enviaram a respectiva moção para os principais órgãos de soberania.


 
A moção foi aprovada na sequência de um almoço, na cantina da Cidade Universitária, em Lisboa, que hoje reuniu mais de 400 estudantes que há 50 anos realizaram «luto académico» após uma carga policial na alameda do Campo Grande.
Aspecto da reunião de alunos em 1962

«Há dois dias, vimos nas televisões as imagens de polícias carregando de novo sobre jovens, com uma violência desmedida e desproporcionada. Mais vimos o espancamento de jornalistas, pondo em risco a isenta cobertura da carga policial», refere a moção aplaudida entre as mais de 400 pessoas, incluindo os supracitados e ainda o Provedor de Justiça Alfredo José de Sousa.

Afirmaram os antigos oposicionistas que «os jovens de 1962 não podem tolerar em democracia o que repudiavam em ditadura», e assim decidiram em primeiro lugar «manifestar o seu repúdio pelos actos de violência policial verificados em Lisboa e Porto a 22 de Março de 2012».

No segundo ponto da moção, foi ainda decidido «dar conhecimento desse repúdio a Suas Excelências o Presidente da República, a Presidente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro; o Ministro da Administração Interna, o Inspector-Geral da Administração Interno e o Sr. Provedor de Justiça, assim como aos órgãos de Comunicação Social».

Na quinta-feira à tarde, em dia de greve geral convocada pela CGTP, a Polícia de Segurança Pública (PSP) e várias pessoas ligadas à plataforma 15 de Outubro envolveram-se em confrontos junto ao Largo do Chiado, em plena baixa lisboeta.

Durante os confrontos entre manifestantes e polícias, os fotojornalistas José Sena Goulão (da agência Lusa) e Patrícia de Melo Moreira (da France Presse), que se encontravam no local a fazer a cobertura do acontecimento, foram agredidos pelas forças policiais.


sexta-feira, 16 de março de 2012

EUA: O RECEIO DA EXPLOSÃO SOCIAL



A nova arma repressiva do Ministério da Defesa dos EUA


1 - Os políticos fanáticos dos Estados Unidos da América, que fazem pregações laudatórias, de cariz religioso, sobre os direitos humanos e sobre a democracia internacional tutelada por Washington, que vociferam contra a tortura existente em outros países.

Consideram justos, todavia, os massacres e selvajarias que praticam em todo o Mundo, desde o Vietname, Laos, Cambodja até ao Iraque e Afeganistão, passando por Guatánamo e as cadeias secretas instaladas nos países satélites, estão preocupados com a subversão que começam a germinar no seu país, e, naturalmente, no seu "mundo ocidental" que pensam dominar. 


O que estão, portanto, os EUA a magicar, melhor dizendo, a organizar?


O combate interno aos "subversivos", ou seja os que estão (e vão continuar) a contestar a orientação económica e social, degradante para os seus trabalhadores, pensionistas e desempregados. 


Nesse sentido, há poucos dias, a Secretaria da Defesa, o Ministério da Defesa, na sigla portuguesa, da Administração Obama (esse falcão pró-capitalista, disfarçado de cordeiro, de bonzinho, que não consegue avançar com as suas ideias...) mostrou - e exibiu como um trunfo e troféu - um canhão electromagnético, capaz de projectar um potente raio térmico que atinge uma distância de 1 quilómetro. 


O canhão, que, na simbologia do Pentágono, se chama Active Denial System, será uma arma com forte poder de provocar dor, quando lançado contra uma pessoa. 


Ficará instalado em viaturas móveis e será colocado à disposição das forças de segurança para dispersar concentrações. 


Só na investigação em torno desta arma anti-motim, foram gastos - e os números oficiais são do Pentágono - 100 milhões de dólares.


Mas o que está a preocupar os magnates norte-americanos e os seus sequazes do Senado, da Câmara dos Representantes e do governo de Obama? 


A crescente agitação social e os índices em incremento exponencial dos pobres e sem abrigo, que proliferam por todos os Estados, alguns dos quais, bem como cidades importantes, já declararam a bancarrota. 


Praticamente, por todo os Estados Unidos, mas centrado, no início, "bunker" da actividade especulativa financeira desarvorada de Wall Street, em Nova Iorque, ou seja contestando, abertamente, o sistema político e económico, surgiram concentrações de milhares de pessoas, que receberam o nome de Ocuppy. 


Embora tivesse perdido fulgor - ou desaparecido das ruas centrais por força da actividade policial - o movimento tinha um cunho de ruptura política, claro que desordenado e sem uma reivindicação específica de outro poder, mas que apelava para um corte com todo o sistema financeiro baseado na especulação, controlada pelo poderoso lobby judaico. 


A situação real, concreta do país não é brilhante. 


A dívida pública dos EUA já ultrapassa os 15 biliões de dólares, e essa dívida aumentou, tremendamente, porque a Administração do país, em conjunção com a Reserva Federal (o Banco Central privado, dos grandes capitalistas financeiros judeus) decidiu emitir títulos de dívida a granel, que vendeu, essencialmente, a credores estrangeiros (China, Japão, Brasil, países do Golfo) para injectar dinheiro nos grandes bancos e seguradoras, que pertencem ao mesmo grupo capitalista, retirando direitos e garantias às classes trabalhadoras e à pequena burguesia ( em salários, serviços sociais, apoios estatais, etc). 


Para se ter uma ideia da sua grandiosidade, pode dizer-se que aquele valor é quase idênticos ao do Produto Interno Bruto norte-americano. 


Convém referir que a dívida duplicou entre 2000 e 2010. 


Quais são os resultados práticos para os "de baixo" na escala social? 


Um relatório, emitido em Dezembro último, pelo Congresso dos Autarcas dos EUA, que se baseou num inquérito efectuado em 29 cidades, integrantes deste conclave (para um período de 1 de Setembro de 2010 a 31 de Agosto de 2011), os dados assinalam que os pedidos de assistência alimentar aumentar 15,5 %  só em 2010 e o número de pessoas que ficaram sem casa cresceu 16 %. 


A agência noticiosa oficial norte-americana, Associated Press (AP), baseando-se em estatísticas oficiais, divulgou em Dezembro passado que metade da população norte-americana é considerada "pobre" ou de "baixo rendimento". 


Foi informado ainda que se verificou um aumento extraordinário de jovens (menos de 14 anos), como estando na condição de sem abrigo (em família ou individual). 


Entre 2007 e 2010, deu-se um aumento de casos em 38 %.


Comparando a globalidade das pessoas do país nessa idade, ressalta-se que um em cada 45 crianças estão a viver "na rua" ou em abrigos improvisados, como caravanas. 


E isto tanto em cidades como Detroit ou, por exemplo, Salt Lake City. 


No último recenseamento suplementar feito nos EUA, foram referenciados 49,1 milhões de pobres e 97,3 milhões de pessoas de "baixo rendimento".


( O baixo rendimento, em termos monetários, é apresentado numa escala de 100% a 200% inferior ao rendimento do "pobre"). 


Ora, os cortes em dinheiro e em direitos e regalias laborais e sociais, embora os meios de comunicação social não o tenham divulgado, trouxe, em 2011, uma agitação social, particularmente intensa nos Estados do Midwest, ou seja os do interior. 


Tudo começou no Wisconsin, quando os parlamentares republicanos decidiram colar em debate, para aprovação, a proibição do direito à greve na Função Pública, e a restrição à negociação colectiva naquele sector profissional. 


Milhares de pessoas saíram à rua. O objectivo dos parlamentares era evitar o protesto contra os cortes salariais, preconizados pelo governo do Estado. 


O movimento alastrou ao Ohio, pelas mesma razões. Durante vários dias, em Columbus, mais de 10 mil pessoas (dados policiais) concentraram-se junto ao Parlamento local em sinal de protesto. 


A contestação saltou depois para o Estado de Indiana, com os mesmos argumentos. No rescaldo, este fermento de "subversão" atravessou 16 Estados.  


Naturalmente, pouco sabemos destes factos.



Ataque talibã ao hotel Cabul, em pleno centro da capital afegã



2 - Mas as preocupações do sistema político e económico não são, apenas e só, essencialmente, internas. 


No princípio desta semana, a actual secretária de Estado norte-americana (MNE; em português), Hillary Clinton, que foi preterida pelo lobby financeiro judeu a favor do então obscuro senador de Chicado Barack Obama nas anteriores eleições presidenciais norte-americanas, e como "prémio" da sua submissão recebeu aquele cargo, transformando-se em "falcão" da política externa do país, reuniu-se em conferência de orientação global com os embaixadores dos Estados Unidos no Mundo. 


Na sua intervenção, reconheceu que "ao observar" as "transformações" que se estar a dar a nível internacional (políticas, económicas e geo-estratégicas) estão a produzir "o aumento de novos poderes", que enquadram um "novo traçado estratégico". 


Apesar desta constatação, que é, acima de tudo, preocupação, a Clinton pensa que os EUA os senhores mundiais, mas confessa, nas entrelinhas, que o seu país, com "farol imperial", está a ficar isolado. 


"O elemento crítico"  para o papel dos EUA no Afeganistão, avançou a secretária de Estado de Washington (claro que não podia afirmar em todo o Grande Médio-Oriente, pois teria de admitir que foi escorraçada do Iraque, e, pelo menos, por agora, baqueou a manipulação em torno da destabilização da Síria) será o êxito de conseguirem que o actual poder de Cabul consiga manter-se sozinho (pura utopia), e, para isso, - ressaltou - tem de haver "mais apoio financeiro por parte de outros países para as forças de segurança", após a saída forçada das tropas da NATO em 2014, se lá chegarem. 


Ou seja Clinton sabe que o papel da "liderança" mundial está a *dar o berro*. 


"Hoje, no Médio-Oriente, norte de África e em outras partes, os governos estão a questionar a convivência do apoio norte-americano a organizações da sociedade civil", frisou (melhor confissão não poderia sair de uma petulante que sustenta que o seu país representa "o sol da Terra". 


Os ratos dos seus aliados - e eles próprios - estão a prepara-se para abandonar o barco, mas só não o podem fazer, porque seria o descalabro total imediato do poder imperial de Washington.





 


3-E o poder imperial norte-americano está a deteriorar-se, precisamente, pelo lado da economia. 


Um dos elos mais fortes desse poder estava, até alguns anos atrás, no papel chave que a sua moeda - o dólar-desempenhava nas relações comerciais e de crédito e débito no mundo. 


Hoje, o dólar enfraqueceu o seu papel como unidade universal de referência. 


Com a ascensão do euro nos últimos 10 anos, e, a atracção que estava a exercer, como moeda de troca, nas relações mercantis e comerciais internacionais, o centro capitalista de Wall Street concentrou-se, no último ano, na desarticulação da moeda europeia e da própria zona euro, com a cumplicidade descarada da Grã-Bretanha. 


Não conseguiu os seus intentos, mas criou-lhe imensos problemas e continua a tentar levar a bom porto os seus intentos. 


Mas, a questão já não é só do euro. 


Os chamados países do BRICS vão realizar, a 29 de Março, em Nova Deli, uma cimeira para assinar um acordo cujo objectivo principal é reduzir a utilização da moeda norte-americana nos actos comerciais entre si, mas também no usufruto de concessão de crédito nas divisas nacionais.


Os analistas deste conjunto de países (Brasil, Rússia, China e África do Sul) sustentaram, quando começaram a prepara esta cimeira, que tal mudança não irá trazer riscos por aí além e o afastamento do dólar irá libertá-los, progressivamente, do controlo asfixiante da grande finança de Wall Street.


(A China que é o principal credor da dívida norte-americana tem vindo a desfazer-se rapidamente dos títulos de Tesouro norte-americanos, que, só no ano passado, o fez em cerca de 10%). 


Ora, é a própria China que está à cabeça desta operação conjunta de afastamento do dólar. 


Embora nos últimos meses, as estatísticas norte-americanas apresentem alguns dados de recuperação da economia, os especialistas receiam que essa recuperação não possa ser sustentada nos próximos anos. 


E este facto está ligado, justamente, ao pouco incremento da produção nacional, ao crescimento da dívida, ao enfraquecimento da moeda e às dificuldades crescentes da balança comercial. 


De acordo com o Departamento do Comércio dos Estados Unidos (Ministério da Economia), segundo os dados divulgados em Fevereiro deste ano, os resultados da sua balança comercial relativos a 2011 registaram um défice de 726,3 mil milhões de dólares, ou seja um crescimento de 14,46 % face ao ano anterior, cujo valor atingiu os 634,5 milhões. 


As exportações, em 2011, trouxeram, para o país, um valor de 1,49 biliões de dólares, face aos 1,27 biliões de 2010 (aumento de 15,8 %), mas as importações subiram para 2,20 biliões (15,40 % - 1,91 biliões).  


Mas a questão central económica (que, por tabela, atinge o domínio da política e da geo-estratégia) está relacionada com a evolução e mudanças no domínio das matérias-primas, em particular a energia, que está a abrir um período de tensões internacionais de grau elevado, que ultrapassa todas as crises anteriores. 


Esta questão, nos próximos anos, irá determinar as grandes variações a introduzir no comércio, indústria e finança internacionais. 


Certamente irá trazer abalos de tão maneira elevados e imprevisíveis no monopólio da finança internacional, sedeada em Wall Street ( e secundariamente na City londrina, esta já em crise larvar muito mais avançada), que irá exarcebar, numa amplitude sem precedentes, a concorrência desenfreada que já se desenha entre os EUA, A UE, a China e a Rússia. 


E numa escala menor, com os países em ascensão, como o Brasil, a Índia e a África do Sul.





terça-feira, 13 de março de 2012

GOVERNO: HENRIQUE GOMES, O ELO MAIS FRACO DA ESPECULAÇÃO



1 - Escrevíamos, no texto anterior, que a actual gestão do aparelho de Estado português (governo, Presidência da República, governador do Banco de Portugal) se convertera e institucionalizara como instituição política de um regime transformado em estrutura societária da especulação bancária e bolsista para explorar os valores patrimoniais nacionais portugueses produtores de riqueza.


A demissão anunciada à socapa do Secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, vem colocar na "ORDEM DO DIA", precisamente,  o que afirmávamos. 


Denunciou o demissionário, ainda que centrado apenas num conglomerado produtivo, a EDP, a empresa que até há pouco tempo era pública, mas foi transaccionada para satisfazer os interessados da alta finança portuguesa e estrangeira, à custa da exploração do Estado, e, essencialmente, dos contribuintes, a quem são roubados salários e pensões, e retirados direitos sociais.


Henrique Gomes não fez isto, porque seja um arauto da defesa dos interesses das classes trabalhadoras, longe disso, ele pensava que podia representar os interesses da produção industrial, ou seja da burguesia industrial, preconizando apoios noutros sectores produtores energéticos. 


Claro, que, secundariamente, punha em causa a rapinagem, a vampiragem que as alta burguesia ligada à especulação e à finança suga do trabalhador português.


Tal como afirmávamos, o Ministro da Economia percebeu, a tempo, o puxão de orelhas do seu Primeiro-Ministro: Quem está em primeiro lugar é  a banca e a especulação financeira. Álvaro Santos Pereira atirou pela borda fora o seu adjunto.


Trocou-o por uma pseudo-regulador do sistema eléctrico, Artur Trindade.


Ele irá cumprir, fielmente, os ditames dos especuladores:  
nós somos os dominadores da coisa pública.


Claro que Henrique Gomes não explicou porque saiu. Fica-se pela velha frase "motivos pessoais e familiares".


Mas, a imprensa foi buscar um discurso, que ele proferiu, há pouco dias, no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), que criticava, precisamente, os dominantes económicos do regime.


Cito o comentário a TVI, que divulgou o documento, que o Primeiro-Ministro não queria que se conhecesse.

"Henrique Gomes saiu, mas deixou um discurso que acabou por não ser proferido, a que TVI teve acesso em exclusivo.


O discurso não foi lido em voz alta, mas a mensagem é bem audível. Sobretudo para os produtores de energia.

Henrique Gomes garante que é preciso «eliminar as rendas excessivas do sector e os lucros excessivos». Em suma, é um «sector protegido». No documento, Henrique Gomes sai em defesa dos consumidores, sobrecarregados, com custos excessivos.

E dá números. Em 2010, afirma, a factura da electricidade já era superior às despesas das famílias com educação e aproximava-se dos gastos com a saúde.

Escreve o ex-secretário de Estado que «as rendas excessivas desviam da economia e das famílias recursos que ascendem a cerca de 3500 milhões de euros até 2020, o que representa uma renda anual de 370 milhões de euros».

Mas as piores notícias estão já perto do final do discurso. 


Se o Estado continuar a pagar mais do que deve e se o consumo de energia continuar a cair os preços da electricidade, em 2013, poderão subir cerca de 26 por cento.

Mas se a opção for colocar parte deste aumento no défice tarifário o agravamento, ainda assim, nunca seria inferior a 11 por cento.

O discurso torna ainda mais evidente o braço de ferro que Henrique Gomes travava com os produtores de energia: EDP à cabeça.

Henrique Gomes pediu um estudo a peritos da Universidade de Cambridge que concluía que, entre outras empresas do sector, a EDP recebia rendas excessivas do Estado.

Mas um dia depois de a TVI ter divulgado, em exclusivo, o estudo já António Mexia, (o homem forte da especulação financeira na EDP; explicação minha), o criticava fortemente e até já sabia que seria ignorado pelo Governo. «O estudo tem erros grosseiros», disse Mexia.

O documento que respondia a uma das exigências da troica, avaliou os custos das rendas que o Estado paga aos produtores de electricidade. E o objectivo seria o corte dessas rendas em 2 mil 500 milhões de euros.

Mas não foi o primeiro embate com a eléctrica. Em Outubro, o secretário de Estado da Energia propôs aplicar uma taxa adicional à EDP que aliviava os bolsos dos consumidores.

Mas a taxa não avançou. E já nessa altura o secretário de Estado terá ameaçado bater com a porta.

Em jeito de acto final, recentemente, em entrevista ao Jornal de Negócios acusava a EDP de ter excessivo poder de mercado e de influência".





 




Presidente executivos mais bem pagos 

Empresa

Valor mensal (euros)

Média da empresa (euros)
EDP
221 675 
2608
Portugal Telecom
107 559
1022
Galp Energia
102 929
2062
Semapa
91 960
1551
Cimpor
84 725
1388




2 - Esta demissão traz para primeiro plano a chamada política de privatizações, que envolve transportes (terrestres, marítimos e aéreos), bem como o sector de controlo aero-portuário e a televisão pública, além de outras empresas, incluindo a maior financeira, ainda em poder do Estado, a Caixa Geral de Depósitos e às Águas.

Os abutres da alta burguesia financeira estão à espera de abocanhar, por preços irrisórios, os sectores mais importantes da capacidade produtiva do país.



Este vampirismo avassalador está, todavia, a tornou insuportável a vida das classes laboriosas e mesmo da pequena burguesia. 


É natural que este açambarcamento sem qualquer pejo de moralidade pública seja um abrir de olhos para movimentações e actos de rebeldia que os detentores do poder não possam vir a controlar.





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segunda-feira, 12 de março de 2012

QREN: A GOVERNAÇÃO SOMENTE SERVE A BANCA



1 - Quando se analisam as divergências surgidas no interior do governo sobre o controlo dos fundos comunitários, (O QREN, quadro comunitário de Referência Estratégia Nacionla,  para o periodo 2007/2013, representam um investimentos europeu da ordem dos 21,5 mil milhões de euros), tendo como pano de fundo os Ministérios das Finanças e Economia, não nos devemos, essencialmente, centrar numa luta de galos em torno apenas de um controlo de um poleiro económico para a distribuição de subsídios.


Temos de determinar um percurso social em que o país entrou, definitivamente, depois de se terem sido feitos todos os ajustamentos económicos e políticos desde o 25 de Novembro de 1975, com a vitória da contra-revolução.

O avanço revolucionário que se deu em Portugal no dia 26 de Abril de 1974 (repito 26 de Abril) ao surgir um caudal de reivindicações populares, que abriu caminho a certas conquistas.

Todavia não consolidou, nem edificou uma revolução, pelo contrário, com as hesitações, as contradições no interior da classe política que se enredara, nas suas diferentes fracções, no poder, as próprias ilusões de práticas e ideias políticas por vezes sustentadas em relações sócio-económicas que não atingiram agudizações que pudessem extremar as contradições classistas para um claro campo revolucionário, fez com que os adeptos da contra-revolução afastassem, com demasiada facilidade, o progresso que se queria criar, em nome da uma falsa estabilidade governativa, enquadrada por uma democracia formal dita representativa.

Depois de uma fase de décadas de instalação do poder capitalista integral em Portugal, em sintonia com o capitalismo liberal, instalação esta sempre propagandeada em nome da democracia, da Constituição de 1976, adaptada, lentamente, ao novo sistema, mas mantendo no seu preâmbulo “um projecto de constituição do socialismo”, com o actual governo foi referendado o domínio total da alta burguesia financeira.

Ora, o episódio, que está subjacente às querelas pelo controlo dos dinheiros do QREN, tem, acima de tudo, a razão de ser de quem realmente domina e governa o país. Não é este ou aquele ministro em particular. E, isto é que devemos analisar e sobre ele meditar. 


Depois da ascensão do actual governo ao poder executivo, verificamos um facto novo, que começava a tomar forma, na fase final da governação Sócrates, a finança nacional foi, desde a fase pré-eleitoral após a queda socrática, a preocupação central dos próceres de Passos Coelho


Mais do que tomar as rédeas ao incremento da produção nacional, o centro político está "enfronhado" no aproveitamento de todos os dinheiros públicos - mesmo aqueles que roubam descaradamente aos trabalhadores - para satisfazer os apetites da burguesia financeira especulativa.


E ao atribuir o poder último de decisão sobre a distribuição dos dinheiros comunitários ao Ministério das Finanças, o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, fez questão de colocar a razão central da sua política económica no eixo da sua actividade executiva: em primeiro lugar, estão os banqueiros e a alta finança especulativa. Tanto Coelho, como Gaspar, são os expoentes firmes governamentais daqueles.


Passos Coelho foi linear, instrutivo e não desautorizou, ideológica e políticamente, o seu Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que, como pensador "académico" da assunção ao poder económico pela casta financeira especulativa, se vergou aos ditames do que defende. Ele entrou no governo, justamente, porque era "representante" teórico dessa fracção da grande burguesia. 
   
A questão de gestão do QREN, neste caso, é uma "particularidade" secundária das vaidades pessoais da governação de uma personalidade sobre outra. 


Naturalmente, o chefe do governo chamou Santos Pereira "à realidade": tu estás no governo para servir o domínio da finança, e é a razão de estares cá dentro, pois se fores colocado fora, também na tua vida profissional eras sofrer as agruras de uma eventual postura de rebeldia.


Certamente, o homem da academia sabe que a fracção burguesa que "estrangula" o poder Estado - os banqueiros, os especuladores bolsistas, os grandes capitalistas domésticos, estão ligados a essa especulação e às acções da bolsa - e não brinca em serviço: quer que aqueles que escolheram para gerir o aparelho de Estado, desde a Presidência da República ao governo, juntando o Banco de Portugal, sirvam para canalizar o dinheiro público (em primeiro lugar, incluindo o comunitário) para os objectivos de enriquecimento que preconizaram com o chamado cumprimento do pagamento da dívida pública (que era, na sua maioria, a dívida privada bancária tornada pública para os servir).





2 - Segundo a lei orgânica do Ministério da Economia, gerido por Santos Pereira, seria a este que deveria “assegurar a gestão estratégica e a aplicação dos fundos nacionais e comunitários afectos às políticas dos sectores tutelados, incluindo a coordenação da Comissão Ministerial de Coordenação do Quadro de Referência Estratégico Nacional”.


Ora, isto em perspectiva de economia política, deveria ser destinado a um impulso produtivo nacional, ou seja deveria dar alento à burguesia industrial, cujo representante económico prático é o Presidente da Confederação patronal CIP, António Saraiva (curiosamente, um sindicalista de origem muito próximo do PCP), mas esta burguesia não tem uma representação real na governação. 


Naturalmente, uma parte desta burguesia, ligada à especulação bancária e bolsista, será subsidiada, mas isso, porque a questão está interligada aos empréstimos que o Banco Central Europeu (BCE) está a fazer aos bancos portugueses - sempre em crescendo há quase um ano - a taxas de quase zero, que emprestam depois ao Estado a juros especulativos, e que exigem pronto pagamento. 


Daí, a necessidade de acautelar os fundos do QREN para o devido destino. 


Na prática, completamente de fora, está a pequena burguesia ligada ao comércio, incluindo a que enquadrada o sector camponês. 


O seu representante económico-social é o Presidente da Confederação do Comércio (CCP), João Vieira Lopes, que, curiosamente, foi um dos fundadores da UDP e militante estudantil, cujos pares foram homens como o antigo Ministro do Ensino Superior Mariano Gago. 


Eis a realidade dos seus lamentos e realidades: o sector do comércio e serviços está a fechar empresas a uma média de 100 por dia, desde o início do ano, e, já perdeu 40 mil postos de trabalho. Isto sem contar cim uma mancha silenciosa de pequenos industriais e comerciantes que entram em insolvência sem constarem das estatísticas, porque mão têm direito a qualquer apoio estatal.

Todavia, em Fevereiro, o financiamento aos bancos subiu mais de mil milhões de euros, segundo dados revelados pelo Banco de Portugal.


No total, os bancos portugueses já pediram ao banco central empréstimos no valor de 47,55 mil milhões de euros.


(Querem ouvir a confissão com todas a clareza: Ouçamos as palavras do antigo presidente do BCP Carlos Santos Ferreira, há cerca de dois meses.


Carlos Santos Ferreira, estimou, então, em 50 mil milhões de euros a exposição da banca ao Estado e defendeu que se o Estado pagasse as suas dívidas libertaria meios substanciais para financiar a economia.


"Acho - lança, sem pudor o banqueiro então socialista - que era efectivamente a melhor maneira de resolver a crise, em vez de andarem com essas estórias".


O que pedem então esses agiotas dos banqueiros que o Estado "aumento a liquidez dos bancos" com o dinheiro dos contribuintes? E o rapaz do BES, esse fenómeno do vampirismo especulativo, que se chama Ricardo Espírito Santo, sempre em "estreita colaboração com o governo", argumentava na mesma ocasião: se nos derem dinheiro tal "ajudava muito certamente").








3 - O regime que nos governa, e de maneira evidente a conjugação estatal actual (governo de Passos Coelho, Presidente da República e Governador do Banco de Portugal) tornou-se uma comunidade política que funciona como uma sociedade accionista para gerir a riqueza do país, repartindo os dividendos entre as banca e a "enxurrada" de sequazes políticos que vivem à custa de uma repartição minoritário do bolo.


E os especuladores financeiros e banqueiros forjam a sua manipulação política, em torno de uma propaganda barata e requentada de que em primeiro lugar está a salvação dos Bancos. 


E essa propaganda lança o veneno propagandístico de que o Estado só sobreviverá se conseguir obter o crédito desse mesmos bancos. E, para finalizar, sustenta, com o apoio da grande informação, que são esses bancos salvadores que irão reanimar a economia, e relançar a indústria e o comércio, através do crédito que empocham ao Estado.


Se não se quebrar esta via, que levará à bancarrota, se não se impuser que a administração estatal tem de estabelecer o equilíbrio orçamental, indo buscar o dinheiro aos interesses dominantes, essencialmente à alta burguesia financeira, virando a agulha para impulsionar a produção nacional com os encargos retirados da parasitagem que suga os proventos do Estado, as condições das classes laboriosas continuarão a degradar-se.
   







quarta-feira, 7 de março de 2012

HÁ CRISE NA EUROPA E NÃO NOS EUA? ENTÃO COMO É PAUL KRUGMAN




1- Nos finais de Fevereiro passado, esteve em Portugal o norte-americano Paul Krugman, sendo honrado e lisonjeado pela saloiice política e económica portuguesa, desde o antigo Presidente da República Jorge Sampaio até ao destravado antigo ministro da Economia de Cavaco Silva, Braga de Macedo de seu nome. Três universidades (três) -  Clássica de Lisboa, Técnica de Lisboa e Nova de Lisboa - fizeram-lhe, em conjunto, uma homenagem solene, dando-lhe o título "honoris causa".


O senhor Krugman é economista de profissão, foi-lhe atribuído um Prémio Nobel pela sua investigação da economia capitalista (é preciso referir isto!) em 2008. 


Escreve livros livros, e é actualmente professor de Economia e Assuntos Internacionais na Universidade Princeton (considerada famosa porque forma os quadros de topo do regime norte-americano).


É, também, colunista do jornal The New York Times.


Para que fique tudo muito claro, o jornal em questão é um dos mais influentes (pela escrita e pela propriedade do influente lobby judaico norte-americano.

Krugman é apresentado pelos liberais portugueses, estilo PS e PSD, como "homem de esquerda", porque criticou, durante uns tempos, a política externa de Georege W. Bush, mas esquecem-se de referir que ele foi um dos chamados "Neo-cons" que fomentou a "nova política económica" de Ronal Reagan, de quem foi consultor muito próximo (entre 1982 e 1983), fazendo parte do seu restrito conselho de economistas.

De referir desde já que este economista pertence ao corpo económico internacional, grupo dos 30. É licenciado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (enquadrado na Universidade de Yale), instituto este que tem como promotor e patrocinador, entre outros, a Agência Central de Informações, CIA.



2 - Curiosamente, como economista norte-americano e 

mentor da sua actual orientação económico-financeira, 

este académico "esqueceu-se", na sua visita a Portugal, 

de analisar e dissertar sobre a evolução sócio-

económico-política do seu país, iniciador da maior crise 

financeira mundial, que começou a ser engendrada 

quando ele, precisamente, fazia parte da administração 

de Washington.


Foi justamente com administração Reagan, que foi o 

organizado o "cadinho" da desindustrialização

produtiva acelerada dos Estados Unidos (com a 

consequente queda dos lucros das empresas industriais 

e o aumento desenfreado dos lucros especulativos 

financeiros) e o "fermento" da maior especulação 

financeira, cujos resultados hoje assistimos.








O que ele preconiza para a Europa? Precisamente, 


o que as administrações chamadas neo-liberais 


dos Estados Unidos puseram em prática no país, 


conduzindo-o à situação que, aliás, ele, meses 


atrás fazia ressaltar, como política errada, em 


artigo que publicou.




Mas vejamos a receita de Krugman para a Europa:




Para sair da crise é preciso que os 


salários desçam, nos próximos cinco 


anos, 20% face à Alemanha, 


defende.
Paul Krugman fez esta afirmação, em entrevista ao 

jornal francês 'Le Monde', sustentando que esta 

pode ser uma forma de ajudar a Europa a sair da 

crise. "Para restaurar a competitividade na Europa 

ter-se-ia que, em cinco anos, baixar salários nos 

países menos competitivos em 20% em relação à 

Alemanha", defendeu o economista norte-

americano.


Esta não é a primeira vez que o Nobel da Economia 

defende cortes de salários. Há pouco mais de um 

ano Krugman disse que nos países periféricos da 

Europa, tais como Portugal e Espanha, precisam de 

baixar salários entre 20 a 30% face aos da 

Alemanha.


Em entrevista ao Le Monde, o economista afirmou 

ainda que "com um alguma inflação, o ajuste será 

mais fácil. O Nobel da Economia defendeu assim 

"um aumento de 4% nos preços pode trazer alguma 

da flexibilidade necessária à economia europeia".


O economista sabe que, estando o poder político, 

na dependência, como está da grande burguesia 

financeira, não pode, nem está interessado em 

fomentar o incremento económico, porque, 




acima de tudo, não o pode fazer, com uma 


crescente penúria financeira.


Não há caminho de recuperação económica, com 


um aumento do desequilíbrio constante salarial. 




Quer isto dizer, em termos práticos, que a 


administração estatal, por muito que o 


propagandeie, não está virada para recuperar o seu 


Orçamento, porque, em primeiro lugar, coloca, não  


a evolução da produção nacional, mas a satisfação 


dos pagamentos especulativos dos empréstimos 


bancários.




Ora, estes empréstimos a preços de quase zero 


foram feitos de antemão pelo governo e Banco 


Central Europeu, que, mais tarde, os retoma a 


juros incomportáveis, incluindo ao próprio 


governo. 




Tudo o que consegue, como receita, vai para pagar 


a dívida aos bancos, que eles transformaram em 


dívida pública. 




Ora, a dança do restabelecimento do défice, nesta 


condições, é uma fonte de enriquecimento para a 


especulação financeira. E de empobrecimento das 


classes trabalhadoras, através de cortes de 


impostos e de aumento de impostos.




Para quebrar esta "pescadinha de rabo na boca" 


somente há uma receita: ir buscar uma 


importante fatia das despesas públicas 


aos lucros legais e "clandestinos" da 


burguesia financeira especulativa.




3 - Paul Krugman veio à Europa, preconizar ideias para 


a União Europeia, justamente, quando esta ultrapassou 


a crise em torno do euro. No fundo deu-se um reforço 


da moeda europeia, embora a sua estabilização e 


incremento esteja ligada, num futuro próximo, a 


institucionalização de métodos de governação unitária


democrática e de incremento real da produção.




No fundo, veio atacar a unidade monetária 


europeia, aparentemente, tentando isolar a 


Alemanha do resto dos países europeus. 


Mas, esquece-se de referir que o seu país caminha 


para a bancarrota, e pode inclusive pôr em causa a 


sua unidade política, com a orientação económica 


que domina a governação norte-americana.




É o próprio Krugman, como se pode ver pelo 


gráfico abaixo citado, da sua autoria sobre a 


evolução do PIB norte-americano




Krugman tem perfeita noção que o défice do Estado norte-americano - com o incremento da dívida pública - está a ser utilizado para a especulação - e não para a produção - e é, e continua a ser, a fonte central de enriquecimento da alta burguesia financeira. 


A dívida pública dos Estados Unidos está em um excesso de de 13,5 biliões de dólares e continua a crescer a uma taxa de cerca de 3,93 mil milhões de dólares por dia.


Não existe recuperação real nos Estados Unidos - e é o próprio Krugman que o admite em artigo recente, 26 de Agosto de 2011, com o título "Reconhecendo a ausência de recuperação ", cujo trecho passo a seguir: 


"Um aspecto positivo do discurso de Bernake (presidente do FED) - estou tentando ser optimista – é o facto de, pela primeira vez, ele ter mais ou menos reconhecido que não estamos de maneira nenhuma testemunhando uma recuperação:


“Mas, independentemente destes desenvolvimentos mais positivos, tornou-se claro que a recuperação após a crise tem sido muito menos robusta do que o esperado. Com as mais recentes revisões abrangentes à contabilidade nacional e também com as mais recentes estimativas de crescimento para a primeira metade  deste ano, aprendemos que a recessão foi ainda mais profunda – e a recuperação, ainda mais fraca – do que tínhamos pensado; de facto, a produção agregada nos Estados Unidos ainda não regressou ao nível alcançado antes da crise. É importante o dado de que o crescimento económico tem apresentado em geral um ritmo insuficiente para produzir reduções sustentáveis no desemprego, que tem ultimamente pairado um pouco acima dos 9%.”.


Pois é. Costumo ilustrar a ausência da recuperação através da proporção entre população e postos de trabalho, mas há uma representação alternativa: a proporção entre o PIB real e a estimativa de potencial elaborada pela Comissão Orçamental do Congresso (que representa um nível de actividade consistente com a inflação estável, e não o máximo absoluto que a economia seria capaz de produzir)".. 


A escrita é, naturalmente de Krugman, que cita o seu confrade capitalista financeiro judeu Ben Bernake.


Quer isto dizer que a situação económica dos Estados Unidos é grave, talvez, esteja num curso evolutivo muito mais negativo que a europeia.


Já perceberam porque o judeu Krugman se esquece de falar do seus país? 


Porque é necessário continuar a atacar e tentar destruir a União Europeia.


Mas há mais:  Novas estatística dos EUA, entretanto tornadas públicas nos últimos meses sobre o mercado de trabalho no país mostra a total estagnação da maior economia do mundo. 


O nível de desemprego oficial é de mais de 9%, sendo que 40% dos desempregados estão em estado desesperado, mais de seis meses sem trabalho. 


São mais de 14 milhões de desempregados. 


Desde de 2008, mais de oito milhões de trabalhadores ficaram sem emprego nos Estados Unidos.


Muitos analistas económicos norte-americanos, mas não só, têm referido, em comparação, que "o incremento" económico dos EUA nos últimos anos - eles assinalam cinco anos - equivale ao crescimento minórico da economia japonesa quando a "bolha financeira" saltou nos final da década de 80 do século passado.


Os EUA estão em campanha eleitoral e a administração Obama tem feito espalhafato em torno de uma pretensa estagnação do avanço do desemprego.


Não é o que sustentam os dados.


Nas últimas décadas, o desemprego aumentou sempre.


Situemos nos tempo do general Eisenhover, ano de 1958: 


85% dos homens activos estavam empregados. 


Actualmente, esta percentagem desceu para 64%. 


Juntamente com o desemprego, a produção também está em um nível bastante baixo. 


(A produção nacional dos Estados Unidos caiu em 10 anos - 2001 a 2009 - 5,1%. 


Apesar deste dados, que Krugman conhece, e que ele reconhece que não existe recuperação, o seu centro de preocupação é a Europa. É, mesmo, de economista honesto!).


Apesar do crack financeiro do seu país e da produção estagnada, os dinheiro públicos estão a ser transferidos para o capital financeiro especulativo. O Lehman Brothers ja anuncia com trombetas que não está na bancarrota. Claro recebeu fundos estatais a custo zero.


Mas qual é a realidade da economia concreta dos EUA?


Segundo um estudo da agência Lombard Street Research, o custo do trabalho na indústria norte-americana desceu 2% em 2009 e 2,8% em 2010, resultado dos cortes  nos direitos das classes trabalhadoras e despedimentos em massa.


Mas os grandes bancos continuam de vento em popa. Recebem injecção de dinheiro público quase de borla.


Desemprego a ultrapassar os 14 milhões, produção estagnada, recessão na prática, a situação real dos EUA é de caminho directo para a recessão.


Todavia, a realidade para os poderosos é outra: existe mais dinheiro nos cofres de empresários e especuladores.


Na última década, o rendimento médio de uma família norte-americana média caiu 3,6% entre 2001 e 2009.


No mesmo período os salários não subiram e a inflação cresceu.


Então como é Paul Krugman?