terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

UMA PEQUENA PASSAGEM PELA ACTIVIDADE DO NOVO CARDEAL PORTUGUÊS










1 - Os grandes meios de comunicação social portugueses embandeiraram em arco com a nomeação, recente, de um hierarca religioso de origem português para ocupar o cargo de cardeal da Igreja Católica Apostólica Romana. O senhor chama-se Manuel Monteiro de Castro.

Ficamos a saber que é um homem da diplomacia do Vaticano, ou seja, um profissional de carreira no interior da Santa Sé, conhecedor dos negócios mundiais da Igreja Católica Apostólica Romana. 


Na biografia oficial distribuída pelo jornal papal "L`Observattore Romano", assinalam-se alguns locais da sua passagem: "Panamá, Guatemala, Vietname, Austrália, México, Bélgica, Caraíbas, El Salvador, Honduras, África do Sul e Espanha, onde permaneceu entre 2000 e 2009; foi também observador permanente do Vaticano na Organização Mundial do Turismo".


Qual será a razão porque uma Igreja dita espiritual necessita do "turismo"?


Naturalmente, para sacar dinheiro, que é um valor muito material. E quem visitar o Vaticano poder viver "in loco" o frenesim monetário, naquele sector, dos negócios "sagrados" da Santa Sé.


Desde a Capela Sistina à mais simples vela. Tudo em nome da Fé, da Fraternidade, da Solidariedade....das "esmolas" papais.


E claro a Santa Sé sabe, perfeitamente, de toda a poda, pois, ela, com o seu sentido espiritual e desinteressado do materialismo, está no topo dos negócios do capitalismo internacional, (legais e ilegais) através dos seus bancos, das suas empresas transnacionais, das suas vigarices bolsistas.

A Manuel Monteiro de Castro  - convém referir que se passeia pelos *corredores do Vaticano* desde 1961 -
deram-lhe um cargo de "penitenciário-mor da Santa Sé", e acrescenta-se, na sua biografia oficial, que a representou "em muitos congressos e conferências a nível mundial". 


Como penitenciário-mor, presidente de um tribunal que, na Idade Média e Moderna, tinha um poder repressivo enorme, hoje, em termos mais suaves, ele dedica-se a conceder as absolvições, as dispensas, as comutações, as sanções, as remissões e "outras graças". 


O alemão Martinho Lutero, no século XVI, rompeu com a Igreja de Roma, devido, justamente, em outras razões, ao papel material negocial que as indulgências e dispensas representavam no engrossar da corrupção material da Santa Madre Igreja Romana.


Em termos práticos, elas significam, ainda hoje, uma canalização muito grande de dinheiro para os cofres do Vaticano.


A finalizar esta introdução semi-errática sobre a vida e actividade do novo cardeal um pequeno apontamento: o lugar onde nasceu e viveu nos seus primeiros tempos de iniciação como ser pensante - a aldeia de Santa Eufémia de Prazins, no concelho de Guimarães. Na parte final, faremos a conexão.  


2 - Falemos agora na sua ideologia e maneira de pensar.


Como cardeal, que a biografia do jornal papal faz questão de  referir que se destacou em "defesa dos mais fracos", ele falou directamente para os portugueses, em entrevista inserido no jornal Correio da Manhã", e analisou, justamente, o papel da mulher.  


 "A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos", defendeu Manuel Monteiro de Castro, considerando que existe falta de apoio do Estado à família. Um problema em Portugal.



Ao Jornal de Notícias, o cardeal, de 73 anos, que, certamente, dedicou imenso tempo às suas obrigações familiares, como celibatário, sublinha: "devíamos dar muito mais valor à família e ao valor da mulher em casa. O trabalho da mulher a tempo completo, creio que não é útil para País". 


"Trabalhar em casa sim, mas que tenham de trabalhar pela manhã até à noite, creio que para um País é negativo. A melhor formadora é a mãe, e se a mãe não tem tempo para respirar como vai ter tempo para formar", sublinhou no seu douto pensamento.


Realmente, em primeiro lugar, é de uma grande desfaçatez, um hierarca de uma entidade que se reclama, acima de tudo, do espiritual, imiscuir-se nos assuntos materiais e sociais de uma sociedade, que eles rejeitam.


Em segundo de um cinismo a toda a prova, pois eles escolhem o celibato, exactamente como acto consciente de abandono da sua condição de dar apoio à constituição e criação de uma família.


Em terceiro lugar, como pode um hierarca que, como seguidor do cristianismo, menospreza os direitos humanos e as relações sociais comunitárias, emitir palavras piedosas em sentido contrário.


Cito, para conste as orientações de Jesus Cristo, retiradas do Evangelho de Mateus:


"Se alguém me reconhecer diante de todos como seu amigo, abertamente o reconhecerei como meu amigo diante do meu Pai no céu. Mas se alguém me negar publicamente, eu o renegarei publicamente diante do meu Pai no céu. Não julguem que vim trazer paz à terra! Não, antes vim trazer conflitos(sublinhado meu). De facto vim para lançar um homem contra o seu pai, a filha contra a mãe, a nora contra a sogra.


Os piores inimigos de um homem estarão justamente dentro  da sua própria casa! Se amarem mais o vosso pai e mãe do que a mim, não merecem ser meus; se amarem o vosso filho ou filha mais do que a mim não merecem ser meus. (Mateus, pag. 24, O Livro, Publicações Europa- América, 1981)

3 - Finalmente, e procurando interligar a naturalidade do novo cardeal com a similitude de nascença dos principais hierarcas da Igreja Católica portuguesa, faço uma pequena incursão, em parte do seu *BI*, do conjunto de bispos católicos portugueses, que sejam titulares de uma diocese, ou seja, em termos práticos, que exerçam a carreira activa dentro da hierarquia da sua confissão religiosa.

Existem, geograficamente, 20 dioceses, e um bispo diocesano para as Forças Armadas, que se intitula, na liturgia, Ordinariato Militar. 


Curiosamente, é este último, de nome Januário Torgal Ferreira, que ostenta igualmente o posto de major-general ou contra-almirante, o único bispo titular actual que nasceu numa grande cidade, Porto.


Todos os restantes nasceram em aldeias, de onde vieram, posteriormente, para seminários, onde se formaram.


Citamo-los, com as suas naturalidades:


Vila Real - Amândio José Tomás, nascido em Cimo de Vila da Castanheira, Chaves;


Viana do Castelo - Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira, natural de Cortes, Leiria;


Portalegre-Castelo Branco - Antonino Eugénio Fernandes Dias, Longos Vales, Monção;


Leiria-Fátima - António Augusto dos Santos Marto - Tronco, Chaves:


Angra do Heroísmo - António de Sousa Braga, Santo Espírito-Vila do Porto, Ilha de Santa Maria;


Aveiro - António Francisco dos Santos, Tendais, Cinfães;


Funchal - António José Cavaco Carrilho,  S.Clemente de Loulé, Loulé;


Braga - Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Brufe, Famalicão;


Beja - António Vitalino Fernandes Dantas, Oleiros, Vila Verde;


Porto - Manuel José Macário do Nascimento Clemente, S.Pedro e S.Tiago, Torres Vedras;


Setúbal - Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis, Barbadães de Baixo, Vreia de Bornes, V.Pouca de Aguiar;


Viseu - Ilídio Pinto Leandro, Rio de Mel, Pindelo dos Milagres, S.Pedro do Sul;


Lamego - Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, Prados de Cima, Rua, Moimenta da Beira;


Lisboa - José da Cruz Policarpo, Alvorninha, Caldas da Raínha;


Évora - José Francisco Sanches Alves, Lageosa, Sabugal;


Bragança-Miranda - Manuel Garcia Cordeiro, Vila Nova de Seles, Angola;


Algarve - Manuel Neto Quintas, Mazouco, Freixo de Espada à Cinta:


Santarém - Manuel Pelino Domingues, Lentisqueira, Mira;

Coimbra - Virgílio do Nascimento Antunes, São Mamede, Batalha;


Guarda - Manuel da Rocha Felício, Mamouros em Castro Daire. (fonte Anuário Católico).


4 - Vive esta hierarquia e a respectiva entidade religiosa das "esmolas" e dos peditórios feitos às saídas ou entradas das respectivos edifícios de culto?

Não, a Igreja Católica portuguesa é uma instituição muito rica, cujos valores patrimoniais, financeiros e negociais são desconhecidos. Pode dizer-se que vive, realmente, na abundância.

Na realidade, através das dioceses e paróquias, essa Igreja controla, com entrada fresca de dinheiro dos utentes e subsídios estatais, uma parte substancial da assistência social, da saúde pública, da educação, e rendas não especificadas de valores patrimoniais e empresariais.

Pela Concordata de 2004, tem acesso, ainda, a benefícios e privilégios específicos, que, aliás, outras confissões não têm.

Além de valores astronómicos que recebem, cada ano, do Orçamento de Estado para as IPSS, na esmagadora maioria no âmbito da sua gestão, controlam o que eles consideram ser "Obras de Acção Social", que enquadram creches, jardins infantis, escolas básicas e ATL. ( Estes são 1754 no país, segundo o Anuário Católico).

São proprietários de 164 escolas católicas. Igualmente gerem 360 "Centros da Vida Cristã), que comportam Casas de Retiro, Capelanias e Santuários. Tem na sua dependência 99 Institutos Religiosos Femininos e 17 Masculinos, bem como Institutos Culturais (desde Bibliotecas a Museus).

De referir, a terminar que controlam uma parte significativa da comunicação social em Portugal, com 539 jornais, revistas, boletins, rádios, editoras, tipografias e livrarias. (Fonte Anuário Católico).

Sem comentários:

Enviar um comentário