segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

EUA: EXPLOSÃO SOCIAL E RAZIA BANCÁRIA?


1 - O capitalista judeu norte-americano George Soros, uma das eminências principais do sistema especulativo mundial, centrado em Wall Street, afirmava, a 24 de Janeiro último, à revista Newsweek, ela própria nas mãos do lobby judeu, que havia a possibilidade, nos tempos mais próximos, do colapso do sistema económico mundial.
Pode surpreender-nos, como um paradoxo, esta frase desse explorador, ele que tem sido dos capitalistas que mais tem ganho com a especulação desenfreada, que está estabelecida a nível mundial, desde o surgimento da crise financeira global de 2007.

Claro que Soros tem perfeita noção, que, no momento presente, esse colapso não está eminente, mas procura criar pânico e medo entre as classes exploradas, aconselhá-las ao imobilismo, para que não surjam nas ruas os slogans e movimentos que serão então inquietantes, e, prenúncio, quando vierem a ser, realmente, soltos e colocados na ordem do dia de "combate ou morte", estaremos em trabalho de parto de uma sociedade nova.

Eu penso que, apesar da crise, sem precedentes do sistema capitalista na actualidade, ainda não estão criadas as condições para uma sublevação societária. 

Há, no entanto, sintomas. É verdade. 


O futuro - talvez mais próximo do que estejamos a magicar - o irá determinar.

Para que as classes trabalhadoras possam ter capacidade de efectuar a sua própria libertação, terá de haver uma conjugação a seu favor entre o domínio da relação produtivas e as relações sociais. E, nesta interligação, a mais importante é que as classes laboriosas se tornem, elas próprias, como o centro da acção. 

Quer isto dizer, sejam classes revolucionárias no sentido político do termo.



Clique aqui para ver o gráfico em tempo-real sobre Bank of America 1 Ano


















evolução das acções do Bank of America em 2011


2 - Nas declarações de Soros à Newsweek, o especulador sustenta que o Mundo enfrenta um período "malévolo" e pede à Europa para lutar para evitar "cair no caos e no conflito".


Mas, qual a razão desta preocupação de um magnata que tem lançado o "caos" financeiro para sacar mais valias bolsistas, enormes mais valias, que se apressa a esconder em off-shores e/ou a colocar em produtos chamados fundos de investimento, anónimos, altamente rentáveis e inúteis, de que ele e outros semelhantes são os principais detentores, quer a nível de empresas financeiras, quer em conjugação com os bancos?


Porque ele está interessado que aumente a dívida pública (e absorva a privada, principalmente), porque ele sabe que isso satisfaz, principalmente, a horda burguesa capitalista financeira, onde ele se insere, pois ela com o afundamento constante do défice estatal se torna na fonte principal do seu enriquecimento.


Pois, ele sabe que, que no sistema legislativo e executivo norte-americano, quer no europeu, os seus (deles especuladores) representantes transferem o dinheiro sacado aos contribuintes, cada vez mais e em maior quantidade, para o sistema bancário a juros da ordem da "uva mijona", que depois colocam na especulação a preços mais elevados, que o próprio Estado terá de suportar a juros de agiotagem. 


Mas então porque fala no perigo do "caos" e do "conflito"?


Porque a situação da especulação está a chegar aos limites da bancarrota. 


E não propriamente, na pequena Grécia, mas sim, porque os indícios da economia política, apontam para uma provável "implosão" em alguns dos principais bancos mundiais, que estão situados, justa e principalmente, no centro do seu sistema especulativo, Wall Street.  


Uma realidade: em 2011, assistiu-se a um afundamento do valor das cotações de grandes bancos, como o Bank of América (ver gráfico acima).


 Por seu turno, o Morgan Stanley anunciou em Dezembro passado, que em quatro departamentos de Nova Iorque irá despedir, pelo menos, 589 funcionários, e anunciou aos seus trabalhadores que encara a possibilidade de cortar cerca de 1.600 empregos em todas as regiões geográficas e em vários níveis hierárquicos.


Explicação: razões económicas, devido a quedas astronómicas nas receitas de banco de investimento e actividades comerciais.



Analistas admitiram que o banco teve um prejuízo profundo no quarto trimestre de 2011, devido a um negócio pouco claro em que terá de despender de 1,8 mil milhões de dólares com um acordo com a seguradora MBIA.


A projecção de receita total é de 6,48 mil milhões de dólares, segundo a Thomson Reuters I/B/E/S, o que significa que está a a haver uma queda de 25 por cento por ano, e já há vários anos.



Também em Dezembro, o Citigroup anunciou o corte de 4,5 mil postos de trabalho no mundo. Mas admitiu que possam ser muitos mais. 


Refere a revista brasileira Veja, de Dezembro, que o Citi  junta-se a outros bancos mundiais nos cortes de postos de trabalho, mais de 120 mil, uma vez que reguladores impuseram normas mais rígidas de capitais e a economia continua fraca. 


As demissões envolverão as unidades próprias de actividades comerciais, que estão sendo reduzidas.



Mas esta perspectiva de razia sombria nos grandes bancos norte-americanos, pode alastrar-se a outros países, que procuram "esconder" esta realidade, com notícias bombásticas e continuadas sobre a União Europeia, caso do Reino Unido (o Lloyds está pelas ruas da amargura, bem como O Deustche Bank (Alemanha) e a Société Générale (França).


Quem está, realmente, no "caos" é o dólar ou o euro? 


Devemos centrar-nos nos próximos nos ventos que sopram dos Estados Unidos.


3 - Ora, chegamos à verdadeira preocupação de Soros: os "confrontos nas ruas dos Estados Unidos".


A questão é real. Mas pode ser mais abrangente. 


As perspectivas apontam para um despertar da cólera, um pouco por todo o Mundo, desde a Europa à China, passando pela própria Rússia, e seguindo mesmo para a Índia e Brasil.


A agitação eleitoral, que vai percorrer grande parte do chamado mundo ocidental - França, Grécia, Estados Unidos da América  - e mesmo fora, passando por vários países do Médio-Oriente, poderá servir para fazer aumentar a consciência de que os povos assalariados espoliados pela agiotagem do capital financeiro.


Mas, também estará em jogo, com as mudanças económicas, que podem surgir, transformações geo-estratégicas de grande envergadura, que poderão fazer aumentar a tensão internacional, a que não estarão alheios as conquistas e reformulação de alianças em torno dos chamados grandes espaços da energia, em especial mo Médio-Oriente e no Mar Cáspio, que trataremos num outro artigo.













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