sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A JUSTIÇA DE CLASSE







1 - As notícias são do jornal "Público" e agora sintetizo-as em meia dúzia de linhas.


Uma senhora reformada foi apanhada a furtar um frasco de descafeinado, cujo valor era de 2,58 euros. Foi presa e levada a um Tribunal. Rapidamente julgada e condenada a um pagamento de uma multa de 540 euros, mais as custas processuais. Tudo somado, 642 euros.

Num outro processo, um sem-abrigo está em julgamento e aguarda sentença por ter furtado seis chocolates num valor que não ultrapassará os 15 euros.

Apesar de ser um processo sumário, o caso demora um pouco mais, porque o ladrão não tem residência fixa para ser...notificado.

Certamente, a justiça não deixará de sentenciar este perigoso criminoso.

2 - Em 2003 começou um processo que se apelidou de "Caso Casa Pia".

Foram identificados os criminosos, pois de criminosos se trata.

São, no entanto, "pessoas respeitáveis" que violavam crianças de uma instituição de recolha de menores.

Criminosos estes que estão há...oito anos a "gozar" com o pagode com a cumplicidade de toda a estrutura superior do Estado português.

O seu julgamento tem de seguir todos os trâmites vagarosamente legais, pois não se pode condenar tais personalidades sem lhe dar todas as possibilidades de se defenderem. Não se pode condenar ninguém sem provas, dizem as sumidades da Justiça deste país.

3 - Foram condenados na Alemanha dois administradores de uma empresa que vendeu submarinos a Portugal.

A razão da condenação está, precisamente, no suborno de "personalidades" portuguesas - com mais de 30 milhões de euros - para decidirem a compra dos navios àquela empresa alemã. 

Em Portugal, sabe-se isso, e as autoridades judiciais até sabem que são os prováveis subornados, que empocharam a maquia.

Não é difícil de saber. Mas claro são "figuras respeitáveis" e estão no poder.

Não podem ser julgados em processo sumário, como a reformado ou o sem-abrigo, porque as provas, para estes, são difíceis...de encontrar.

4 - O maior roubo dos últimos tempos deu-se com o banco BPN (Banco Português de Negócios). Não se conhece exactamente o valor do desvio de dinheiro.

É um crime mais grave, porque estão a roubar dinheiro aos trabalhadores para "tapar" o buraco financeiro provocado por este crime de lesa- pátria. Contribui para o empobrecimento de milhões de pessoas.

A JSD (juventude social-democrata), lesta, sustenta que foram sacados 5,3 mil milhões de euros do erário público para o efeito. Procura atingir o anterior governo.

Mas, claro JSD sabe, e muito bem, quem foram os criminosos que praticaram estes crimes: Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Abdul Kaim Vakir, entre muitos outros da sua "rede" partidária.

Mas não exige a prisão imediata e sumária desta cáfila.

Certamente que vocifera contra o pequeno furto exige mais repressão, mais polícia, aumentos dos períodos prisionais para estes crimes que põem em causa a "segurança pública".

Os outros não. Satisfazem a clientela onde eles chafurdam e se vão tornar grandes em breve, tal como Miguel Relvas e o próprio Primeiro-Ministro, Passos Coelho.

Nem denuncia que o seu governo, da JSD, ou seja do seu partido-pai, o PSD, já entregou o BPN, via um seu apaniguado, o antigo ministro Mira Amaral, como esta de ferro, a um grupo angolano, onde se destaca a filha do actual chefe de Estado de Angola. 

5 - Esta é a justiça de classe, que está a ser implantada, com reformas pela actual Ministra da Justiça, que foi para o governo por pertencer a um grande escritório de advogados, que protegem justamente a cálifa que nos rouba descarada e criminosamente.


O roubo do BPN foi um crime, mas, também, é um crime - embora tudo esteja na lei - entregar um banco aonde foi injectado dinheiro dos contribuintes, e aonde será injectado mais dinheiro para o "reabilitar" e colocar "no mercado" pela módica quantia de 40 milhões de euros, pagos em prestações suaves. 

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