terça-feira, 20 de setembro de 2011

EURO: A GRANDE CRISE ESTÁ NOS ESTADOS UNIDOS






1 - Os chamados economistas de topo da nossa praça - e esta nossa praça engloba a vassalagem ocidental aos ditames do capital financeiro judeu-norte-americano - centram e concentram os seus aprumados e independentes comentários e previsões na União Europeia.

E os comentários mais afiados e permanentes surgem, com frequência, de responsáveis económicos e políticos dos dois lados do Atlântico e dos grandes meios de comunicação social dos Estados Unidos e do Reino Unido, ampliando a ressonância nos meios de informação europeus ligados a capitalistas e especuladores financeiros do velho continente, com profundas ligações ao capital especulativo financeiro localizado, ora em Wall Street, ora na City.

Estranho, não é?.

Só aparentemente.

Faz parte de uma velhissima regra de maipulação em larga escala: quando estamos na mó de baixo, o melhor é pôr no centro da discussão no que se passa no quintal do meu vizinho, que até pode ser o meu amigo ou aliado.

Vamos à realidade. E eu só comecei a entrar nela, quando li os relatos, meio escondidos, dos meios especializados do Reino Unido e dos Estados Unidos da América.

2- Em 2009, os grandes jornais económicos da Grã-Bretanha referiam que o Reino Unido estava, pela primeira vez, desde 1991, em recessão, com uma "desacelaração" acentuada da economia "nos dois últimos trimestres de 2008".

Não era, por acaso, que naquele país, alguns dos principais bancos estavam na falência e alguns para sobreviveram sofreram um "injecção" monumental e vergonhosa de dinheiro público. Na realidade, uma nacionalização encoberta.

Citam-se os principais: Barings Bank (que faliu antes), Northen Rock (então dos mais poderosos do Imério britânico), HSBC (Hong Kong and Shangai Banking Corporate), o maior da Europa, Royal Bank of Scotland (segundo do RU e quinto do Mundo. Só para comparar números - teve um prejuízo que ultrapassou, na altura, os 37 mil milhões de dólares. Somente o maior do Reino Unido).

Hoje, os próprios jornais ingleses reconhecem que o Reino Unido não conseguiu, desde 2008, sair da recessão.

A produção industrial - referências oficiais de Agosto de 2011 - registou este ano a maior queda dos últimos dois anos.

A dívida pública do RU, em Dezembro de 2010, ultrapassava os 920 mil milhões de libras.

Presentemente, a dívida do Reino Unido - Estado, empresa e particulares - ultrapassou os limites a partir dos quais deixa de ajudar a economia e passa a ser prejudicial à actividade económica. Esta é a constatação do Bank for International Settlements (BIS),

De acordo com o jornal Daily Telegraph, em 2010, o Reino Unido tinha uma dívida pública de 89% do PIB, uma dívida empresarial de 126% e 106% nas famílias.



Este jornal refere, mesmo, que o centro do antigo Inpério britânico é o país mais endividado do Mundo.

Em 2009, a dívida pública, que já era elevada, situava-se nos 842,9 mil milhões de libras: 57,2 do PIB.

Analistas dizem que o encolhimento da economia britânica foi pior que o esperado com queda forte no sector de serviços e produção.

Por seu turno, os dados e os movimentos cambiais assinalam que a recessão está a provocar a quebra da libra esterlina, que se aproxima, actualmente, em paridade, ao euro.

2 - Viremo-nos agora para o novo Continente, precisamente para os Estados Unidos da América, o território celestial do capitalismo especulativo.

Os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - 14,3 biliões de dólares trilhões no último dia 16 de maio.


Nesta data, a Secretaria do Tesouro utilizou artimanhas de ajustamentos contabilisticos, lançando, ao mesmo tempo, uma perspectiva de receitas fiscais mais altas que o previsto, para conseguir realizar as suas operações financeiras e comerciais dentro de uma normalidade escondida.

A Administração norte-americana de Obama (o executivo do país), por esta altura, perdeu um tempo precioso e desgastante para conseguir que os parlamentares aprovassem uma elevação do tecto da dívida, para evitar de imediato a insolvência.

O acordo, remendado, foi efectuado já muito perto do final do prazo estabelecido (2 de Agosto) para evitar uma moratória, mas prevê um corte de gastos na ordem de 2,4 biliões de dólares . Apesar da cosmética, uma das agências de rating do país , a Standard & Poor's retirou a nota máxima (AAA) da dívida americana.

Tudo isto foi apenas uma jogatana.

Terá de ser contabilizado no próximo Orçamento Federal, em Outubro ou Novembro.

A recessão prossegue. A produção económica do país estagnou, retrocedeu mesmo, e irá continuar. Basta ver as previsões internas do seus sistema de controlo.

O Presidente da A.Gary Shilling, Gary Shilling, afirmou, com toda a convicção, à CNBC, na semana que findou, que o seu país irá entrar em recessão em 2012.


Opinião sustentada pelo académico Roubini, economista das previsões catastróficas para a Europa, mas que agora já admite que a economia norte-americana está em piores condições. Ele também admite a possibilidade de recessão no próximo ano.

E os dados são realmente alarmantes: a concentração de stocks decresceu 1,5 por cento no ano passado.


Os níveis de desemprego, que em Outubro de 2008, se situaram nos 6,5% - o "nivel mais alto desde 1994", segundo a imprensa especializada do país - está actualmente em valores superiores a 9,10 % e a inflacção está a atingir valores de 3,76%.

Recentemente, o FMI, que está nas mãos dos capitais financeiros judaicos-norte-americanos, alertou que os duros cortes no Orçamento dos Estados Unidos podem enfraquecer ainda mais o avanço econômico do país, e sublinhou que o Federal Reserve (FED, banco central americano) precisa estar pronto para afrouxar ainda mais a política monetária so país.

O FMI agora admite um crescimento dos Estados Unidos de 1,5% para este ano ano e de 1,8% em 2012. As previsões eram de de 2,5% e 2,7% em Junho, respectivamente, quando se procurava centrar apenas as atenções na União Europeia.

E a própria actividade financeira não está em recuperação.

Se verificarmos dados das entidades reguladoras do sector, verificamos que, recentemente, fecharam três bancos de relativas dimensões localizados nos Estados da Flórida, Geórgia e Illinois, o que eleva para 68, o número de empresas bancárias que declararam em falência este ano.

Por seu turno, o Departamento Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) interveio recentemente no Lydian Private Bank, com sede em Palm Beach, Flórida, que segundo a própria empresa teria 1,7 mil milhões em activos e 1,24 mil milhões em depósitos.

Também foram fechadas outros dois bancos considerados de menor importância, mas mesmo assim movimentando centenas de milhões de dólares: o First Southern National Bank, de Statesboro (Geórgia), com 164,6 milhões em activos e 159,7 milhões em depósitos, e o First Choice Bank, em Geneva, (Illinois), que possuía 141 milhões em activos e 137,2 milhões em depósitos.

Entretanto, o Bank of America vai despedir este ano 3.500 funcionários num plano de reestruturação, considerado "agressivo" pela imprensa, que pode acabar no futuro com quase dez mil postos de trabalho, o “The Wall Street Journal”.

Os cortes atingem todas as áreas do Bank of America, o maior dos Estados Unidos em activos.

Um outro aspecto que terá de ser contabilizado e, certamente irá ter repercussões na economia das principais potências, em particular os EUA e o Reino Unido, porque é pelos seus centros financeiros que circulam essencialmente são os chamados "activos fantasmas". Os seus valores poderão andar pelos 15 milhões de milhões, e entidades como o GEAB admitem que 10 milhões de milhões ja se esfumaram. Coloca mesmo a hipótese de o restante desaparecer nestes meses que restan até ao fim do ano.

Se tal acontecer será uma bomba, porque alguém os terá de pagar.



3- Daí, o centrar dos ataques na União Europeia e o esforço tremendo de a dinamitar, antes que a crise exterior à própria UE, possa destruir os Estados Unidos.


A Europa, quer queiramos, quer não, é neste momento o centro do que de moderno e novo pode trazer para a nossa vida societária.


Desde a produção económica integrada que já se conseguiu nessa União, até ao poder cambial e financeiro da sua moeda, passando pela própria produção no interior desse novo espaço que se quer político actuante para fazer frente à avalanche que vem aí.


Não é o dólar, decadente.

Os pensadores do progresso da União Europeia têm aqui a capacidade de produzir novos tipos de sociedade.


Se as classes trabalhadoras tiverem a ousadia de empurrar o actual poder estabelecido na União Europeia para forçar os capitalistas a pagar a crise, certamente haverá novidades nos próximos meses.


Porque a chama da ruptura social, de uma nova maneira de encarar o mundo, está em ebulição nos debates que se estão a forjar em toda essa União.


Os anticapitalistas de cada país devem actuar em projectos de acção comum em todo esse espaço e obrigar o poder do Capital a ceder em reivindicações subversivas.




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