terça-feira, 26 de abril de 2011

O MILITARISMO ESTÁ A OCUPAR OS PODERES DE ESTADO












































1 - Nas últimas duas dezenas de anos, assistiu-se, primeiro paulatinamente e e na maioria dos casos de forma cirúrgica, à intervenção brutal dos Estados Unidos da América, com a cumplicidade descarada dos governantes europeus conservadores e social democratas, nos assuntos internos de vários Estados, desde a América Latina e África, mas atingindo, igualmente, os principais Estados europeus de leste que não se integravam, directamente, na esfera de influência da entidade imperial militar chamada NATO (sigla em inglês) ou OTAN (versão francesa), literalmente, em português, Organização do Tratado do Atlântico Norte.


Depois da desagregação do regime de capitalismo de Estado, que se dizia comunista, em toda a área de influência directa da ex-União Soviética, o sistema de equilíbrio geo-estratégico entre as duas grandes superpotências de então - EUA e URSS, rompeu-se e, unilateralmente, os dirigentes de Washington consideraram e fomentaram, arrogantemente, a ideia e a prática de que poderiam agir, a nível mundial, como suseranos únicos e omnipotentes do planeta.


Estabeleceram uma doutrina nacionalista, que impuseram aos seus cobardes aliados, segundo a qual a sua influência imperial se estendia a todo o mundo, de acordo com os seus interesses próprios - o interesse nacional do capitalismo norte-americano foi usado para invadir o Afeganistão, o Iraque, bombardear a Sérvia, colocar Kosovo como protectorado ianque - com o desprezo mais absoluto do sentimento nacional dos povos.


"Armaram" esta prática de quero, posso e mando, sob a ideologia bacoca de que estavam a agir, como deuses do Olimpo, em nome da liberdade, da democracia e dos direitos humanos. A cáfila burguesa europeia bateu-lhe palmas, e em muitos casos, tornou-se mais papista que o Papa, dando o seu assentimento a uma política de terra queimada sobre tudo o que não se integrasse no redil da política expansionista norte-americana.


2 - Ora, esta prática política trouxe, na realidade, um desprezo total pelos direitos nacionais dos povos, pelos seus direitos humanos e materiais, conduziu a carnificinas sangrentas e sem qualquer justificação, em nome de um progresso capitalista e da própria democracia.

Os EUA e os dirigentes seus aliados europeus e asiáticos, como o Japão, são os fautores da actual desorganização política no mundo, são agentes directos e indirectos de crimes contra a Humanidade.

Ora, esta situação, a prazo, não pode durar.


Por um lado, e em primeiro lugar, a Europa, apesar do servilismo dos seus dirigentes e dos principais representantes do Capital (França, Alema e Reino Unido), que se encontra interligados com o sistema financeiro internacional, onde predominam os capitalistas judeus, sedeado em Wall Street, tem um projecto histórico de unidade.

Percorreu várias épocas, e apesar de desaires e retrocessos, houve uma conjugação, a que não esteve alheia a grande burguesia europeia de antanho para a criação de uma grande Europa, que pudesse ultrapassar divisões, fomentar circulação de ideias, comercial, de grandes projectos industriais, de pessoas e até de dinheiro.


Ora, esta unidade europeia, na sua fase actual, ultrapassou, a partir da sua implantação inicial - a principal - o maior incremento económico (produtivo, social epopulacional), não do mundo capitalista ocidental, mas, até pelo exemplo, as diferentes regiões que rodeiam o império norte-americano.


E, acima de tudo, representou, para as classes assalariadas, o centro de um novo polo mais avançado de provável ruptura para a construção de um novo modelo de sociedade.

Começou a constituir para as grandes nacões em desenvolvimento, hoje dizem-se vulgarmente emergentes, mas especialmente para todos os Estados - grandes e pequenos - que foram (ou estão a ser) espezinhados pela política de arrogância e prepotência violadora e violenta dos sentimentos nacionais e, acima de tudo, possuidores das riquezas naturais brutas, como o "farol" possível de formular o estabelecimento mais harmónico de novas regras na vivência desses povos e Estados.


Pela maneira como se constitui a União Europeia na economia, na criação de uma moeda credível e sustentada, como procurou, antes da crise, evitar as fricções nacionais que ainda subsistem no seu interior.


Transformou-se, deste modo, no pólo principal concorrencial da potência dominante militarmente, ainda primeira no PIB, e em certas áreas da economia, mas em decadência na sua capacidade produtiva própria industrial e agro-industrial e na credibilidade da sua moeda, o dólar.


Para os Estados Unidos, a União Europeia é um alvo a abater - ou pelo menos, a neutralizar. Além do ataque mais soez ao sistema financeiro europeu, optou pelo reforço do militarismo.



Em segundo lugar, os chamados "emergentes". Os desenvolvimentos capitalistas gigantescos que se estão a dar em zonas distantes, como a China, a Índia, o Brasil (e neste caso uma zona económica que pode vir a ter, a prazo, dez/vinte anos, uma pujança como a Europa, atravês do MERCOSUL).


Estes novos grandes espaços económicos capitalistas, trazem para os EUA o espectro de poderem perder as suas "zonas de influência" de poder geo-estratégico, mas, especialmente, de domínio absoluto nas disputas de mercados e matérias-primas.


Em grande medida, para os senhores de Washington o incremento da capacidade militar, o desenvolvimento das mais ultra-sofisticadas armas para defender o seu "espaço vital" face às concorrências, não só da Europa, mas de todos os "emergentes", com participação directa e influente nos negócios mundiais, transformou-se em obsessão.Está a ter o fim principal do seu poder de Estado.


Claro que esta obsessão e pretensão norte-americana "obriga" os chamados grandes Estados em ascensão e a própria Europa em construção a optar também pela via do militarismo. È uma realidade internacional, que pode vir a ser muito perigosa.


Todavia, esta via é custosa para os Orçamentos de Estado, para os contribuintes, pois o apetrechamento castrense em crescimento, os gastos constantes em intervenções militares obrigam agastos descomunais de dinheiro. Contribuem, melhor dizendo, aceleram o descalabro financeiro.


As opções pelo empolamento dos complexos industriais militares coloca, em lugar secundário, o próprio desenvolvimento económico industrial, agro-industrail e mesmo da economia agrícola.


Isto está a acontecer, também, porque a grande burguesia capitalista especulativa está a chegar a uma beco sem saída no campo das suas alternativas práticas de gestão económica e da governação e da estruturação do aparelho de Estado.


Abre-se, deste modo, caminho para que possam surgir novas formas de poder. Que tem de ser mais global.



3 - Antes dos chamados atentados contra as Torres Gémeas, em Nova Iorque, EUA; em 11 de Setembro de 2001, conjuntamente com uma explosão havida no Pentágono e uma queda de um avião, que nunca foi explicada, na Pensilvânia, não havia intervenções directas dos Estados Unidos nos Estados do mundo arábe, mas sim através de operações-encobertas.


Com estes atentados - ou pseudo-atentados -, os EUA puseram, rapidamente, em prática, uma política de intervencionismo militar, que intitularam "guerra ao Terror".


Até hoje, os dirigentes de Washington ainda não apresentaram publicamente qualquer prova real de que os citados atentados tivessem sido obra de uma organização, chamada Al-Qaeda. Esta foi responsabilizada, de imediato, como a autora moral e material dos mesmos atentados.


Até hoje ainda não se efectuou, publicamente e com conhecimentos dos meandros processuais judiciais, qualquer julgamento dos chamados implicados nos atentados. Acusações houve. Prisões aos milhares houve. Secretas ou não. Torturas a prisioneiros são mato. Mas realidades concretas não há uma única que seja credivelmente do domínio público.


Convém esclarecer que a Al-Qaeda foi uma estrutura montada pelos serviços secretos norte-americanos no Afeganistão pra combater, nos anos 80, a presença soviética naquele país. O que é certo é que Bin Laden, o misterioso líder da Al-Qaeda, "teoricamente" escondido algures num pequeno território montanhoso entre a fronteira do Afeganistão e Paquistão, até hoje, apesar dos sofisticados métodos de investigação e actuação dos norte-americanos.



O atentado mais sangrento realizado depois do 11 de Setembro de 2001 num país confinante com o Afeganistão, a Índia, (Setembro de 2008) e atribuido, rápida e inicialmente pelos principais meios de comunicação social norte-americanos, com citação com as autoridades de Washington, à Al Qaeda, veio a saber-se, meses depois, que o principal organizador do mesmo era um norte-americano de nome David Colem Headley, que trabalhava, com agente da CIA, junto de uma organização islamista, que, curiosamente, era dominada, conjuntamente, pelos servicos secretos dos EUA (CIA) e do Paquistão ( ISI). No atentado morreram, oficialmente, 166 pessoas.

O Gabinete Federal de Investigação (FBI) dos Estados Unidos recusou-se a apresentar quaisquer provas contra David Coleman Headley, bem como a extraditá-lo para a Índia para julgamento.


Outro elementos ligado aos serviços secretos dos EUA, Adil Hadi al Jazairi Bin Hamlili, apresentado, anteriormente como operacional da Al-Qaeda responsável por ataques bombistas a duas igrejas cristãs e a um hotel de luxo, no Paquistão, trabalhava, além dos norte-americanos, também como informador dos serviços secretos do Reino Unido e do Canadá.

Agora veio a saber-se, via Wikileaks, que a maior parte dos presos, apelidados de "perigosos terroristas" pelas autoridades militares e judiciais dos Estados Unidos, nada tinham a ver com qualquer movimento ligado aos talibãs. Cerca de 160, considerados pelos próprios carcereiros e torturadores como inocentes, estiveram detidos vários anos em Guatánamo, sem direito a julgamento e e sujeitos a interrogatórios sem a presença de advogados.


Pelo menos 360 eram "soldados sem preparação" ou apenas estrangeiros. Os jornais citaram os documentos diplomáticos dos serviços secretos, enviados ao próprio Departamento de Estado: "El Pais" (Espanha), "The New York Times" (EUA), "Le Monde" (França) e "La Reppublica" (Itália).


Curiosamente, segundo os mesmos documentos, as autoridades norte-americanas libertaram, sem qualquer acusação os prisioneiros perigosos de "alto risco" (127 é o número).

Porquê? Afinal, porque invadiram os EUA o Afeganistão? por estratégia e controlo das matérias-primas do país.


Sucedeu o mesmo com o Iraque.


Está a acontecer, justamente, idêntico processo - descarado, vergonhoso, terrorista - na Líbia.



Sempre com o mesmo argumento: lutar pela "democracia", para conquistar realmente o petróleo. Com milhares de mortos, mas sem qualquer denúncia de que estão a cometer crimes contra a humanidade.


E os chamados anti-capitalistas e anti-colonialistas estão calados que nem ratos.

























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