sexta-feira, 29 de abril de 2011

EUA: AÍ ESTÃO AS MEDIDAS PRÁTICAS DO MILITARISMO





Os EUA estão a transformar-se num Estado militar. Os generais já comandam Exércitos privados.
















































1 - O Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, anunciou, quinta-feira, que o actual director dos Serviços Secretos Externos norte-americanos, CIA, Leon Panetta, será o novo secretário de Estado da Defesa (Ministro da Defesa) do país e que o general de quatro estrelas, David Petraeus, que nomeou, há meses, com trombetas, para "pacificar" o invadido Afeganistão ocupará o cargo de director da mesma agência secreta, sem ter conseguido, como chefe militar, fazer algo naquele país do Médio-Oriente.

Recentemente, a meados do mês de Abril, o mesmo Chefe de Estado norte-americano apresentou para serem postas em práticas as mais duras e draconianas medidas de austeridade que os assalariados dos EUA vão sentir na pele desde há muitas décadas: aumento substanciais dos impostos e cortes drásticos em despesas e prestações sociais públicas. Segundo Obama, estas medidas visam reduzir o enorme e descomunal defice do país em quatro biliões de dólares até 2023.

(Na História das nomeações dos directores da CIA, apenas dois militares de alta patente de carreira ocuparam aquele cargo: o almirante Stansfield Turner -1977/1981- e o general Michael Hayden - 2006/2009. Nenhum deles teve grande operacionalidade, nem pertenceu aos altos comandos de intervenção em guerras de envergadura).


Mas estas nomeações surgem, justamente, num momento preciso da evolução económica dos EUA e numa ocasião sem precedentes de grande importância para o Estado norte-americano, desde a Segunda Grande Guerra, no que diz respeito à sua capacidade militar.



Em primeiro lugar, a dívida pública total daquele país, e baseando-me em dados oficiais do Departamento de Estado, aumentou 19 por cento face a ano anterior, de 17.422 mil milhões de dóares para 20.713 mil milhões. Numa comparação com o ano de 2006, as taxas de juros cresceram enormente, de modo que elas atingirão um tal volume que os EUA terão de pagar qualquer coisa como 915 mil milhões de dólares/ano.



Ora, em grande medida, este crescimento acelerado da dívida pública está ligado às despesas ao próprio empolamento exponencial dos gastos militares.



Os Estados Unidos da América tornaram-se a principal potência económica mundial depois da II Grande Guerra devido ao progresso gigantesco da sua indústria.



E este progresso industrial deu-se, quer pelo incremento da sua produção interna e a colocação a preços competitivos no mercado mundial, quer pelo progresso industrial do complexo militar. Eles souberam revolucionar esse progresso castrense, com armas mais sofisticadas, mas também com a sua aplicação organizativa e estratégica na arena internacional. Ou seja, souberam utilizar essa evolução na própria arte castrense, interligando-a à sua estratégia imperial crescente.



Todavia, o que está a acontecer desde os finais do século passado até agora é que se deram mudanças muito radicais no campo da indústria militar.


Os progressos desta última na sofisticação já não pertencem apenas aos EUA. Estes estagnaram. Outros Estados poderosos em crescimento já estão ao nível de evolução que aqueles alcançaram. Desde a Índia até à China, passando pela Rússia e União Europeia (em alguns dos seus países integrantes), até países menos desenvolvidos economicamente, como o próprio Irão. Ou seja, mulplicaram-se os gastos de defesa a nível mundial.



E os Estados Unidos, com esta concorrência, estão a levaram a um grau de tal maneira elevado a sua capacidade militar, como forma de pretender manter a sua "ideia" e prática de força hegemónica. Mas, tal esforço não pode efectuar-se com voluntarismo, está a realizar com despesas crescentes, gastos orçamentais acrescidos.



O Estado - e as nomeações do director da CIA para a Secretaria de defesa e do general Petraeus para a liderança dos principais serviços secretos operacionais, militarizando-os, o que já acontecia desde o chamado 11 de Setembro - está a ser "tomado" pela estrutura militar.



Esta orientação, ou seja as receitas do Estado estão canalizadas, em grande medida, para manter as Forças Armadas, e esta estrutura castrense já não é apenas o soldado vulgar, mas sim, e de maneira crescente, a sua mercenarização, não só interna, como externa.



Mais de metade das forças militares presentes nos principais teatros de guerra dos EUA no estrangeiro, com especial destaque para o Iraque e Afeganistão, onde estarão destacados perto de 250 mil a 300 mil soldados, são constituidos por membros das chamadas "forças de segurança privada", que não são mais que "mercenários", que transportam as armas mais sofisticadas e fazem muitos dos "trabalhos sujos" e recebem quatro a cinco vezes mais que os membros do Exército convencional. O seu número poderá ultrapassar os 300 mil.



O curioso, pelo memos para o Iraque é que foram "contratados" pela Secretaria de Estado, embora estejam ligadas ou directamente à CIA, ou sob o comando - conselhos de administração das empresas - de oficiais generais operacionais na reserva norte-americanos, como é o caso da L-3 MPRI, cujo Presidente actual é o general de quatro estrelas John Craddock, que foi, até 2009, o comandante Supremo Aliado na Europa (SACEUR).



2 - Ora, estas despesas crescentes e em expoente dos EUA têm um peso redobrado no Orçamento de Estado da União.


Realmente, existe uma produção elevada no complexo industrial militar. Existem lucros exageradamente elevados neste sector, mas, contudo, a produção industrial interna está a fraquejar, a produtividade dos sectores económicos que produziam a grande riqueza do país (indústrias e agro-industriais) estão a "baquear", e, logicamente a produzir desemprego em massa, falências nunca vistas naquele país.


Ou seja, está em declínio o lado mais importante do que permitiu o grande progresso económico e social dos EUA.


Certamente, tal facto ir-se-á já revelar na apresentação do Orçamento estatal do próximo Outono. O defice fiscal é grandioso e terá de ser contabilizado, então, com transparência.


Segundo os analistas e economistas ligados ao sistema financeiro, as despesas que terão que ser feitas para o resgaste das instituições financeiras falidas, avolumadas desde a crise de 2008, estarão na ordem dos 1,5 biliões (repito biliões!!!) de dólares.


Temos que a receita orçamental ( da ordem dos 2,4 biliões de dólares) é quase toda "comida" pelas despesas militares, pelos resgastes dados aos magnatas do sistema financeiro e pelo pagamento (em parte) dos juros da dívida pública.


O que significa que a situação está muito escura. Deverá haver uma crise de maiores proporções. São muitos os que falam em catástrofe financeira que terá repercussões, possivelmente, em todo o Mundo.


Significa isto que: ou os EUA "refreiam" a todo o vapor o seu papel de potência militar, cortando na orientação militarista, ou poderá entrar em colapso económico nos próximos anos.


Claro que tal não acontece de um dia para o outro.


O que está a suceder, ainda que de maneira subtil, muito subterraneamente, é que a evolução económica dos Estados Unidos, ainda formalmente grande, está a ficar atrás, concorrencialmente, de outros Estados e zonas políticas em crescimento.


Ou seja, está a ser "tapada" por outros poderes políticos. Isto aumenta o clima de tensão não só no interior do país, mas também na arena internacional. E poderá levar certas fracções do sistema financeiro dominante nos EUA a um fuga para a frente, que se um reforço do militarismo dentro e fora das fronteiras. Com os argumentos mais descabidos sob capas de defesa da democracia e "civilização ocidental".


Todavia, se optar pela militarização ainda maior, isso levará à resposta de militarização de outros Estados. E, neste caso, colocar-se-á a necessidade de confronto.





Sem comentários:

Enviar um comentário