segunda-feira, 4 de abril de 2011

ELEIÇÕES/DÍVIDA: OU SE MUDA DE POLÍTICA OU TUDO FICA NA MESMA ATÉ À BANCARROTA














1 - Os chamados partidos responsáveis do poder dominante actual em Portugal - o PS, PSD e CDS - estiveram na governação do país desde o primeiro governo constitucional de 1976. Foram eles que orientaram a execução prática da política de Estado até ao momento presente. É um facto. É uma realidade. Não a podem escamotear por mais que o façam. São, portanto, responsáveis. Ponto final.




2 - Claro que sofreram os efeitos de uma crise financeira internacional, que, aparentemente, não se iniciou em Portugal. Teve o epicentro no modelo financeiro especulativo capitalista dos Estados Unidos da América. É um facto. É uma realidade. Não se pode escamotear. Ponto final.




3 - Mas, a realidade que, também, não se pode escamotear, é que tanto os governos do PS, do PS/PSD, do PSD ou PSD7CDS seguiram esse modelo económico, concientemente, e contra a opinião de quem os criticava. Eles permitiram, com toda a sobranceria e irresponsabilidade, o domínio económico e político do Capital financeiro especulativo do mais puro arrivismo e desclassificação. Eles consentiram, com toda a naturalidade e clarividência, serem os lacaios dos maiores vigaristas financeiros que se estabeleceram em Wall Street, incensando-os, bem como os seus seguidores em Portugal.




4 - Não podem afirmar ou sustentar que não podiam fugir à crise. Não quiseram. Optaram por uma via de governação deliberada. Eles foram os cordeiros executantes da política dessas grande burguesia capitalista. Permitiam fazer barbaridades sobre o povo, barbaridades estas que atingem a criminalidade.




Terão de ser penalizados e julgados pela sua acção política. Não só em Portugal, mas igualmente nos EUA e na UE. Os governos destes países ou conjunto de países foram os "braços" políticos dessa grande burguesia capitalista desclassificada e venal, ávida de um lucro fácil, sem qualquer pejo de desbaratar os tesouros públicos ou as finanças do Estado.


5 - Situemo-nos, primeiro em Portugal. Desde os finais dos anos 70, mas de maneira evidente, sustentada e defendida até aos dentes, quer por PS, primeiro, mas, essencialmente, pelo PSD, com Cavaco Silva em Primeiro-Ministro, fez-se uma mudança radical na econonia, tendo como eixo o dominío do capital financeiro. Foi um regabofe com as privatizações. Tudo virado para a entrega a esse capital. As empresas públicas, que representaram mais de 50 por cento do PIB, ou foram estranguladas ou privatizadas para entregra os homens do Capital. Os sectores produtivos industriais nacionais foram neutralizados a favor de empresas de capital estrangeiro dominado pela finança europeia e internacional. Outro sector produtivo esssencial para a vida populacional do país, a agricultura, em lugar de ser modernizada ou reorientada para uma produção nacional mais efectiva foi, pura e simplesmente, desmantelada. O mesmo aconteceu com a pesca e com os transportes marítimos, para não falar na construção e reparação naval. As empresas de serviços quase inúteis de capital estrangeiro saltiraram por todo o país, liberalizado o sector do trabalho e baixando os salários, com o argumento de impor a competividade face à "concorrência" estrangeira. Balelas. A economia produtiva portuguesa desde 2000 está praticamente estagnada.




Houve melhorias sociais reais, mas estão asentes em pés de barro. Dependem e dependiam da entrada de capitais. A realidade é que, depois dos investimentos iniciais da UE, começou a verificar-se que havia penúria financeira. Não tinha sido estabelecida uma harmonia económica no desenvolvimento do país. Ora, na perspectiva de uma crise, a míngua financeira dos cofres do Estado foi colocada e está nas mãos do grande Capital.




6 - Perante uma crise da envergadura da actual, será impossível levar a gestão do Estado a reganhar e impulsionar a produção nacional, sem reconduzir o Orçamento estatal a uma posição de equilíbrio entre a despesa e a receita do mesmo. E como fazer isto? Sem ferir os interesses estabelecidos dominantes, sem ir aos bolsos do capital financeiro especulativo? É impossivel, continuando a governação do Estado a seguir as mesmas regras. O interesse desse Capital é manter o défice, fazer aumentar a dívida publica, para aumentar a especulação. É o que está a acontecer. Ou se muda esta política (na economia, na sociedade), ou se aumenta a política de austeridade para os de baixo para satisfazer o apetite constante do Capital financeira por lucros, sem baixar as suas condições de vida e existência. Esta é a questão de fundo. Esta é a questão que estará frente a frente nas próximas eleições legislativas portuguesas. Mas irá estar na frente da batalha política e eleitoral em toda a Europa.




Existe uma alternativa de poder? Existe. É acabar radicalmente com a especulação financeira. Acabar com o poder dessa alta burguesia, que está a levar o Estado à bancarrota. Pode fazer-se frente. Pode. Veja-se o caso da pequena Islândia, que curiosamente desapareceu dos notíciários da grande imprensa. Não pagaram a especulação, mudaram de política e prenderam a maioria dos vigaristas especuladores.




7 - É a questão da dívida , do equilíbrio orçamental um problema dos países periféricos da União Europeia? Não. É uma questão global. Atinge os próprios EUA. O desequilíbrio entre receita e despesa é monumental nos Estados Unidos.


Segundo os dados publicados pelo Departamento do Tesouro (Ministério das Finanças) dos EUA (http://www.treas.gov), valores relativos a Fevereiro passado, a dívida pública total, aumentou 19%, de 17.422 para 20.713 mil milhões de dólares!


Se fizermos uma comparação interpretativa entre as taxas de juro implícitas de 2006 com estes dados mais recentes, referentes a Janeiro 2011 sobre a dívida verdadeira, ou seja, se verificarmos o custo dos juros da dívida actual à taxa de de juro de 2006, os EUA terão de pagar 913 mil milhões de dólares/ano.


Quer queirarmos quer não, este aumento vertiginoso, que não tem correspondido um real aumento produtivo interno naquele país, os EUA poderão estar na véspera de uma nova crise financeira, e, em termos práticos, pode afirmar-se que a potência militar está a utilizar o incremento do complexo militar-industrial, com exportações massivas de armas, e fomento de formas de neo-colonialismo, para mascar - ou atrasar momentaneamente - um espectro de bancarrota.


O poder executivo em Washington está atolado com a pressão dos banqueiros de Wall Street para efectuar novos contratos favoráveis à banca, o que, em termos práticos, irá aumentar a especulação sobre os países vassalos para sacar mais dinheiro para cumprir o pagamento dos juros sempre crescentes do seu próprio país.


Como vai evoluir toda esta situação? Não há receitas acabadas. Mas a principal é colocar toda a enregia em travar o poder do capital especulativo.


Há movimentações em todo o Mundo. Há tentativas de desacreditar tudo o que possa ser um embrião de novas formas de poder. Pode dar resultados imediatos.


Mas também forjar explosões sociais.


E elas podem caminhar da periferia para o centro. Como estarão a UE e os EUA daqui a um ano?





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