quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A REPÙBLICA DOS BANQUEIROS




Eles escolheram a servidão dos banqueiros

Os principais banqueiros portugueses, cujo sistema financeiro está dependente directamente e controlado pela alta finança internacional (com excepção da Caixa Geral de Depósitos) tornaram-se, nos últimos dias, os porta-vozes oficiais do actual regime político português.
Há 15 dias, reuniram-se com o Primeiro-Ministro, José Sócrates. Na passada quarta-feira, entraram, triunfantes, na sede do PSD, onde "aconselharam" o seu líder, Passos Coelho, a aprovar o Orçamento de Estado (OE). Hoje, quinta-feira, ultimaram esse OE com o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
Ao efectuarem este giro entre os dirigentes políticos do bloco central apoiante do regime, fizeram questão de marcar posição: "Quem domina a política governamental e estatal portuguesa somos nós os banqueiros".
Na realidade, com a formulação e eventual aprovação do OE em gestação, em que o essencial da receita do Estado advirá dos salários e das pensões - restringindo-as -dos que são ou foram assalariados para ser remetida para pagamentos de juros aos bancos, que estiveram no centro da crise financeira e económica que o país atravessa, nada sendo beliscados nos seus juros e encargos, pode afirmar-se, sem qualquer rebuço de maledicência, que o grande capital financeiro é único e verdadeiro "patrão" do poder de Estado em Portugal.
O actual governo, liderado pelo PS, com a cumplicidade e o apoio directo e entusiasmante do Presidente da República, Cavaco Silva, e do seu partido apoiante, o PSD, colocaram-se à partida nas mãos dos banqueiros, e isto desde o início da crise financeira de há dois anos, quando lançaram mãos de fundos públicos para sustentar o descalabro em que estava metido todo o sistema financeiro especulativo.
Ao fazerem isto, desequilibraram, de imediato, o Orçamento, colocando em causa os gastos públicos essenciais para as populações e para a própria produção nacional.
E ao optar por esta via, nitida e objectivamente, colocaram-se ao lado do capital especulativo em detrimento de todo aquele que trabalha.
Claro que a ligação harmónica entre Administração Pública e o desenvolvimento da produção nacional depende, acima de tudo, do estabelecimento de um equílibrio entre despesa e receita desse mesmo Estado. Ora, para não ferir essa harmonia - para não restringir os interesses dos assalariados e mesmo das obras públicas necessárias - como hospitais, vias de transporte competitivas, etc etc - era necessário atingir os valores descomunais da alta finança e da alta burguesia que lhe está ligada.
O "bloco central" que gere o Estado tomou uma posição clara: vamos taxar aqueles que estão de baixo e dar à mão aos de cima. É uma clara opção classista.
Na actual situação, taxar, com valores substanciais, os fabulosos lucros da alta finança nem sequer era um acto de uma prática revolucionária, mas uma acção reformista que poderia impulsionar a produção nacional, sem atingir grandemente que trabalha, e inclusive os sectores "mais empobrecidos" das pequenas burguesias, mas, claro, ao tomar essa iniciativa os partidos do actual regime iriam entrar em choque directo com os banqueiros para quem "trabalham" ou podem vir "a trabalhar".
E o que era mais grave para o futuro: ficaria o exemplo. E os assalariados poderiam exigir mais e mais e até produzir convulsões de carácter mais avançado.
Daí a campanha intensa, cinicamente mesquinha, que vem do governo, da Presidência da República, dos jornalistas e economistas do regime, de que não há outra via senão aquela de apertar o cinto.
Como contrariar essa massificadora campanha? A propaganda da rua, da manifestação de poderio daqueles que não se deixam vergar. E se calhar algo mais.


Sem comentários:

Enviar um comentário