sábado, 23 de outubro de 2010

CAVACO SILVA: O HOMEM QUE INICIOU A CRISE ACTUAL












Os apaniguados são actualmente os bem sucedidos capitalistas especuladores









Com toda a candura, o actual Presidente da República, Cavaco Silva, em véspera de anunciar a recandidatura ao cargo, prontifica-se - e naturalmente negoceia - uma entrevista-reportagem ao jornal Expresso. com direito a ser "exclusiva" e ser o frontíspicio e a mensagem cuidadosamente estudada: "sinto tristeza com a situação que vivemos".

Ele, Cavaco Silva, um santo, que tudo tem feito para evitar a crise, que nada tem a ver com ele e as políticas que defende e pôs em prática -"confesso que não esperava que estivéssemos na situação em que estamos".

Um esquecido, este Presidente da República, que subiu ao cargo em 9 de Março de 2006, prometendo favorecer "consensos alargados em torno dos grandes objectivos nacionais", que são justamente os preconizados pela governação actual do país, que segue, no enssencial, os objectivos que o actual chefe de Estado perseguiu quando foi Primeiro-Ministro deste pais, alías, o chefe do executivo de Portugal pós-25 de Abril que mais tempo tempo esteve no cargo entre 1985 e 1995. Nada mais, nada menos 10 anos seguidos.

Foi ele, aliás, o "motor político" da ascensão do capital financeiro - não só do nacional, mas essencilamente do internacional, - permitindo que aquele controlasse todo o sistema fas finanças e da produção portuguesas, contribuindo assim para o aumento da dívida pública. Foi ele, como governante, que mais contribuiu para a elevação a níveis dilatórios o próprio défice de Estado, que, ao ficar nas mãos dos grande financeiros, principalmente, internacionais, se tornou objectivo obssessivo de toda a especulaço (mais tarde, noutra mensagem, registaremos um a um os membros dos governos de Cavaco Silva, que estão agora no centro do furação do #buraco especulativo# português) que levou ao enriquecimento desenfreado dos agiotas mais descarados, que pupularam em torno do poder governativo do actual Chefe de Estado.

Ao privatizar desenfreadamente, a governação de Cavaco Silva colocou o país na dependência directa dessa alta burguesia especulativa e desenvergonhada, que, por sua vez, se entregou de bandeja aos apetites do capital financeiro especulativo internacional. Ao fazer isto, ele, Cavaco Silva, é co-responsável, mas co-responsável directo, de todo o desequilíbrio que se foi acentuando no Orçamento de Estado.

Quando se coloca a balança a pender para o lado do Capital, tirando-lhe o freio, ele vai exigir sempre mais no restabelecimento do equilíbrio do Orçamento: Querem mais juros, mais vantagens para emprestar, sem beliscar os seus lucros, logo saquem à outra parte os assalariados, os de baixo, a classes baixas e médias-médias e médias-baixas.

Vejamos exemplos:

Comecemos por aquele que é mais recente na memória: a PT.

A Portugal Telecom – uma das maiores empresas do País – foi "trabalhada" e "organizada", durante anos, para ser entregue aos grupos económicos privados.

Primeiro mexeu-se nos CTT-Correios e Telégrafos de Portugal. Estamos em 1992 - o governo era de Cavaco Silva. Estraçalhou-se, separando as telecomunicações do serviço postal. Depois juntou-se, em 1994, três empresas públicas do sector das telecomunicações: Telecom Portugal, TLP (Lisboa e Porto), TDP (Teledifusão), o que permitiu ainda o controlo de 51% da Marconi (comunicações internacionais).

Em 1995, - Cavaco preparou tudo - começou a privatização da empresa.

É uma empresa do Estado que favorece o Estado? Balelas.

A Portugal Telecom é hoje uma empresa cotada em bolsa (com um valor de capitalização bolsista de cerca de 8 mil milhões de euros), mas o Estado está na posse de cerca de 7% através da CGD. Há uma "golden share" certo, mas os lucros não são portugueses.

Mais de 75% das suas acções estão nas mãos de capital estrangeiro.

Um conjunto de grupos económicos apresentados como nacionais estão na posse do restante, com proeminência para o Grupo Espírito Santo, mas este também é dominado pelo capital estrangeiro.

Com a saída daquela empresa do controlo estatal directo – o Estado ficou, na realidade, sem receitas apreciáveis e deixou de ter a palavra determinante num sector estratégico na economia.

Toda a orientação estratégica foi remetida para a obtenção pura e simples de lucros, que na realidade são distribuidos, maioritariamente, para estrangeiros, cuja cabeça dominante no executivo é actualmente Zeinal Bava.

Quando o plano inclinado em direcção à actual situação de crise económica, social e até política se comecou a acentuar, foi, justamente, quando a política de privatizações entrou em galope.

Por volta do ano 88 do século passado, as grandes empresas públicas contribuiam com cerca de 20 por cento do PIB nacional.

Albergavam mais de 11 por cento do emprego efctivo do país. Eram decisivas nas orientações e tomadas de posição da política económica nacional.

Pois, naquele ano, o governo de Cavaco Silva fazia a primeira "transfiguração" para a privatização: as empresas nacionais transformavam-se em sociedade de capitais maioritariamente públicas, com a chusma imediata de administradores a ganharem pelo "salário do sector privado". E dai, foi um ver se te avias. Os boys começaram a sair do "subsolo" como formigas. Em 1990, oito seguradoras e 11 bancos seguiram esse caminho.

Depois a privatização a 49 por cento, mais tarde a maioria. Lembram-se do caso Roquete, com o Mário Conde no Totta-Açores?.

Saltemos para 1992: venda de 22% do capital da PETROGAL, 60% do BESCL, 100% da Rodoviária Nacional, da Rodoviária do Douro e da Mundial Confiança, 17,6% do BPA, 20% do BFB, 100% da Império, 100% do BANIF, 100% do CPP e 15% da Bonança.

Reparem que, num ápice grande parte das acções estão nas mãoes de estrangeiros. Lembram-se do BESCL, que gritavam a pleno pulmões que o controlo era português? O sucessor, o grupo BES, embora tenha um cidadão português na presidência, o seu capital estão todo hipotecado ao estrangeiro, em especial ao lobby judeu.

Seguiram-se governos PS, que se tornaram seguidores incondicionais do PSD. Depois, ascenderam governos PSD/PP. Retomou o PS.

O rumo foi o mesmo.

A crise vem, pois de longe, e o actual Presidente da República sabe disso. Ele esteve com as mãos na massa. Ele contribuiu, grandemente, para o desequilíbrio dos Orçamentos do Estado.

Quando Cavaco Silva menospreza o papel do capital internacional, que está longe, segundo ele, e só pensa em sacar do nosso, ele é o responsável directo disso. Está a tirar a água do capote.

Náo é possivel recolocar a Função Pública, ou seja a Administração Central, Regional e Local do Estado para fomentar a produção interna, nacional, digamos assim, sem conseguir que a despesa e a receita desse mesmo Estado seja equilibrada.

Ora, para se conseguir isso terá de se ferir os interesses do Grande Capital para evitar retirar o que já não se pode retirar de quem paga impostos e não pode fugir deles.

A crise vai aprofundar-se, quer queira Cavaco ou Sócrates, ou não, se não se retirar uma parte substancial dos encargos públicos de cima dos ombros dos de baixo, e ir buscá-los aos off-shores e lucros do grande Capital.

O cerne de uma nova política passa por aí.

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