quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O QUE É NOVO NO IRÃO: O ATENTADO OU A POSSE DOS S-300



















Numa anterior mensagem deste blogue, admitia que a grande preocupação dos EUA (e do seu apoderado no Médio-Oriente, Israel), na sua luta concorrencial com o Irão, esteja a ser digerida nos "lugares sinistros e sombrios" da Casa Branca, para a preparação de uma tentativa de golpe de Estado contra o actual regime de Teerão.

E isto, porque a perspectiva de um ataque a território iraniano se apresenta com margens de manobras muito escassas, e com uma possível retaliação que destruirá parte substancial das forças armadas norte-americanas nos golfos de Omã e Pérsico e, eventualmente, uma destruição, em larga escala, em Israel.

Não sei qual a real implantação do actual regime de Mahmoud Ahmadinejad no Irão, mas parece-me que a oposição, no período pós-eleiotiral, era um fogo fátuo, muito ampliado pelos meios de comunicação ocidental.

Sob a tutela dos sectores burgueses ultra-conservadores e financeiros ligados ao poder teocrático, o regime iraniano está a efectuar uma política pró-capitalista avançada, com concentração no sector de ponta ultra tecnológico, que tem um apoio ou cumplicidade da burguesia intelectual científica. Em especial, está a incrementar um complexo-industrial-militar que o está a transformar em poder regional influente, com alguma autonomia face às potências dominantes na zona.

Há, com clareza, um jogo de sombras e de meia-guerra, para medir forças.

Há muita manifestação de propaganda, de um lado, de Teerão, mas, ainda mais e ampliado do Ocidente (e das monarquias teocráticas apoiadas por Washington como a Arábia Saudita e a Jordània).

Isto a propósito de um atentado ou pseudo atentado, hoje ocorrido, dirigido contra o Presidente do Irão; Mahmoud Ahmadinejad.

Um obscuro blog, intitulado, Khabaronline.ir, que a imprensa ocidental admite (o curioso da notícia, eu cito) "como próximo do presidente do parlamento Ali Larijani") tinha divulgado, horas antes, que um engenho explosivo tinha sido atirado contra as viaturas do comboio presidencial na cidade de Hamedan, no Oeste do país.

Refere a imprensa ocidental, que reproduz, sem qualquer reticência, a norte-americana, que a notícia algum tempo depois foi removida da página, frisando, na noticia anterior, que dava conta de que uma granada tinha explodido junto ao combóio presidencial, sem no entanto causar vítimas.

Quem vai tornar a notícia um assunto internacional: a cadeia de televisão Al-Arabya, baseada no Dubai, financiada pela Arábia Saudita e pelos EUA, noticiou que um atacante tinha atirado uma bomba contra a comitiva de Ahmadinejad, antes de ser detido. Esta cadeia de TV árabe citava as suas próprias fontes, dizendo que a bomba tinha atingido um carro que transportava jornalistas e funcionários da presidência.

Houve, na realidade, qualquer problema, quer festivo, quer mesmo ter havido uma explosão artesanal.

Ora, Teerão desmentiu oficialmente que o Presidente do Irão tenha sido alvo de uma tentativa de assassínio.

Depois do desmentido oficial, um certo recuo do noticiário internacional, pró-ocidental.

Cito: "A versão das autoridades é a de que a alegada granada não passava de um grande petardo artesanal que teria sido acendido por um partidário do presidente para celebrar a chegada deste.

Interessante a justificação posterior da mesma imprensa ocidental: "É um facto conhecido que alguns iranianos costumam fabricar potentes petardos artesanais que lançam depois em ocasiões festivas, especialmente para celebrar o ano novo. Esses engenhos barulhentos, que em alguns casos podem atingir o tamanho de uma bola de ténis, são a causa de numerosos acidentes contra os quais as autoridades costumam pôr de sobreaviso a população".

O relato prossegue: "O próprio Ahmadinejad não fez referência a nenhum atentado quando, logo a seguir ao incidente, discursou no estádio de Hamedan".

E numa reviravolta, a imprensa ocidental argumenta: "Ahmadinejad acredita numa conspiração".

"No entanto, na passada segunda-feira, o Presidente iraniano tinha dito que acreditava ser alvo de uma conspiração israelita para o assassinar".

Num discurso em Teerão, feito a uma conferência de iranianos expatriados, o Presidente do Irão afirmou: "os estúpidos sionistas contrataram mercenários para me assassinarem".

No ano passado, o então chefe dos serviços secretos do Irão, Gholam Hossein Mohseni Ejeie, tinha por sua vez afirmado que agentes israelitas se tinham reunido duas vezes com membros dos "Mujahedeen do Povo do Irão" para planear o assassínio do Presidente iraniano. Hossein Mohseni precisou que as referidas reuniões tinham tido lugar à margem de uma reunião em Sharm El-Sheik no Egipto e em Paris.

De acordo com este responsável dos serviços secretos iranianos, o grupo de oposição ao regime terá concordado em cooperar na condição de ser removido da lista de organizações terroristas mantida pelos EUA".

O que é novo e relevante no noticiário do Irão.

A informação de Teerão de estar na posse de Mísseis s-300.

Quem lhos forneceu? O iranianos afirmam que foi a Bielorrúsia e que efectuou compras a traficantes "não identificados".

Eu sou mais realista.

No mercado mundial, os grandes armamentos só são vendidos pelos seus verdadeiros detentores. Logo, se Irão os tem, foi porque a Rússia os vendeu. Em jogo estão muitos e milhões de euros.

A Rússia tinha assinado um contrato em 2007 para vender mísseis ao Irão, mas em Junho declarou que as novas sanções do Conselho de segurança da ONU contra Teerão impediam a entrega destas armas.

Desde então Moscovo tem vindo a fazer várias declarações contraditórias no que respeita ao negócio. Israel e os EUA pediram aos russos para que não entregassem os sistemas de mísseis, que podem abater vários aviões simultaneamente ou ser usados para proteger instalações nucleares.

A venda viria reforçar substancialmente as capacidades defensivas do Irão, fazendo aumentar os receios israelitas de um desequilíbrio militar no Médio Oriente.

Na altura, e face ao arrastar de pés por parte da Rússia, responsáveis iranianos disseram que, se o Kremlin se recusasse a completar a venda, o Irão seria bem capaz de produzir, ele próprio, sistemas de mísseis com capacidades muito semelhantes às do sistema S-300.

O jornal israelita Haaretz cita alguns diplomatas ocidentais em Moscovo, que acreditam que o Governo russo tem intenções de manter o negócio em suspenso, a fim de dispor de um elemento de negociação tanto com o Ocidente como com o Irão. As autoridades de Teerão tem vindo a expressar uma frustração crescente pelo facto de o contrato não estar a ser cumprido.

Tudo retórica. Os russos estão a fzer o negócio.






Sem comentários:

Enviar um comentário