sábado, 24 de julho de 2010

OS PEQUENOS PAISES JÁ PODEM USAR A BOMBA ATÓMICA






As guerras regionais podem ser feitas com armas atómicas dos dois lados, mesmo sendo pequeno um dos países.





















Nos últimos meses, assistimos a uma aumento de tensão militar em vários pontos do Mundo. Começam a exibir-se e a falar-se, abertamente, na utilização de armas atómicas. Em todos esses focos de tensão estão sempre os representantes políticos e militares dos Estados Unidos da América. O que não é por acaso, eles estão a promover no mundo, como estrátégia de política externa, a política de sangue e armas, pensando que, com tal orientação, irão reconquistar o poderio financeiro-económico que alcançaram no Mundo, nos últimos 50 anos.

Eles pensam, em particular desde 2001, altura em que, de maneira desabrida, abriram a frente de combate no Afeganistão, que conseguiam um sucesso, a curto prazo. Como se pode ver dez anos depois, a sua imperial política económico e financeira está a desmoronar-se, e, a sua arma de referência internacional, o dólar, está pela ruas da amargura.

Algo mudou no Mundo nos últimos 30 anos, e um dos aspectos salientes dessa mudança deu-se, precisamente, nas transformações económicas, sociais e mentais, que ocorreram nos países, povos e comunidades que eles espezinharam, quando pensaram que "tudo estaria a seus pés" após o desmembramento do Império Soviético.

O que é certo é que, desde os meados dos anos 80, menosprezaram os seus aliados europeus e intervieram nas políticas internas da Jugoslávia, da Polónia, da Hungria, da Checoslováquia, Roménia, Albânia, e, até da própria Alemanha.

Desde os anos 60/70, desprezaram todos os sentimentos nacionais e independentistas da América Latina, colocamdo nos poderes generais e coronéis, títeres da sua política. Já antes embrenharam-se no Vietname, fomentaram um golpe militar sangrento na Indonésia, com mais de um milhão de mortos nos oposicionistas políticos, intervireram e tentam intervir na pensínsula coreana, na Birmânia, na Tailândia, conforme as conveniências.

Enxameiam de divergências e guerra todo o Grande Médio-Oriente.

Claro, como se pode ver, isto não pode durar.

Em primeiro lugar, a Europa retalhada pela guerra e amesquinhada pelos Estados Unidos, que ainda hoje procura amordacá-la aos seus interesses estratégicos, está numa fase - diga-se incipiente, titubeante, ainda indefinida - de procurar a unificação, constituindo uma unidade económica que Washington sabe que, a atingir a plenitude, irá ser-lhe mortal nas pretensões de hegemonia (produção concorrencial, exportação, e mesmo referencial monetária). É, neste momento, ainda que com uma crise de proporções, a maior potência económica e o centro populacional, em conjunto, com o maior poder de compra. Logo centro atractivo, até para as migrações de povos.

Em segundo lugar, estão a surgir outros pólos económicos autónomos e concorrencias para os EUA na Ásia (em torno da China), na América do Sul (com o embrionário Mercosul, cuja alavanca é o Brasil);

Em terceiro lugar, estão em fase de consolidação potências militares (mundiais ou regionais), capazes de restringir a voracidade imperial de Washington. Desde o Médio-Oriente até à`Ásia.

Em quarto lugar, as disputas de regiões de riquezas naturais e de zonas geo-estratégicas já não são monopólio absoluta do capitalismo norte-americano, e naturalmente, dos seus representantes políticos e militares. São disputas muito caras, cujos desfechos de sucesso castrense local são incertos e, principalmente, desgastantes para o Tesouro norte-americano.

Ora, o que torna toda esta situação explosiva é que o Estado imperial - e neste Estado, o que conta são essencialmente os interesses capitalistas financeiros especulativos - tem de ( melhor dizendo, tenta) provar que que as "suas garras" estão afiadas para conseguir que o mercado mundial seja da sua exclusiva dependência. Para que isto seja real, pelo menos, em parte, do ponto de vista, dos representantes políticos e militares do sistema norte-americano, têm de impôr aos "elos mais fracos" os ditames da violência manus militare para servir a expansão económico-comercial.

Os Estados Unidos estão numa encruzilhada e estão a colocar o Mundo à beira de uma guerra, pelo menos, regional, numa primeira fase, de grandes proporções, cuja arma nuclear já não está só na sua bagagem. Ela pode atingir tanbém "os interesses vitais" de Washignton.

As movimentações a que estamos a assistir não estão a primar pelo bom senso.

E as mais graves e imediatas estão a surgir na região da Península da Coreia.

Um navio de guerra sul-coreano foi afundado, em circunstâncias obscuras e não esclarecidas, que a Coreia do Norte nega ser da sua autoria. Dos restantes países da zona asiática, apenas a própria Coreia do Sul e o submisso governo japonês se colocaram ao lado dos EUA, sustentando que foi o regime do norte o promotor.

Como não conseguiram o apoio diplomático, muscularam-se e programaram para domingo e até ao dia 28 (e isto de programar leva muitos meses, pelo menos um ano, o que significa que já estava em cima da mesa dos estrategas de Washington, antes do torpedeamento do navio de guerra!!!) exercícios aero-navais, no Mar do Japão, com a participação de 20 navios de guerra, incluindo um porta-aviões nuclear, 200 caças de combate e 8 mil soldados.

Para esta aventura, empurraram, com a conivência dos títeres de Seul e Tóquio,
soldados das Forças de Autodefesa (Exército) do Japão para participar como observadores das manobras navais e aéreas.

É a primeira vez que o Japão, cuja Constituição proíbe participação em conflitos armados a menos que seja em defesa própria, actua como observador em exercícios militares organizados por outros países. O militarismo japonês está a ser reabilitado, há mais de uma década, por instigação norte-americana.

Claro que estas manobras colocaram a China em alerta, e, qualquer incidente junto às suas fronteiras vai alargar, certamente, se tal acontecer, o fantasma de uma guerra regional.

Mas, enquanto isto sucede naquela região, na América Latina crescem os sintomas de tensão militar, instigados por um aliado de Washington, o actual Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que tudo fez para colocar um conflito interno colombiano de guerra civil, num confronto com um país, que se afasta cada vez mais de Washington, a Venezuela.

Os representantes de Uribe apresentaram um dossier na sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), em que participam os EUA, afirmando que guerrilheiros das FARC estão estacionados em território venezuelano. E para tal, apresentam fotografias de satélite, como se a Colômbia tivesse satélites a sua disposição. É evidente que lhe foram fornecidos por Washington. O que proporcionou tal dislate: a tensão, cortes de relaçõe diplomáticas, ameaças de guerra.

Num confronto de tal envergadura, a Colômbia não terá capacidade de vencer, até porque o grosso do seu Exército nem sequer consegue derrotar uma dezena de guerrilheiros há 30 anos. A Venezuela também poderá vir a ser prejudicada.

O que está pois na forja?
Entre as mais recentes iniciativas de Washington para procurar restringir os sentimentos nacionais das nações sul-americanas, está a reactivação da 4ª Esquadra de Intervenção. E esta ainda não actuou.

Mas a crise actual colombiana/venezuelana não é o único indício de que a Administração norte-americana quer regressar, com a força de tropas, àquela região. A pretexto de um sismo, ocupou militarmente o Haiti (os soldados ainda lá estão um ano após a catástroge sob o disfarce de “ajuda humanitária”), a Costa Rica é na realidade um protectorado norte-americano com o argumento de que estão a combater o narcotráfico, fomentaram um golpe militar nas Honduras, a partir de uma sua grande ali instalada, destituindo o presidente eleito Manuel Zelaya.

Para evitar, uma possível viragem política na Colômbia com o novo Presidente, que quer normalizar as relações com a Venezuela, pois as perdas económicas são grandes, acertou, já há muitos meses, com Uribe um acordo para instalar sete novas bases na Colômbia.

Mas, apesar de imediato, puder haver um confronto na Coreia, os Estados Unidos estão a fazer subir a tensão da guerra no Grande Médio-Oriente, pois, no presente, é a região onde se concentram as principais reservas e riquezas minerais, desde o petróleo ao gás, mas também minérios, como o lítio. Mas, acima de tudo, é uma das zonas mais importantes geo-estratégicas, onde se entrecruzam alguns dos maiores oleodutos e gasodutos do Mundo.

Aqui, estão em jogo interesses de potências já instaladas na cena política internacional (EUA, Rússia e China), mas está em crescimento uma potência regional, que conhece o terreno, a cultura, e a língua da região, o Irão. É um novo actor, que pode vir a dar cartas nos próximos anos.

Por isso, é que houve o recente desentendimento no topo do complexo militar-económico dos Estados Unidos, com as declarações do general Mac Chrystal, antigo comandante chefe das forças norte-americanas e dos aliados (ou pseudo-aliados) da NATO no Afeganistão, que considerava que a guerra no país estava em fase de ser perdida. E criticava a orientação da Administração política norte-americana.

O homem que o susbtituiu, o general David Petraus, afirmou, com toda a entoação de um novo comandante, que está "decidido a vencer no Afeganistão, a qualquer custo".
Mas como? se os aliados se querem ir embora e os EUA estão com dificuldade de logística de de rotação de homens a tempo e horas. Com um crescente número de mortos em combate.

Este ano fazem já nove anos que os EUA anunciaram que iria invadir o Afeganistão alegando para "salvar a população local e a comunidade internacional do terrorismo islâmico".
Mas, eles agora já querem retirar aos terrorista islâmicos o rótulo de terrorismo? Até como é?

Mas qual foi a razão principal da saida de Chrystal? Ele era adepto do empenhamento de mais homens no terreno, de mais material. Ou seja aumentou enormente o custo da guerra. E, atirou-se a Obama, acusando-o, implictamente, de ser fraco na condução da mesma. Ou seja, estava a dizer, praticamente, ao Presidente (e aos civis), demita-se, porque você não sabe dirigir tal operação. Isto só os militares o podem fazer.

Obama enredou-se na trama. Optou por mais guerra. Está a incendiar o Paquistão, a pretexto de combater "o terrorismo". Mas quem alimenta esse terrorismo são os organismos de poder económico-militar do Paquistão.

Como conter isto? Os EUA estão a ponderar atirar a Índia contra o Paquistão, se necessário. Asinaram, ha dias, um tratado de luta comum contra o terorismo. Para a Índia, de onde vem esse terrorismo? Precisamente do seu vizinho.

Os EUA estão enredados numa teia que não conseguem fugir. Os seus aliados estão em fuga. Para sobreviver no Afeganistão já financiam os talibãs para lhe dar protecção nos seus movimentos logísticos e não só.
O atoleiro só vai poder acabar com uma retirada.

Mas, os Impérios antes de se destruirem - ou serem destruidos - vão fazendo sempre sangue.


Serafim Lobato










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