sexta-feira, 4 de junho de 2010

VATICANO: DE ESCÂNDALO EM ESCÂNDALO NAS FINANÇAS











Ao lado esquerdo: o novo homem forte do IOR, vindo do banco do OPUS DEI, o Santander. Do lado direito: Um euro pal papal, uma moeda fictícia só para sacar dinheiro.
Há dias, a imprensa italiana fazia manchete com um novo escândalo em torno da agiotagem do Estado Papal: Banco do Vaticano, que se intitula, muita piamente, Instituto das Obras Religiosas (IOR), estava, há anos, sob suspeita de lavar dinheiro.
As investigações judiciais tinham detectado trasações fraudulentas no valor no valor de 180 milhões de euros, realizadas em apenas dois anos, e isto só numa das contas geridas pela instituição.
Mas, não só, na mira da justiça de Itália, estão 10 outras instituições financeiras, ligadas, directa ou indirectamente, à Santa Sé pelos mesmo motivos.
Os investigadores têm indícios que pessoas com residência fiscal em Itália estejam a usar o banco oficial do Vaticano como uma «cortina» para esconder diversos crimes, entre os quais fraude e evasão fiscal, noticiaram as agências internacionais.

O IOR gere contas bancárias das ordens religiosas e associações católicas e beneficia do estatuto "offshore" (não paga imposto, nem é controlado fiscalmente) do Vaticano.
É uma situação pontual, a agiotagem no sistema financeiro no interior dos bancos liados ao Vaticano? Não.
Praticamente, desde que o Vaticano estabeleceu, em 1929, uma concordata com o fascista chefe do governo de Itália Benito Mussolini, recebendo uma quantia elevada em troca de dar o beneplácito ao regime, o papado entrou deliberadamente na especulação bolsista, na compra de acções pelos mundo fora, fazendo parcerias e negócios com o submundo da droga, da traficância de dinheiro de origem obscura, desde a Máfia italiana aos traficantes de outras parte do globo.
Em 1971, um obscuro bispo de origem norte-americana chamado Paul Marcinkus asssumiu o controlo do IOR, onde se manteve até 1989, defendido, com unhas e dentes, pelo falecido Papa João Paulo II, apesar de, em 1982, se ter descoberto que havia uma fuga de capitais da ordem dos 1,4 mil milhões de dólares do Banco Ambrosiano, uma entidade bancaria, que funcionava como holding do IOR. E neste último foi detectado um buraco de 250 milhões de dólares.
Foram efectuadas duas investigações em Itália - uma judicial e outra parlamentar - e ambas confirmaram que existiam uma intima ligação económica (e política) com uma loja maçónica de nome Propaganda Due (P-2), que estava em vias de dar um golpe de Estado pró-fascista na República Italiana (na P-2 estavam inscritos cardeais, magistrados de topo, generais, os chefes dos Serviços Secretos, empresários conhecidos, como Silvio Berlusconi, entre outros), mas também existia uma profunda parceria negocial e comercial com a Máfia, sendo que um dos chefes mafiosos norte-americanos e presidente de um banco nos EUA (Banco Franklim) era um dos porincipais conselheiros económicos de João Paulo II. Foi assassinado numa prisão de Itália, antes de ir a julgamento. Igualmente foi assassinado, em Londres, o Presidente do Conselho de Administração do Banco Ambrosiano Roberto Calvi, que era, até ao descobrimento da fraude, o homem de Marcinkus na gestão daquela entidade bancária.
O Banco Ambrosiano foi reclicado e hoje chama-se Nuovo Banco Ambrosiano.
Mas era unicamente um banco italiano? Longe disso. Tinha largos tentáculos. Estendia-se à Suiça, através da banca del Gotardo di Lugano, ao Kredietbank SA Luxembourgeoise (Luxemburgo) e também ao luxemburguês Interitalia. Descobriu-se ainda intensas ramificações na América Latina.
Os investimentos papais passavam (e passam) também, entre outros países, pela Espanha, Holanda, pela Alemanha, pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. Neste último país, são várias as fontes concordantes que assinalam que o Papa tem fortes acções no Bank of America, no Chase Manhattan City Bank, no Morgan, no Bankers Trust. Acções estas que se expandem pela General Motors, Gul Oil, Bethellem, Boeing, Lockeed e Douglas.
Mas o papel do Vaticano no sistema bancário italiano é avassalador. Pelo menos os três mais importante bancos do país são pertença da Santa Sé: Banca Comerciale Italiana, Credito Italiano e Banco di Roma. Pode referir-se também o Banco di Santo Spirito. E se pretermos ser exautivos, curculemos pelos principais regionais, de Norte ao Sul passando pelo Centro.
A finalizar, um pormenor: O representante do Santander em Itália, Ettore Gotti Tedeschi, foi nomeado presidente executivo do IOR, em Setembro do ano passado.

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