sábado, 12 de junho de 2010

O EURO NO CONFRONTO PRINCIPAL UE/EUA




O ataque ao euro mostra que o confronto UE/EUA vai dominar o futuro próximo mundial







O ataque desenfreado ao euro, fruto da actual crise financeira e comercial mundial, veio colocar, novamente, na ordem do dia a importância da constituição da União Europeia.

Colocando numa outra preocupação, que irei tratar noutro artigo, o facto de os responsáveis da União Europeia, em particular dos integrantes da zona euro, terem agido irresponsavelmente, e tal facto não está isolado das relações privilegiadas que esses responsáveis mantêm com o mundo da agiotagem internacional, centrada nos Estados Unidos da América, o objectivo deste pequeno artigo está ligado, por um lado, à importância de não abandonar a tendência de unidade europeia, e por outro, que se conjuga com o anterior, com o processo de consciencialização crescente dos assalariados no sentido de uma mudança, e, até de uma ruptura política, no maior espaço de evolução produtiva no contexto internacional.
Que não existe em nenhuma outra parte do Mundo.

Temos de estar conscientes que o ataque concentrado dos centros especulativos financeiros internacionais, que se organizam, em grande medida, nos Estados Unidos, em torno de Wall Street, sob a batuta do maior lobby da agiotagem, que é o eixo judaico/confissões cristãs, que dominam, em grande medida, o poder económico, político e legislativo daquele país, visou, no imediato e em primeiro lugar, enfraquecer a consolidação da moeda única europeia (o euro), e, em segundo lugar, a própria estruturação da unidade política de Europa.

E o ataque ao euro não se está a fazer, apenas, porque ele estava a ser grandemente valorizado nas transacções cambiais mundiais, mas acima de tudo, na actual fase de actual feroz concorrência internacional, de rearranjos geo-estratégicos e de procura crescente de matérias-primas, pelo papel crescente que a moeda europeia começa a ter em todo o ciclo de referência de circulação de mercadorias e de trocas comerciais que se estão a intensificar em todo o globo.

Historicamente, o desenvolvimento político europeu – desde o declínio do mundo feudal – tem sido percorrido, ao longo de quase quatro séculos para um incremento no sentido da sua unidade.
No final da Idade Média, com a ascensão do Renascimento, surgiram as ideiais que levaram a criação das Nações, trucidando o particularismo do pequeno condado, dominado pelo titular feudal. É, precisamente, neste período que se iniciam as grandes alianças (a maior parte das vezes baseadas em financiamentos multinacionais) que vão levaram as Nações, primeiro, Portugal, depois Espanha, Holanda e Inglaterra, na sua busca de matérias-primas, em territórios extra-europeus, lançando as bases do comércio mundial.

Aparecem, assim, esboços de desejos das burguesias europeias de formarem grandes “espaços económicos”, sustentados em concentrações dinásticas, como Portugal e Espanha, depois a formulação do Sacro Império Alemão, mais tarde, já no século XVIII, com Napoleão, a tentativa de reconstituição imperial europeia sob os auspícios das ideias da Revolução francesa, que, na prática, como reacção à arrogância imperial napoleónica, levou às grandes revoluções liberais e trouxe o estigma do republicanismo em, praticamente, todo o continente europeu.

Os efeitos negativos de imposições brutais de “conquistas de territórios”, destroçando povos, que estiveram na base das I Grande Guerra e, de maneira mais evidente, II Grande Guerra lançaram, na Europa, até porque estava na ordem do dia, no final daquela, o rearranque económico depois da destruição maciça das unidades e das próprias forças produtivas.
No lado ocidental europeu, germinou a ideia da unidade económica capitalista liberal, sob a batuta da potência ascendente e poderosa industrialmente que eram os EUA, por um lado, para contrapor a um poder crescente de capitalismo de Estado, sob a lideração da ex-URSS, que era ganhadora directa e entusiasmante dessa segunda guerra, por outro, para interligar uma perspectica de um novo tipo de capitalismo, já alicerçado em ideais nascentes do chamado ressurgimento de uma nova ideia de capitalismo fomentar o incremento da destruida indústria dos principais Estados europeus continentais, e, nesse sentido, fazer avançar com mais celeridade a circulação de mercadorias.

Essa burguesia mais esclarecida europeia de então chegara à conclusão que era por esta via que se poderia fomentar o seu poder sócio-político, não só face, ao poder de Leste, mas, a prazo, igualmente, no relacionamento mais autonomizado com os Estados Unidos.

Ora, essa primeira Comunidade do Carvão e do Aço, em termos económicos, trouxe uma revolução de envergadura na História mais recente dos povos, não só porque, por razões várias, despoletou condições históricas de um desenvolvimento acelerado económico, mas igualmente, porque forçou a uma evolução em ascenso das forças produtivas sociais.

E, se se deu uma força acrescida à burguesia europeia no cenário mundial, fez também, mais do que em outra parte do globo crescer e enquadrar a organização mais consciente dos assalariados, como um bloco, forçando no espaço de cerca de 30 anos, a criação dos mais avançados direitos sociais daqueles.
E, levando igualmente, à consciencialização crescente dos seus sectores mais avançados, claro que ainda sem uma noção enraizada de uma alternativa política, de que estão a adquirir um espaço crescente, em unidade, dentro dessa nova sociedade, desde sindical a política e mesmo partidária.

Tendo todos estes dados em atenção, a questão europeia, na minha opinião, não se pode ser discutida apenas em torno de um mero negativismo do ponto de vista institucional.

Na realidade, há erros grosseiros no domínio das liberdades, da institucionalização da democracia, na sua organização económica.

Certo, tudo é verdade, como são graves as políticas de apoio directo à especulação financeira e à agiotagem económica e social, mas a clarividência política dos sectores mais conscientes, deve concentrar-se no que é essencial para o futuro.

A União Europeia agigantou-se nos últimos 20 anos, mas particularmente nos últimos 10.
Adquiriu uma importância enorme na Europa, mas essencialmente no Mundo, o incremento do seu mercado (interno) e a constituição da sua moeda (o euro).

A sua estrutura produtiva concentrou-se. Uma certa harmonia no desenvolvimento económico, sem a necessidade de utilizar a violência, está a servir de modelo para tudo o que esta em crescimento ao redor e na dependência dos EUA. E não só.

A União Europeia começou a ter um papel acrescido em todo o enquadramento do comércio internacional.

Na presente crise internacional, os seus representantes políticos portaram-se mal. Hesitaram.
Mas, isso também sucedeu não só porque se assistiu um ataque sem precedentes do seu principal concorrente, os EUA, mas, porque, os dóceis dirigentes da UE estão com receio que uma onde crescente de reivindicações e luta dos assalariados e outros sectores sociais prejudicados pela crise irrompam na cena europeia e os coloquem entre a espada e a parede.
E daí a sua cobardia, que é calculada, em enfrentarem a centro da especulação financeira do outro lado.

Se em termos concorrenciais, há uma luta de vida ou de morte; em termos, de despertar de uma nova consciência dos explorados leva-os a contemporizar com os mesmos, porque podem, a médio prazo, de necessitar deles.

Além do mais, a UE, como organização política está incompleta, o que lhe limita a capacidade de impor a sua própria e única diplomacia.

Pode ser que aqui, face ao ataque aos direitos sociais e políticos dos assalariados, se abra uma brecha para, num futuro possivelmente não muito longínquo, novos passos sejam dados em condições mais vantajosas para quem começa a avançar para as ruas com o espectro de um fantasma.

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