segunda-feira, 28 de junho de 2010

MORTE DO LÍDER DA ALA LIBERAL: 40 ANOS DEPOIS AINDA SEM ESCLARECIMENTO
















Este pequeno texto tem apenas um motivo: recordar a morte na Guiné-Bissau, há 40 anos, precisamente, a 25 de Julho, num alegado acidente de helicóptero do então deputado da Assembleia Nacional do antigo regime José Pedro Pinto Leite.
Juntamente, com Pinto Leite, morreram mais três deputados do parlamento de partido único: James Pinto Bull, Leonardo Coimbra e José Vicente Abreu. Na queda da aeronave vieram ainda a morrer o seu piloto, um alferes miliciano de nome Francisco Manso e um capitão de cavalaria Carvalho Andrade, que era do protocolo do governador e comandante-chefe militar da ex- colónia general António de Spínola, bem como um mecânico de bordo, cujo nome não consegui identificar.
O acidente deu-se quando uma formação de três helis, que voava para Teixeira Pinto, hoje Canchungo, foi, aparentemente, apanhado por uma tempestade tropical sobre o rio Mansoa, tendo os restantes dois conseguido aterrar. O terceiro caiu no rio junto da ilha Lisboa, não havendo qualquer sobrevivente.
O assunto, hoje, é meramente histórico, mas nunca ficou esclarecido. Até porque nunca existiu uma investigação oficial ao sucedido, apesar de envolverem a morte de quatro parlamentares do regime.
A questão levanta-se -e daí a recordação - porque o deputado Pinto Leite, eleito em 1969, era o líder de uma ala reformista que estava a criticar a orientação política nacional, em particular a continuidade da guerra colonial.
O corpo do então deputado Pinto Leite, que juntamente com os outros seus pares, fazia uma visita áquela colónia para verificar a evolução da guerra, nunca mais foi encontrado, embora tivessem sido recuperados os destroços do helicóptero.

Nesta ala reformista, tiveram algum papel de destaque os então deputados Pinto Balsemão, Sá Carneiro, Miller Guerra e Magalhães Mota, ainda que alguns outros se pronunciassem, ocasionalmente, contra o rumo que o país estava a levar.
De certo modo e em certo sentido, o desaparecimento de Pinto Leite levou a um enfraquecimento dessa ala, que, perante o bloqueamento dos seus pares, maioritariamente, apoiantes declarados do regime pró-fascista do Estado Novo, optaram cerca de dois anos depois pela demissão. E nem o apoio tiveram de Marcelo Caetano, que convidara Pinto Leite para exercer o cargo de deputado.

Era o fim do sonho liberal de reformular o regime fascista por dentro.
Anos atrás, o irmão Vasco de José Pedro Pinto Leite publicou um livro com o título "A Ala Liberal de Marcelo Caetano", colocando muitas reticências à tese de acidente que o regime impôs para a queda do helicóptero. Todavia, não existem, até agora, factos concretos que expliquem cabalmente o sucedido, referindo algumas das testemunhas que seguiam nos helicópteros que a turbulência atmosférica poderia ter sido a razão principal para o despenhamento.

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