terça-feira, 29 de junho de 2010

GRANDE MÉDIO ORIENTE: QUEM INCENDIAR PODERÁ PAGAR CARO
















O caldeirão bélico do Médio-Oriente pode incendiar quase toda a Europa










Um porta-aviões norte-americano a propulsão nuclear, vários navios, tipo fragata e corveta da minha nacionalidade, bem como, pelo menos, um submarino de tipo recente israelita, estão a atravessar o Mar Vermelho, com o propósito declarado de patrulhar águas muito próximas da costa iraniana, aparentemente, numa manobra intimidatória para, unilateralmente, procurar vistoriar navios mercantes e outros que se dirijam para águas nacionais do Irão.

Aparentemente, estes navios passam no Mar Vermelho, com a autorização expressa do regime de Hosni Mubarak, e, certamente, com a conivência do regime teocrático feudal da Arábia Saudita. De outra maneira, já haveria uma denúncia oficial desta movimentação agressiva americano-israelita.

Pode suceder que a presença israelita nas costa iranianas seja apenas uma tentativa norte-americana de querer dizer que Washington está ao lado do regime de Telavive numa eventual agressão iraniana, mas, também, pode significar uma "provocação", mostrando que estão dispostos a atacar unilateralmente o território iraniano.

A razão: só uma - os EUA não querem um concorrente "inimigo" e independente, nos próximos anos, no cartel nuclear no Grande Médio-Oriente. Pois, na realidade, Israel já tem armas de destruição maciça, mas só existe porque tem a protecção de "asas" do poder imperial norte-americano e serve os "interesses nacionais" de Washington na região.

Só que esta ameaça se está a aproximar muito da guerra.

No Médio-Oriente já são muitos os que desrespeitam abertamente o poder de Washington e fazem por afrontá-lo. Desde o emergente Irão, ao aliado turco, que se afasta, ao cada vez mais distante antigo pró-ocidental sírio, e agora, com outra dinâmica, todo um cortejo de exércitos de guerrilha, fortemente armados, que vão do Líbano, onde o verdadeiro poder militar reside no Hiszbolá, ao Hamas, que não aceita a mão pesada de Israel e continua em frente, novamente rearmada. Mas também existe efervescência no Egipto, onde o seu ditador de plantão está velho e doente e a jovem oficialidade espreita uma oportunidade para se desfazer da velha casta que domina há 30 anos. (Fala-se até no antigo director da Associação de Energia Atómica para o substituir). Isto para não referenciar a volatilidade de Estados praticamente sem controlo do Iraque e do Afeganistão e de um Paquistão, que parece cotejado por Washington, mas com toda a oposição da estrutura clandestina do Exército e dos Serviços Secretos, que se pode rebelar-se a qualquer momento, no meio de uma grande crise.

Ou seja, uma acção militar unilateral norte-americana (convém referir que Israel, apesar de ter bombas atómicas, não conta como força militar, capaz de ocupar um território tão extenso como o Irão) poderá destruir parte do potencial atómico do Irão e até destruir uma fatia elevada da sua capacidade produtiva, mas a administração de Barack Obama não tem tropas disponíveis e moralizadas para realizar uma investida em larga escala na antiga Pérsia.

Não sabemos a força de resistência da Pérsia, talvez até seja exagerada, mas o que realmente temos a percepção é que podem retaliar, em larga escala, na região, ainda que momentaneamente.

Possivelmente, não terão mísseis suficientes para uma destruição em larga escala de Israel, mas, certamente, destruirão algumas cidades e actividades produtivas, o que permitirá depois uma maior capacidade de intervenção da guerrilha, quer da Palestina, quer do Líbano, quiçá da Síria e da própria Jordânia.

Ousarão os iranianos fazer isso? Não sei.

O que sei - e cito a CNN deste mês - é que um simples avião da Marinha Iraniana se aproximou na semana passada do porta-vviões USS Einsenhower, no Golfo de Omã, voando a menos de 100 metros de altitude, e isto foi confirmado por um oficial americano.

O incidente aconteceu quando o Irão realizava uma série de exercícios militares na região para exibir seu poder militar.

O USS Einsenhower estava em serviço no Golfo de Omão, a norte do MarArábico, aparentemente em apoio às tropas de ocupação do Afeganistão.

Quando o avião foi detectado pelos radares do navio de guerra norte-americano, já estava perto daquele, e, sem qualquer espécie de receio, sobrevoou o Golfo a cerca de 900 metros do porta-aviões.

Os norte-americanos comentaram que o encontro não foi ameaçador, mas incomum.

Diz a CNN que navios americanos têm encontrado, regularmente, nos últimos anos, aeronaves iranianas no Golfo Persico, mas não no Golfo de Omão.

Existe um desconhecimento da evolução real do poderio militar do Irão nos últimos 10 anos.

Um aspecto que os especialistas realçam é que o Irão está a ser auto-suficiente em toda a fileira castrense, desde o armamento ligeiro até à tecnologia militar de ponta.

Naturalmente, esta auto-suficiência ainda não atingiu a grande quantidade, nem, possivelmente, o grau de qualificação necessário.

Mas, o que os especialistas assinalam é que o país possui mísseis capazes de atingir bases dos EUA e Israel, além de 1,7 mil tanques e quase 500 mil soldados.

O Irão testou, a 20 de Abril, um míssil com alcance de 2 mil quilômetros.

De facto, o míssil , o Sejil 2, pode atingir bases dos EUA e de Israel no Golfo. Qual a quantidade e a eficácia de tiro? Não se sabe.

O país tem mais de 545 mil pessoas em serviço militar activo. O Exército possui cerca de 350 mil soldados. A Guarda Revolucionária Islâmica, os chamados guardiães do sistema, enquadra outros 125 mil homens.

Num desfile militar realizado em 2007, por ocasião das comemorações da guerra com o Iraque (1980-1988), o Irão mostrou o míssil Shahab-3, informando que o projétil era capaz de percorrer dois mil quilômetros. Outro míssil, que apareceu na parada, o Ghadr-1 também integra o arsenal do país, e tem capacidade de atingir alvos até 1,8 mil quilômetros.

A Marinha iraniana é constituida por cerca de 18 mil pessoas. Possuia, na década anterior, três submarinos russos da série Kilo, três fragatas e duas corvetas.

Em 2007, o Irão lançou à agua um novo submarino de fabrico nacional e uma nova fragata, também criada no país. Oficialmente, não se sabe se produziram outros modelos.

A Força Aérea enquadra cerca de 52 mil pessoas e 281 aviões de combate. Estes eram, essencialmente, de origem soviética ou russa.

Em 2007, o país anunciou o teste de dois novos aviões, que estariam sendo produzidos no país em escala industrial.

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