terça-feira, 11 de maio de 2010

SÓ HÁ UMA MANEIRA DE COMBATER A ESPECULAÇÃO - SACAR DINHEIRO À ALTA FINANÇA

Há dias, as chamadas empresas de rating, sedeadas na especulação de Wall Street, davam notas negativas à evolução económica de Portugal; as bolsas, como por mágica, afundavam-se drasticamente. Dias depois de a União Europeia injectar milhares de milhões de euros num "fundo público" de apoio ao Euro, essas mesmas bolsas actuavam em alta fora do comum.

Todo este alvoroço , todo este escarcéu em torno desta especulação só pode dizer transmitir uma ideia, e, logicamente, apontar as baterias para o local onde está o fogo: "A alta finança domina o poder" e é ela que incentiva a crise financeira - e por tabela económica, social e até política.

Pode dizer, sem qualquer margem de erro, que caminharemos para a impossibilidade de fazer entrar o poder de Estado - ou seja em primeiro lugar a sua administração pública - nos carris de impulsionar a produção nacional, no caso em apreço, para Portugal, mas, no geral dos restantes países europeus, sem conseguir uma fixação equilibrada do respectivo Orçamento estatal nos próximos anos, ou seja enquadrar uma balança equilibrada entre a receita e a despesa do Estado português.

E, para conseguir isto, sem provocar encargos desastrasos para quem paga os impostos, sem fugir a eles, sem provocar um empobrecimento constante dos assalariados, e mesmo das pequenas e médias burguesias (as classes médias no geral), sem levar a um aprofundamento conflitual societário, terá de ser uma nova governação que vá buscar os lucros enormes e fúteis à alta finança e aos grandes patrões, estilo Belmiro de Azevedo.

Ao longo deste últimos 30 anos, o regime saido do 25 de Novembro ficou, progressivamente, nas mãos do capital financeiro especulativo.

E foi ele que determinou, em grande medida, toda a acção governativa de Portugal.

Os banqueiros, os especuladores bolsistas, os patrões do lucro fácil, proprietários das redes de distribuição de alimentos e de fundos de pensões, proprietários da accções maioritárias das empresas de alta tecnologia, com pouco incorporação de produção nacional, foram eles que indicaram os seus representantes nos governos, impuseram a legislação que desejavam para brutalizar quem trabalha, controlaram os concursos de Estado ou públicos, encheram os ministérios com lacaios subservientes.

Foi com a orientação desse capital financeiro que se conduziu a um endividamento crescente das classes mais desfavorecidas, que se fomentaram obras de engenharia duvidosa e eficaz para o bem público, que se empolou desastrosamente a dívida pública. Ora, foi com a evolução crescente desse deficé estatal que se efectuaram as maiores especulações fradulentas, que levaram os bancos a arrecadar milhões e milhões de euros.

Em cada ano, houve sempre um Orçamento restritivo para os assalariados. A dívida pública subiu, no entanto. Novos empréstimos eram feitos, a alta finança engordava sempre mais. Depois, aí que estamos na bancarrota, ou quase. Medidas imediatas: mais encargos para os de baixo, mais penúria, mais apertar do cinto.

O que se faz sentir hoje, com mais acuidade, é um acumular de vigarices e enriquecimentos dos especuladores financeiros de há 30 anos.

Não haverá mudança desta situação, sem actual radicalmente, e com presteza, com a especulação financeira. Sem fechar os olhos, sem olhar para trás. Ou se faz pagar à alta finança, ou caminharemos para a miséria e a bancarrota.



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