quarta-feira, 26 de maio de 2010

JAMAICA/EUA: UM JOGO DE SOMBRAS POR CAUSA DE UM TRAFICANTE

Há meia dúzia de dias, a capital da Jamaica parece um campo de batalha. Já morreram mais de 41 pessoas. Autoridades enfrentam um exército privado. O contrário também é verdadeiro. Um exército privado - que até pode ter sido armado pelas autoridades de Kinsgton e Washington - enfrenta as autoridades.

Tudo porque as autoridades dos Estados Unidos da América pretendem levar à extradição de um chefe de um dos mais poderosos gangues de contrabando de droga e armas, cujo centro de negócios, embora sediado na Jamaica, se concentra, precisamente, no território norte-americano.

O narcotraficante jamaicano, de nome Christofer "Dudus" Coke é, ao mesmo tempo, um empresário de sucesso, em sectores como a construcção civil, que curiosamente, também faz negócios com empresas norte-americanas. Tudo curioso.

Os jornais locais reportam que Dudus Coke, 41 anos, é um dos mais influentes financeiros do partido no poder, O Jamaicam Labour Party, JLP, cujo primeiro-ministro Bruce Golding, nos dois últimos anos tem mantido um aproximação crescente aos chamados "nacionalistas" sul-americanos, que se afastam de Washington, como Lula da Silva. Os jornais e televisões do sistema norte-americano, como é o caso do Fox News, lançaram a campanha em torno do narcotraficante Dudus, que faz negócios(legais e ilegais) com os senhores de Washington há mais de 10 anos.

Mas, o que mais relevante se filtra das notícias em torno do caso deste traficante é que a droga que ELE VENDE NOS EUA PROVEM, ESSENCIALMENTE, DA COLÔMBIA.

E as notícias assinalam que o "contrabando" da dita droga é feito em grande, o que, para uma pessoa minimamente avisada, quer dizer que essa movimentação terá de ser realizada, pelo menos com a CUMPLICIDADE das autoridades que estão ligadas ao combate à traficância, que no caso em apreço, são as autoridades militares do país e a DEA (o departamento governamental norte-americano de combate à droga).

Por outro lado, um pequeno país, como a Jamaica, situado logo nas bordas do seu super-protector de Washington, não faz traficância de armas SEM A ANUÊNCIA dos seus chefes norte-americanos.

Ora, em análise política tem de ser INDAGAR, DUVIDAR SOBRE o que está a suceder: a Colômbia está em campanha eleitoral e a actual equipa dirigente do País pode ir ao ar, ou seja o actual Presidente Álvaro Uribe, que documentos de Washington davam como ligado aos para-militares e aos barões da droga, e o seu candidato António dos Santos, o ministro da Defesa, colocado no cargo pelos norte-americanos.

O partido no poder na Jamaica procura afasatar-se das tenazes da Administração norte-americana. Então qual é o papel de Dudus? Porque não um informador do tio Sam, que pode vir a dar com a língua nos dentes, se houver uma mudança na política colombiana? Não será melhor recolhê-lo à clausura dos EUA?

São tudo hipóteses. Algumas meras hipóteses, outras mais consistentes. Mas, digamos lá na lembra o caso Noriega no Panamá de há 20 anos?

Deixemos a interrogação política e vamos à realidade.

Nada melhor do que citar uma autoridade da ONU, a propsito do dinheiro da droga e do branqueamento de capitais.

Esta foi nótícia que foi divulgada no princípio deste ano pela insuspeita imprensa internacional.

Fundos provenientes do narcotráfico avaliados em milhões de dólares mantiveram o sistema financeiro a salvo do peso da crise mundial, assim informou o chefe máximo do combate ao crime e narcotráfico das Nações Unidas ao Observer .

António Maria Costa, chefe do gabinete responsavél por assuntos relacionados com drogas e criminalidade, constatou que os fundos provenientes do crime organizado foram a único injecção de capital líquido disponível para alguns bancos à beira da falência no final do passado ano.

Ele afirma que como consequência a MAIORIA DOS 325 MIL MILHÕES de dólares de lucro, provenientes do tráfico de drogas foram absorvidos pelo sistema económico .

Tal acontecimento levanta questões sobre a influência da actividade criminal no sistema económico em tempo de crise.

António Costa disse em Viena no seu escritório, que tomou conhecimento de que dinheiro proveniente de actividade ilícitas estava a ser absorvido pelo sistema económico surgiram à cerca de 18 meses. "Em várias ocasiões, o dinheiro proveniente do narcotráfico era o único investimento de capital líquido. Na segunda metade de 2008 a liquidez era o principal problema dos bancos tornando-se então a liquidez financeira um factor de extrema importância", assim constatou.

Algumas destas provas apresentadas ao seu gabinete indicavam que dinheiro proveniente de gangs foi usado para salvar bancos do colapso financeiro quando os seus empréstimos venciam .

"Os empréstimos entre bancos foram financiados por dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outra actividades ilegais ... há indícios que alguns bancos foram salvos dessa forma".

António Costa recusou-se a identificar países ou bancos que possam ter recebido dinheiro proveniente do tráfico de droga, afirmando que tal seria inapropriado uma vez que a função do seu gabinete é encaminhar o problema e não apontar culpas . Contudo acrescenta que o dinheiro faz agora parte do sistema oficial e foi efectivamente "lavado" .

"Tal ocorreu ( no ano passado ) quando os bancos estavam literalmente paralisados devido à recusa insistente de outros bancos em emprestarem dinheiro aos mesmos. A progressiva liquidificação de capitais no sistema e o progressivo aumento do valor das acções de alguns bancos no mercado cambista ( significa ) que o problema ( do dinheiro ilegal ) se tornou muito menos sério do que era", disse António Costa .

O F.M.I. estima que grandes bancos Europeus e Estado Unidenses perderam mais de 1 trilião de dólares em investimentos "tóxicos" (investimentos nos quais o investidor não consegue recuperar o montante investido) e empréstimos não pagos na totalidade de Janeiro de 2007 a Setembro de 2009, mais de 200 agências de financiamento ao crédito imobiliário decretaram falência .Muitas instituições foram ora adquiridas em condições de grande vulnerabilidade económica ou submetidas a controlo estatal.

A O.N.U. crê que os gangs tiram a maior parte dos seus lucros do tráfico de drogas e estima-se que tenham lucros no valor de 352 mil milhões de dólares. Estes grupos costumavam guardar as suas receitas em dinheiro vivo ou em contas "offshore" para o manter a salvo das autoridades.

Foi comprovado que dinheiro proveniente do narcotráfico se movimentou para bancos do Reino Unido, Suíça, Itália e Estados Unidos.

Os banqueiros britânicos gostariam de ver as provas com as quais Costa fundamenta as suas queixas.

O porta voz da associação de Banqueiros Britânicos fez as seguintes declarações:"não tomamos parte de qualquer acção reguladora que suporte esta teoria. Houve de facto uma falta de liquidez no sistema, mas em larga medida foi suprimida pelas intervenções dos bancos centrais".

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