sábado, 29 de maio de 2010

E AGORA CGTP?


Mais de 300 mil pessoas, segundo dados da CGTP-IN manifestaram-se em Lisboa contra a degradação das suas condições de vida e apontaram o dedo das responsabilidades aos actuais detentores do poder: governo, Presidente da República, partidos do "arco" governamental do regime e, em particular, os principais responsáveis económicos, a fracção que enquadra os banqueiros e os especuladores financeiros.
A manifestação ocorrida em Lisboa não é a uma resposta a uma crise imposta pelo poder de Lisboa, é uma fase de um processo da luta de classes que IRROMPE por toda a União Europeia, claro que em diferentes escalões e estádios de movimentação popular.
O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, o orador principal desta manifestação, centrou o tom do seu discurso na "realidade nacional", sublinhando que futuras lutas que possam vir a ser adoptadas, sob a orientação daquela central sindical estarão limitadas aos ditames que "a Constituição consagra".
Claro que as medidas gravosas que atingem os trabalhadores portugueses são, no imediato, provocadas pela parte portuguesa que está no noutro lado da barricada. Mas, um sindicalista consciente e experimentado e que se afirma defensor das classes assalariadas não se pode esquecer, nem restringir o âmbito de um batalha, que se vai ter por campo de actuação território multacional. Não se pode esquecer, nem fazer por obscurecer que foram os governos e as classes políticas e económicas dominantes da União Europeia que fomentaram e conduziram os roubos dos dinheiros públicos e os desperdícios das produções, produções estas que sairam do trabalho das classes assalariadas, pelo menos, nos últimos 25 anos.
E são os seus executivos caricatos e agiotas actuais que conduzem a política de saque dos diretitos e proventos dessas mesmas classes.
O repúdio e os protestos que estalam em territórios nacionais têm todos um centro de reacção que é a reprovação da agiotagem que foi orquestrada em Bruxelas pelos representantes políticos dos especuladores financeiros e bolsistas governados e supervisionados pelo Banco Central Europeu.
As burguesias dos diferentes Estados europeus, em particular daqueles que foram os mentores e promotores da chamada "política neo-liberal", ou seja o reino da aristocracia financeira institucionada, irão tentar instilar o ódio dos desprotegidos uns contra os outros.
As estruturas sindicais desses paises têm a obrigação de caminhar para uma resposta concertada, ao mesmo tempo que elevam o conteúdo reivindicativo das suas lutas nacionais.
Não se pode vir para a rua apenas com um objectivo de destapar a panela, mas de fazer ver aos desesperados que a reprovação em Portugal terá de ser idêntica à da Grécia, da França ou da Alemanha.
A conjura dos detentores do poder europeu é um instrumento de guerra contra os bolsos dos pobres. Ora, estes tem de ser consciencializados e organizados para mudar, política e economicamente, este estado de coisas.
Nesta batalha, irão existir barricadas, haverá, pois, necessidade de tempo para "preparar as bagagens e os instrumentos de defesa", muita paciência e compreensão, mas também indicações de que um desfecho para ter êxito terá de obrigar a enrigecer os músculos. E isto necessitará de ser empunhado e transmitido nas mensagens e programas que os assalariados irão receber. Caso contrário, o retrocesso será sempre mais doloroso e prolongado.
Numa frase de "desespero", mas real, nem Marcelo Caetano no seu período de estertor teve coragem de mexer nos bolsos dos trabalhadores como o governo actual, que pactuou com todos os casos de roubos e agiotagens que sucederam nas finanças públicas.

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